sete

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- Não sabia que havia parado de tomar chá. Isso é novo...

Ela arquea as sobrancelhas enquanto beberica o suco de laranja, colocando o isqueiro de lado por um instante.

- Pois é. Foi mais uma precisão do que uma escolha, na verdade. Vícios são perigosos. Odeio não ter o controle de mim mesma.

- Suas ervas não fazem falta?

- Ah, somente todos os dias - Mary ri, anasalada, brincando com o chaveiro em mãos - E então, como estão as coisas com Shannon?

Foi quase como um interruptor. Os olhos de Mary se acendem como chamas apaixonadas, e Beatrice se pegou contemplando aquilo silenciosamente.

- Estamos comprando uma casa.

- Oh, uau! Isso é grande, Mary.

- Sim. Ela me pediu em casamento no mês passado, e então pretendemos oficializar no começo do próximo mês - o queixo de Beatrice cai.

- Nossa, Mary, fico feliz por vocês! Essa é uma notícia incrível.

- Espero que saiba que está convidada.

O coração de Beatrice aquece.

- Nesse caso, estarei sentada na primeira fileira.

- Acho bom mesmo.

Os olhos delas caem para as crianças espalhadas pelo pátio. Bem, crianças e Ava. Ela ria alto do que algum deles falou - Beatrice tentou se convencer que não estava com ciúmes de uma criança -, arrumando a feição séria no instante que ele pareceu questionar algo sobre o violino em suas mãos.

Ela o ensinou umas duas notas com as próprias mãos pálidas de unhas curtas e então o deixou aprender sozinho, com os próprios dedos pequenos.

Beatrice sorria.

- Pensei que JC quem iria acompanhá-la nas visitas - Beatrice pigarrea.

- Ele precisou ajudar nosso pai com as compras para o jantar.

- Então você pegou a obrigação de olhar a garota por essa tarde, huh? - Mary arquea as sobrancelhas, Beatrice encolhe o nariz.

- Não é uma obrigação.

- Hum.

- Você está fazendo de novo.

- Não posso mais olhar para a minha melhor amiga e pensar pensamentos que, com toda certeza, jamais poderiam ser ditos em voz alta por causa de seu contexto atual? - Beatrice solta uma bufada irritada. Mary se encosta no banco com as pernas cruzadas - Beatrice.

- Estou prestando um favor. Ava quis vir, eu a acompanhei. Somente isso. Não faça um evento sobre.

- Como se ela não soubesse o caminho até aqui...

- Como se eu não quisesse que ela acabasse se perdendo, tudo bem? - dessa vez, Mary ri alto - Idiota! - Beatrice se encolhe quando Ava a olha por cima do ombro.

Ela parecia mais brilhante que o normal.

Naquela tarde, Ava havia escolhido um macacão preto até os tornozelos, blusa amarelo queimado, sapatos brancos com cadarços azuis e tinha os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo bagunçado.

Ava acenou para ela com a mão livre, animadamente, desviando o olhar apenas quando uma garotinha lhe puxou pela manga da blusa.

- Vamos sair. Hoje - Beatrice levanta o olhar.

- Como é?

- Vai ter uma festa na antiga casa dos Edwards.

- Como se fôssemos adolescentes mais uma vez - rebate, desgostosa arrumando a jaqueta no corpo - Não, obrigada.

Can i be him ?Onde histórias criam vida. Descubra agora