Visões

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*Cinthia*

Meu dia estava sendo normal, fui para o consultório, fiz a limpeza de pele da Jéssica e continuei tratamentos nos meus outros pacientes. O dia tinha sido puxado, eu só queria ir para casa e tomar um banho relaxante. Vi uma notificação da Maria no meu celular.

- Oi maninha, tu já tá pronta pra vir pra casa de praia? A gente decorou teu quarto com umas luzinhas que a Lavínia trouxe da casa dela - falou a Maria por um áudio. Respondi com vários emojis fofos e um textinho breve dizendo que estava tudo pronto.

Viajar é cansativo, principalmente quando você está cansada demais para ficar de pé. Depois que terminei minha rotina da noite fui me deitar para dormir, sonhei que estava escrevendo um documento sem parar, minha antiga professora de biologia tinha me obrigado escrever 1000 páginas de um TCC interminável sobre o uso de plantas marítimas para fabricação de remédios e combates de doenças transmissíveis. Minha noite foi atrapalhada por uma sensação estranha que senti no meu corpo, parecia que um cara estava me tocando por trás, suas mãos estavam apertando minhas costas de um jeito muito agressivo, me acordei assustada e caí da cama.

Deixei meu copo d'água cair no chão e eu cortei minha mão sem perceber. Escutei um barulho horrível vindo do outro lado do quarto. Não estava conseguindo ver o que era, mas definitivamente estava me assustando, quando liguei a luz não tinha ninguém ali. Peguei meu celular e liguei para Maria.

- Oi? O que aconteceu? - perguntou ela

- Alguém invadiu a minha casa - falei assustada

- Como assim? - perguntou ela espantada - Sai daí Cinthia

- Eu tô saindo calma, preciso pegar o meu porquinho da Índia ele está dormindo na caminha dele lá na sala - falei

- Cinthia sai logo daí! - ela estava claramente desesperada

- Maria eu tenho minhas prioridades, tá! A jujuba não vai ficar sozinha aqui em casa - falei pegando meu porquinho da Índia na mão com cuidado para não a acordar.

Imediatamente vi uma pessoa me observando de longe na cozinha, estava usando um terno vermelho escuro e estava usando uma bengala.

- Cuidado Cinthia, algumas decisões podem ser irreparáveis - falou ele

- Quem é você? O que você tá fazendo na minha casa? - perguntei brava

- Eu estou tentando te ajudar, pare de ser ingrata - falou ele se aproximando, quando se aproximou da luz vi que seu rosto não tinha cara.

- Não adianta fugir, ele está chegando - falou aquele ser estranho

- Isso não é real, isso não é real - falei fechando os olhos. Quando os abro deu grito desesperador por sentir ele correndo em minha direção com uma faca afiada, seu rosto estava deformando, estava surgindo uma boca muito grande com dentes afiados e seus olhos estavam amarelados, deixei a jujuba e meu celular cair no chão.

- Cinthia? Cinthia? Tá tudo bem? Fala comigo Cinthia - ouvi a Maria gritar no telefone, foi muito rápido, a jujuba acordou desnorteada.

- Oi Maninha, eu tô bem - falei rapidamente

- Quem estava aí? - peruguntou ela

- N-Não era ninguém, eu só deixei a janela da cozinha aberta e o vento derrubou meu pote de arroz - menti para ela, ninguém acreditaria em mim se eu contasse isso.

- Você tá bem mesmo? - perguntou ela desconfiada

- Eu estou bem Ma, vou tentar dormir de novo, daqui a pouco eu chego aí em Aracruz - falei

- Tá bem, amanhã a gente se fala - disse ela antes de desligar o telefone. Peguei meu kit de primeiros socorros para limpar a minha mão cortada. Enquanto estava limpando o corte, fiquei analisando o quão estranho foi ver aquilo bem na minha frente. Lembro da sua feição maquiavélica vindo em minha direção como se eu fosse um petisco.

Aquela sensação na cama de sentir meus ombros serem arranhados, por mãos extremamente frias que me fazia arrepiar só de pensar. "Ele está chegando" é a única coisa que me lembro de ouvir ele dizer. Quem é esse "ele"? Por que aquilo estava tentando me alertar de algo que ia acontecer?

De repente vi minha noite de sono se transformar em uma lista extensa de perguntas sem respostas, quando olhei o relógio já eram 5 da manhã e eu precisava me organizar para viajar. Sinto que deveria prestar mais atenção nas coisas ao meu redor, tenho certeza de que essa coisa irá voltar, mas não agora, porque estou indo visitar minhas amigas e nada pode estragar minhas férias.

CIA, CIA, CIA - O reencontro Onde histórias criam vida. Descubra agora