Quinta - feira
A chuva cai forte lá fora, grossos pingos batem no telhado e o barulho de certa forma me acalma, assim como o cheiro da terra molhada. Esse tempo sempre me trouxe uma sensação reconfortante, uma paz, simplesmente amo esse barulho. Estamos em época de chuva, eu amo, mas ao menos tempo odeio, odeio ter que me levantar da cama.
Meu pai sempre acorda às 5 da manhã para ir ao trabalho, e como se fosse um costume, eu acordo esse horário também somente para tomar um pouco do café que ele faz ao levantar. Virou uma rotina gostosa de se seguir, mas hoje realmente não tô afim de segui-lá, meus cobertores estão tão quentinhos que a vontade de sair daqui é zero, mas, tirando coragem de não sei de onde, coloco as cobertas de lado e me levando da cama calçando em seguida meus chinelos e seguindo para o banheiro, onde escovo meus dentes e arrumo meus cabelos colocando uma bandana azul para prender os cachos para trás.
Minha casa não é grande, tem dois quartos, uma sala, o banheiro e a cozinha. É uma casa simples, mas linda, arrumada e confortável.
Sigo em direção a cozinha e pego uma xícara no armário, enchendo-a em seguida com um pouco do café recém coado, pego também um pão de sal de dentro da sacola e passo manteiga, e me sento na cadeira ao lado da mesa para comer aproveitando para olhar o cair da chuva pela porta que está aberta.
Ouço o barulho do trinco do quarto dos meus pais ser aberto, desvio os meus olhos da chuva e vejo o meu pai saindo pela porta.
— Bom dia Vincenzo. – brinco com ele chamando-o pelo nome.
— Bom dia Senna. – me responde sorrindo. É assim que ele me chama na maioria das vezes, pelo sobrenome, sempre foi assim, tanto que acho estranho quando ele me chama de Maria, não gosto, prefiro o sobrenome, acho carinhoso.
— Você tem aquela capa de chuva ainda?. – ele me pergunta enquanto se senta na cadeira calçando o seu tênis e amarrando uma sacolinha envolta de cada um.
Onde moramos, quando chove a rua fica cheia de lama, sair de chinelo ou sandália? Nem pensar! É tênis e sacolinha no pé se não quiser sujá-lo. Ainda mais meu pai que vai trabalhar de bicicleta, é indispensável.
— Oh pai, acho que sim, espera aí que eu já procuro pro senhor. – respondo já me levantando.
Termino de colocar o último pedaço de pão na boca e tomar o último gole do café, coloco o copo na pia e sigo em direção ao meu quarto novamente, abro a cômoda em que ficam às minhas roupas e procuro na parte de baixo a capa de chuva. É daquelas capas de motoqueiro, toda preta, comprei quando trabalhava em uma loja de utilidades, foi bastante inútil para mim na época, pois assim que comprei pararam às chuvas.
Procuro mais um pouco e acabo achando-a mais ao fundo da gaveta, estava dentro da capa protetora ainda, pego e volto para a cozinha.
— Aqui pai. – entrego a ele. — Pode ficar para o senhor, não uso mesmo, acho que vai servir, o tamanho é G.
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Amor sem Limites
RomanceMaria, uma mulher simples que mora em uma pequena cidade no interior de Minas Gerais. Sua vida gira em torno do cuidado dedicado ao filho e do trabalho, enquanto seu relacionamento vai se desgastando cada vez mais. Ao longo de sonhos intensos e mis...