Capítulo Quarenta e Oito: Eu Adorei, Querida

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Os corredores pareciam mais curtos àquela manhã. O clima estava frio, nunca choveu tanto na cidade quanto naquele dia e Andy estava sentindo seus próprios ossos doerem. Não sabia dizer se era o nervosismo, a ansiedade, frio... de qualquer maneira, não tinha mais volta. Não era como se pudesse simplesmente fugir.

Muitas dúvidas ainda surgiam na mente de Andy e, mesmo após tomar uma xícara de chá de camomila bem cedo, parecia estar caminhando direto para uma espécie de abate. Ela queria ter feito diferente, mas do que adiantaria murmurar pelo óbvio?

Quem planta, colhe! Essa é a lei número um da vida.

As aulas passaram devagar enquanto Andrea tentava manter o foco. Preferia estar sem atenção por outros motivos, não por um problema que causou. Desejar não era muito uma escolha, ela só tinha que rezar para que Miranda não a odiasse, apenas isso.

Até que o primeiro turno de Miranda, exatamente doze horas, findou-se. Era o momento de Andy enfrentar seu pesadelo. Guardou os materiais dentro da bolsa e caminhou calmamente, ou tentou, até o grande mural e procurou pela sala que Miranda estaria.

Antes mesmo que pudesse encontrar o lugar, seu celular vibrou dentro do bolso do casaco grosso e quentinho.

Miranda: Eu estou esperando por você.

Andy sentia que havia jogado pedra na cruz em algum momento de sua vida passada. Se ela não tinha sido o próprio Lúcifer, então estava pagando pelos pecados de alguém que de nada prestou na existência humana.

Como era possível que estivesse entrando num poço sem fundo sem ao menos ter a chance de defender a si mesma?

Ela guardou o celular e voltou a procurar. O bloco D não ficava tão longe, menos de dez minutos, então ela decidiu caminhar o quanto antes para somente ter a chance de dar um fim naquilo tudo. Havia sido um erro e Andrea tinha certeza que após aquele diálogo ela iria deixar Miranda em paz e toda essa idéia ridícula, como ela costumava pensar, se tornaria somente um delírio do passado. Era somente jogar tudo para trás e seguiria a vida como tinha de ter feito há muito tempo.

Quando chegou no corredor, apenas com alguns passos de distância, ela parou. Não era abrigada a ir, certo? Ela poderia fugir e só! Poderia fingir que nada tinha acontecido, que nunca conheceu Miranda ou que cogitou um romance com ela. Era simples!

Só que querer não é poder e ela só tinha que fazer o que tinha prometido. Maturidade era o que queria alcançar agora.

Andy colocou a mão sobre a maçaneta e segurou com firmeza. Sua maior fraqueza estava do outro lado, esperando-a ansiosamente para finalmente conhecê-la. Era agora. Andrea virou o ferro com calma, empurrando a porta e entrou na sala em seguida com muito silêncio. Ela não queria levantar o rosto.

Miranda, que estava focada em mais uma planilha de materias, travou ao ouvir o barulho. Para ser sincera consigo mesma, Miranda não sabia quem Anne era, tampouco se ela estaria ali. Mas pelo jeito a jovem estava mesmo arrependida, ela se sentiu feliz por aquela atitude. Ela realmente queria ver o melhor de Anne, por mais que os últimos acontecimentos fossem tão cheios de dúvidas e medos.

E apesar de ter mostrado que a situação não lhe causava algum tipo de dano, Miranda estava tão nervosa quanto.

Ela suspirou ainda olhando os papéis e percebeu a presença parada um tanto distante, ainda perto da porta. Ela respirou fundo, apoiou-se e levantou. Andy viu aquilo de canto de olho tão lentamente. Parecia que Miranda estava muito maior que ela.

Priestly se virou com cuidado e congelou ao observar a jovem moça diante de sua presença. Seu coração bateu rápido dentro da caixa, seus sentidos ficaram aflorados e ela viu... Andrea Sachs, sua ótima aluna, revelando a faceta que passou tanto tempo tentando esconder.

Aquela Mensagem • MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora