[🐋]Seis da manhã em ponto.
— Parece que chegamos, doutor! Espero que tenha aproveitado essa noite, só o senhor mesmo pra querer passar esse início de inverno assim, hein? — o navegador, Jeff, de meia idade anunciou assim que o nosso veículo aquático foi estacionado, próximo à ponte da grande base que eu precisava chegar. Depois de guardar meus equipamentos em uma das malas que eu trouxe, o avistei em uma das colunas do barco, se alongando após essa viagem.
Ter navegado a noite inteira por opção do passageiro deve ter sido algo bem diferente do que ele costuma fazer, mas é nítido o quanto o homem é habituado.
— Sabe, ainda estou me acostumando com esse "doutor". Preciso me situar que você realmente está falando comigo. — acabei compartilhando espontaneamente, ainda me habituando com a ideia do doutorado nas minhas costas. — Como falei pra você ontem antes de iniciarmos a viagem, no final das contas eu ainda sou o cara que acaricia golfinhos, por exemplo. — ri, coçando a nuca.
— Bem-vindo à Ilha Norte do país. — ele abriu os braços, super receptivo. — Como eu disse antes, você vai gostar de Auckland. Seguro, cheio de cultura por alta influência imigrante, não tão barulhento quanto a capital... Você vai se habituar, acredite. Muito diversificado por aqui.
— Obrigado. Foi bom te conhecer, Jeff. — me despedi assim que retirei minha última mala do seu barco.
— Bom estudo, doutor, bom estudo! Minha mulher me espera. — o homem exclamou, já adentrando para a área da direção do veículo novamente para zarpar dali. É, esposa do Jeff, foi mal roubar ele de você essa noite, mas pelo menos ele lucrou com minhas loucuras.
E agora com a saída do homem, pude focar minha atenção cem por cento no que seria meu cotidiano à partir de agora. Ocean Care, reabilitação de animais marinhos e laboratório focado em estudos da minha área. Serei o novo biólogo do local, se não me engano terei uma parceira. De qualquer forma, não consigo não deslumbrar-me ao ver a imensidão que é esse lugar.
Além de ser literalmente uma base conectada ao lado do mar, ainda tem um laboratório com paredes de vidro. Ali de baixo, eu conseguia ver onde eu provavelmente passaria a maior parte do tempo.
E olhando ao redor, uma cena um tanto distante mas próxima do ambiente externo que eu estava chamou minha atenção: um mergulhador saindo da água. Estranhamente, tudo ao redor era atraente aos meus olhos, então fita-lo fazer algo tão comum levando em consideração o ambiente, prendeu meus olhos na cena de imediato.
Ele sentou na beira de uma das pontes que existiam no ambiente. E um tanto curioso, eu continuei a encarar, querendo muito saber o que ele faria em seguida... De verdade, como ele estava aguentando mergulhar nesse frio? Ele não parecia tremer, nem nada do tipo. Isso era comum por aqui? Mergulharem mesmo com uma tempestade de neve nitidamente próxima?
Dentro daquela roupa apropriada para mergulhos, o homem aleatório recuperou um pouco do fôlego e levantou-se, pegando algo dentro de um balde próximo e assim, fazendo um assobio pairar no ar. Me impressionei quando notei ele lançar para o alto o que tinha em mãos e, repentinamente, um lindo e deslumbrante golfinho azul atirar seu próprio corpo para fora da água, e de forma super única... pegar aquele alimento com o bico. Sua volta para o mar veio logo, obviamente. Mas aquele salto que o animal deu, me fez ter certeza que ele é muito bem adestrado e que estava em contato com aquele ser humano no mar frio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ouvindo o Oceano 🐋
RomanceJimin Parker é um biólogo marinho simplesmente apaixonado por seu trabalho. E nos últimos 2 anos de sua vida, decidiu mergulhar profundamente em um estudo de uma espécie em específico: as magníficas baleias. Com uma nova missão na Nova Zelândia, ele...