• Capítulo 4 - Escolha errada •

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POV: DRACO MALFOY.

A semana foi passando e a cumplicidade entre mim e Astoria foi aumentando. Se um dia eu pensei que não iria gostar de sua companhia, eu estava enganado. Astoria simplesmente era boa para e em tudo. Ela conseguia me tirar sorrisos, e quem me conhece sabe que eu não sou bom nisso, em sorrir. Mas desde o dia em que ela me elogiou e me pediu, sorrindo, para que eu o fizesse mais, eu comecei. E eu fazia com gosto. Simplesmente sorria. Para que ela visse que eu conseguia. Para que ela soubesse que eu mereço a confiança que está colocando em mim. Por quê é isso que eu vejo em seus olhos quando me olha, confiança. E eu nunca tinha visto isso em olhar nenhum. As pessoas nunca confiaram em mim. Não importa o que eu faça, eu sempre seria o Comensal da Morte que teve todos os caminhos para seguir, todas as escolhas para optar, mas sempre fez e foi o errado.

Mas para ela não. Para Astoria o errado seria o certo, para ela, sempre depende o ponto de vista. E para ela, eu não sou tão errado assim.

Ela consegue enxergar o que as outras pessoas não. Ela viu em mim o que as pessoas se negam á tentar desvendar. Ela me vê de verdade além das máscaras. E eu gosto disso. Gosto de poder ser eu mesmo. Gosto de poder sorrir sem medo de nada. Gosto de estar com ela.

- Amanhã você será oficialmente o meu noivo.- Ela disse, quando sentamos. Estávamos naquela mesma mesa de bar da semana passada. Vinhamos aqui todos os dias á tarde, apenas para sermos nós mesmos.

- Eu devo ter medo disso?- Perguntei. Ela sorriu e revirou os olhos.

- Eu tenho certeza que todo mundo já sabe.- Ela disse.

No dia do baile de suas boas-vindas, onde ela devia escolher seu noivo e apresentá-lo amanhã, eu e ela ficamos grudados quase a noite toda. É claro que ela dançou com outros garotos esperançosos que acreditavam que ela podia se apaixonar por eles em uma noite(apesar de não ser isso que queriam, eles só querem um casamento, rápido, rico e bonito), mas era sempre comigo que ela acabava. Sempre.

- Bom, ninguém comentou nada. Pelo menos, meu pai não ouviu nada no Ministério.- Eu disse, dando de ombros. Ela concordou com a cabeça.- As pessoas não acreditam que uma menina tão bem apessoada como você vá escolher logo um cara como eu.- Eu disse, sorrindo tristemente. Ela bufou.

- Lhe digo para sorrir. Quando digo isso, espero que seja verdadeiro. Por alegria e não por sarcasmo, ironia e tristeza. Esses sorrisos vazios, guarde para os outros babacas que você encontra na rua. Será que não pode ser único comigo?- Perguntou, irritada. Eu a olhei, apenas avaliei sua expressão.

- Você acha que eu não estou tentando? O tempo todo eu tento ser verdadeiro, Astoria Greengrass. Mas não é muito fácil.- Eu disse, fazendo uma careta. Odiava quando discutíamos. E era sempre pelo mesmo motivo: Minha incapacidade de ser alguém que preste. Ela suspirou e ergueu a mão para tocar a minha sobre a mesa. Sorriu de leve.

- Não é uma crítica. É só um pedido. Desculpe por ter falado rudemente. Eu só estou um pouco estressada.- Ela disse, passando a mão vazia nos cabelos.- A barra está pesada lá em casa. A barriga de Dafne já está notável demais. Não dá pra a gente dizer simplesmente que ela anda comendo muito por causa do nervosismo com o casamento.- Disse Astoria. Verdade. Dafne já exibia uma barriga de 5 meses. E ainda faltam 2 semanas para seu casamento com Caleb.

- Bom, acho que todo mundo já sabe que ela está grávida.- Eu disse, dando de ombros. Ela concordou com a cabeça.- Além disso, não é da conta de ninguém. Se vocês derem menos bola pra isso... Quero dizer, quanto mais você se importa, mais você tem a perder.- Astoria gargalhou.

- Quando ficou tão sábio?- Perguntou, rindo. Eu ri, balançando a cabeça.

- Eu sempre fui sábio, ok?- Eu disse, rindo. Depois suspirei.- Só usava minha sabedoria para as coisas erradas.- Ela suspirou.

- A gente precisa fazer isso mesmo.- Olhei para ela, achando que ela era maluca. Mas ela gargalhou.- Como a gente vai saber o que é o certo se não errar? É errando que se aprende. Aposto que você aprendeu grandes coisas com os seus erros.

- Ah, eu aprendi! Aprendi que não se deve ser um comensal da morte... Isso pode te fazer ser obrigado á casar com uma garota maluca que por sinal... Está certa em tudo.- Eu disse, rindo. Ela revirou os olhos.

- Estou me tornando egocêntrica e a culpa é toda sua.- Ela disse. Nós gargalhamos.

E fazemos isso o tempo todo. Gargalhamos. Por nada, por tudo, por mim, por ela, por nós, pela graça, pela tristeza... Pela vida. Que se mostrou terrível para ambos em algum momento da mesma, mas hoje se mostra pura, serena... Viva.

(...)

- Ah, você está realmente incrível, Draco Malfoy!- Disse Astoria, quando me viu passar pela porta de entrada de sua mansão.

A mansão estava lotada. Mas nada era mais cheio, mais preenchido que o sorriso de Astoria. Estava imensamente feliz e isso era obvio em seus negros olhos brilhantes.

- Bom, eu precisava valer á pena o momento!- Eu disse, abraçando-a. Ela revirou os olhos e se encaminhou aos meus pais.

- Estava quase achando que não viriam. Mas a impossibilidade disso era 100%.- Ela disse, sorrindo e abraçando mamãe.- Estou feliz que estejam aqui.- Ela apertou a mão do meu pai, que sorriu. E parecia ser sincero.

É como as pessoas falam por aí: Sorrisos contagiam. Alegria contagia. Não tem como não ser altamente contagiado pela alegria e sorriso de Astoria. Ela simplesmente muda as pessoas. E meu Merlin, como faz bem ser mudado por ela.

- A mesa de vocês já está pronta.- Ela disse, voltando para o meu lado.- E nós só estávamos esperando você, Draco. Para que eu dance com você.

- E anuncie o noivado.- Disse papai. Eu sentia que ele só queria que as pessoas soubessem logo do que está acontecendo. Ter seu nome nos Jornais como o sogro de uma das meninas mais disputadas... Algo realmente bom e apreciativo.

- É claro. Ainda estamos resolvendo quando vamos fazê-lo, mas dessa noite não passa.- Disse Astoria, puxando o meu braço levemente.- Mas eu devo dançar com todos os rapazes bem apessoados da festa. Como se eu já não tivesse feito a minha escolha.- Ela disse, sorrindo para mim.

Escolhas. Nós sempre estaríamos ligados por uma escolha. Eu escolhi ser um comensal da morte. Ela escolheu deixar que sua família a comandasse para alegria geral do universo. Eu escolhi deixar que meus pais decidissem o que seria melhor para o futuro. Ela escolheu o nosso futuro. Nossas vidas estariam sempre ligadas á uma escolha. Tudo está sempre ligado á uma escolha. Uma escolha errada e bum, acabou tudo. Mas Astoria é esperta. Ela nunca faria a escolha errada novamente.

(...)

Uma escolha - DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora