dois

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- E então você surtou, já meio bêbada, e fugiu como uma criancinha?

Beatrice suspira, apertando o telefone contra o ouvido enquanto diminuía a corrida devagar, quase parando.

- Eu não estava bêbada e eu não fugi, tudo bem?

- Pelo que você me contou, sim, você fugiu. E talvez você estivesse bêbada o suficiente.

- Eu só... - ela coça a nuca, sem jeito - não acho que ela seja boa o suficiente para JC.

- Como você poderia saber? Conhece a garota há tipo, duas horas.

- Me ajuda aqui, Camila. Você só está piorando.

Ela escuta a risada de Camila do outro lado da linha, o que tira de Beatrice um rápido revirar de olhos como se a outra pudesse vê-la.

- Olha, eu sei que você ama e protege JC com tudo de si. Sempre foi assim. Mas entende que ele não é mais aquele garotinho de treze anos que precisava de ajuda na escola, sim? Ele é um homem crescido e apaixonado o suficiente para levar a namorada para conhecer a família. Ele precisa de você. Precisa da sua aprovação, Triz. Dê isso à ele, sim? - ela não responde. De vez em quando, Camila tinha o poder de fazê-la se sentir a pior pessoa do mundo por conta de suas próprias escolhas. E isso era uma merda - Vou encarar isso como uma resposta positiva. Agora preciso ir, tudo bem? A gente se fala.

E desliga a chamada, fitando o céu com os olhos meio cerrados.

Camila estava certa, ela sabia disso.

Estava bancando a irmã mais velha superprotetora, e JC não queria isso. Não agora. Ele precisava de uma irmã que lhe desse suporte, e somente isso.

Quando estava prestes a caminhar em direção a porta, ela vê uma cena que faz seus passos estancarem. Juniper correndo para fora da casa como se sua vida dependesse disso, a bolinha vermelha entre os dentes e o pelo dourado batendo contra o vento. Ia assobiar para chamar sua atenção, mas não o fez. Não depois de ver o furacão moreno também sair da casa com um sorriso de orelha à orelha, correndo para buscar a bolinha dos lábios do cachorro. Beatrice viu Ava correr atrás de Juniper por uns três minutos, até cair de costas no gramado, soltando uma risada envolvente quando Juniper resolveu lamber sua face como se fosse o bifinho mais apetitoso do mundo.

A Sinclair nega um par de vezes com a cabeça, estalando a língua contra o céu da boca. Precisava encontrar seu irmão.

***

JC tinha o punho erguido para a porta de seu quarto quando o encontrou, retirando os fones de ouvido.

- Ei.

- Ah! Oi. Achei que ainda estivesse dormindo - ela aponta para o corpo coberto pelo top preto e short da mesma cor.

- Preciso da minha corrida matinal.

- Certo.

Os dois caem em um silêncio desconfortável. Nenhum deles sabendo como começar, fitando os pés como se fossem importantes.

- Eu só...

- Não. Me deixe começar - Beatrice pede. Ele acena com a cabeça, guardando as mãos nos bolsos do jeans - Sinto muito por ontem. Não tinha o direito de ser rude com Ava, e nem de tê-la subjugado como fiz.

- Ava é uma ótima pessoa.

- Se você gosta dela, tenho certeza disso. Só queria que soubesse que estou feliz por você estar feliz.

Can i be him ?Onde histórias criam vida. Descubra agora