〖 Ouvindo o alto mar

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— Caderno de anotações, ok... Casacos, ok... Equipamentos, tudo certo. — daqui há meia hora Ocean Care estaria fechada por completo, depois de um dia cheio de atividades com liberação de alguns pacientes que precisavam de alta do Dr. Anthony. Eu aproveitava esse resto do meu tempo para conferir se tinha trazido tudo o que precisaria para uma noite fora de casa e em alto mar.

O silêncio do laboratório estava colaborando bastante para a minha concentração, e não que a presença de Charlie fosse barulhenta. Para ser honesto, acho que nos dávamos bem justamente por conseguimos ser parceiros até de silêncio. Tive uma grande sorte de ter uma colega de trabalho assim, pois certos momentos, minha bateria social zerava e minhas anotações é tudo o que preciso.

De qualquer forma, agora eu tinha a plena certeza que trouxe tudo o que precisarei para essa noite. Em especial o meu equipamento, eu quero saber o quão próximo da praia as baleias estão. É uma informação importante, certamente.

— Espero que Crush fique bem sem mim essa noite. — falei sozinho, o que não era nada incomum. — Talvez eu esteja sendo emocional demais, ele parecia perfeitamente bem sem mim quando cheguei em casa ontem. Ele deve me ver só como um fornecedor de frutas, ração e coisas do tipo.

— E ainda dizem que nosso trabalho não deixa a gente maluco... — apesar de eu ter me assustado com a voz brincalhona de Elena, consegui disfarçar. Eu estava mesmo era surpreso de vê-la por ali, sendo que as responsabilidades de gerente em geral tomam muito de seu tempo. — Quem lhe vê dessa forma, biólogo Jimin? Fiquei curiosa agora. — se aproximou suficientemente.

— Crush, minha nova tartaruga e colega de apartamento.

— Não creio que Charlie realmente te fez adotar um dos filhotes... — a mais velha riu, desacreditada.

— Sabe, eu precisava de amigos. — confessei, sorrindo fraco para a mulher. — Foi conveniente.

— É, tartarugas são melhores para fazer amizades que humanos de fato. E não estou sendo irônica. — negou algumas vezes, e eu acabei apenas assentindo com gosto. — Enfim, vim aqui antes de encerrarmos porque fiquei sabendo que você iria dormir em alto mar essa noite. Está realmente disposto a isso?

— Super, Lena. Tranquilamente, estou extremamente acostumado e você não tem o que se preocupar. — levantei-me, demonstrando confiança sobre esse tipo de situação.

— Até que não estou preocupada porque fiquei sabendo que terá companhia, então isso é bom. Só vim aqui agradecer pela sua imensa dedicação a esse lugar em pouco tempo, Jimin. Sei que na nossa profissão sempre fazemos muito além da nossa parte, mas você se supera. — falou, impressionada. — Sequer é sua responsabilidade ir atrás de provas, independente de qualquer coisa. Você teoricamente já avisou suas desconfianças, ninguém poderia te culpar caso a bomba explodisse futuramente.

— Você acredita mesmo em mim quando digo que tenho certeza que está acontecendo a caça de baleias em Auckland? — perguntei, olhando no fundo de seus olhos. — Sei que essa situação nunca foi de acontecer na cidade, mas sei que está, Lena.

— Acredito, Jimin. Não se preocupe quanto a isso. As provas que você me apresentou, pra mim são mais do que suficiente mesmo que essa situação seja uma surpresa para todos nós que atuamos na cidade há tempos. — ela suspirou profundamente, negando algumas vezes. — Deve ser por ser uma surpresa, que o idiota do Delegado Steve está dificultando. Ele tem preguiça de grandes casos, acredite. Ser delegado para ele é sentar a bunda naquela cadeira e ficar resolvendo as coisas o mais rápido possível para voltar a tomar seu café de merda da tarde.

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