Capítulo 35

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   Jeni olhou para trás. Ethan ainda estava de pé, assustado, suas mãos suavam no braço da garota. Ela se virou para olha-lo, ele estava perfeito a não ser por uma mancha de sangue que havia em sua camisa na altura do abdômen. Jeni começou a tremer, elevou suas mãos à camisa do garoto, mas não encontrou ferida alguma. Aquele sangue não era dele. Ela suspirou de alivio e olhou nos olhos de Ethan que a olhou também.

Jeni desviou seu olhar para mais além deles. Viu o Sr. Smith caído no chão. Um líquido vermelho se espalhou pelo piso, saía de uma das pernas do professor. Da cozinha, saíram três policiais armados, uma mulher e dois homens. Ethan soltou os braços da garota e os envolveram nela, abraçando-a. Jeni deitou sua cabeça no peito dele que agora respirava calmamente. Finalmente todo aquele pesadelo havia acabado.

Após serem removidos da cabana, Jeni e Ethan se sentaram na parte de trás da ambulância. Os paramédicos haviam examinado os dois que apesar de tanto transtorno estavam bem, só cansados. Fizeram um curativo no braço do garoto, mas nada grave. A garota encostou sua cabeça no ombro de Ethan e fechou os olhos. Estava quase a dormir quando ouviu alguém chama-la. Era uma voz feminina, angelical, mas desesperadora que sonhava em ouvir novamente.

Assim que Lia desceu do carro ela correu. Correu como se não houvesse amanhã. Jeni abriu seus olhos e a viu. Sua mãe sempre foi tão linda, mas agora estava com o semblante abatido, sentiu culpa por tudo isso estar acontecendo, mas sabia, lá no fundo, que nada disso era.

Jeni correu ao encontro de Lia e a abraçou. Nunca mais queria solta-la, nunca mais queria ficar longe, nem que fosse por alguns minutos. Lágrimas escorreram pelo rosto da mãe beijando-a sem parar.

-Achei que nunca mais fosse te ver, amor – disse Lia aos prantos.

A garota não chorou, parecia que as lágrimas tinham secado, mas estava triste por ela, estava triste por todos que se preocuparam. Estava mais triste por causa da verdade. Aquele homem que dizia que a amava cometeu o maior dos erros, destruiu sua família por motivos doentios e isso ela nunca perdoaria.

Sr. Smith saiu algemado pela porta da frente, com os braços para trás acompanhado de dois policiais homens. Ele estava de cabeça baixa, sua perna enfaixada com um borro de sangue aparente na faixa branca. Ethan caminhou para onde Lia e Jeni estavam, mesmo o professor passando a quase três metros de distancia. As duas ainda se abraçavam e Ethan ao lado encarando-o com desprezo. Apesar de preso, Sr. Smith ainda o olhava com frieza como se estivesse analisando tudo e a todos até seus olhos pairarem em Jeni. Seu olhar mudou drasticamente quando a viu abraçada com a mãe.

Jeni se virou, ainda nos braços de Lia e aproximou as mãos de Ethan nas suas entrelaçando seus dedos. Aquela cena o machucou, era quase como morrer, mas no fundo não esperava outra reação dela a não ser essa. Ela desviou seu olhar para o chão gramado.

Será que esse seria o destino do Sr. Smith? Depois de tanto esforço não conseguir o que sempre desejou: ser aceito por sua amada. Mas com certeza esse não seria o fim, ainda tinha esperanças. Ele abaixou a cabeça imaginando como seria sua vida com Jeni. Uma mulher linda, filhos, moraria em qualquer lugar que fosse, estando com ela tudo seria perfeito, seria seu felizes para sempre como dizem. Então uma ultima prova de amor foi concedida. Falaria a ela o quanto a amou e quanto a amava, sempre amaria mesmo depois da morte.

Ele levantou o olhar e sorriu, se desvencilhou dos policiais e correu para ela. Tudo aconteceu muito rápido. Jeni mal se deu conta de sua rapidez. Ethan se alarmou segurando o braço da garota com força. Lia abraçou sua filha. E então ouviram tiros se sucederem. Três tiros acertaram o peito do homem que caiu no chão como uma boneca e mesmo caído tentava de arrastar em direção a eles.

Meu anjo - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora