Eu como um bolo da memória

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Chegando lá, logo fui parabenizada pelos meus colegas de classe. Foi tudo uma maravilha. Teve a apresentação, a exposição das minhas artes, e graças a mim, nossa sala ficou o dia inteiro de aula livre. Foi a primeira vez em anos que fui realmente respeitada naquela escola.

Então o Thomas, um menino com quem tinha feito amizade ano passado, me chamou para andar por aí.

Ele me levou até o ginásio da escola, e nos sentamos para conversar.

Ele me olhou de cima a baixo, com aqueles olhos verde-mar. Seu cabelo loiro caía sobre seu rosto, despenteado. Ele usava o uniforme assim como todo o mundo, mas com uma diferença. Ele sempre usava um colar de couro com um único pingente branco e liso no meio.

[eu jurava que era algo à ver com sua religião, mas quando eu perguntava para ele o que era, ele apenas trocava de assunto, e fingia que não tinha escutado.]

Ele parecia meio ansioso, como se estivesse esperando alguém. Ele não parava de olhar para a porta, balançando seus pés nervosamente.

Então finalmente, entrou um homem grande e robusto, como se fosse um gigante. Ele tinha os cabelos negros em um corte militar, os olhos escuros, e o mesmo colar que Thomas tinha. [Me lasquei. É uma seita]. Devia ter uns vinte e nove anos.

- Essa é Aurora? - perguntou o estranho. Ele estava com uma cara de reprovação, como se não acreditasse que aquela fosse eu. - Ela está... Diferente.

- Sim. Chegou a hora. - disse Thomas.

- Como assim "chegou a hora"? - perguntei.

Eles trocaram olhares nervosos.

- Apenas nos siga. - disse Thomas.

E assim eu fiz. Estava meio nervosa, mas minha curiosidade me venceu. Queria saber onde estavam me levando, e o que queriam. Por algum motivo, eu senti que devia ir. Eles me levaram para fora da escola, umas quadras atrás. Você deve estar se perguntando: Como vocês saíram de uma escola sem autorização? Não consigo pensar eu uma resposta tão simples para isso, mas, eu havia acabado de terminar uma apresentação (literalmente, não só artes com tinta, mas coisas que envolviam flauta, poemas, e uma palestra entediante sobre arte. Sim, eu só fiz todos os outros etceteras por causa da escola, mas a parte do prêmio eu já ganharia de qualquer forma). Eles estavam entrando e saindo, num vai e vem frenético, então seria fácil me misturar.

- Chegamos. - disse o gigante.

- Que lugar é esse? - perguntei, claramente espantada com tamanha beleza.

Era um bosque belíssimo, com várias flores e árvores frutíferas. Tinham coelhos passeando felizes, pássaros cantavam, e um casal de alces. Tinha uma casa enorme no meio de tudo. Ela tinha dois andares. Tinha uma cor azulada, bem clara, quase branca. Seu telhado era branco, aumentando a sensação de que aquela casa era branca.

Era tudo belíssimo. Parecia até que eu estava andando pelo Jardim do Éden.

- Vamos seguir em frente. - ordenou o homem.

- Sim, mas que lugar é esse?

- Aqui é a sua casa. - disse Thomas.

- Minha casa? - perguntei. - Não me lembro de ter uma casa tão linda assim.

- Tem uma parte de sua vida, em que você não se lembra... - disse o homem estranho. Ele estava meio apreensivo quanto a mim, como se eu fosse uma bomba que poderia explodir a qualquer momento.

- Sim, mas como eu me esqueci de tudo isso? - disse eu.

- Nada que um belo chá do esquecimento não faça. - resmungou Thomas. Ele não me olhava nos olhos. - Agora está na hora de você se lembrar de tudo...

Mestres dos Poderes e a Vingança dos Antigos Onde histórias criam vida. Descubra agora