Tem um monstro debaixo da minha cama
e ele me mastiga de pouquinho em pouquinho a cada noite
tem um monstro de baixo da minha cama
Ele fica sussurrando coisas no meu ouvido
coisas que fazem eco na cabeça o resto dos dias e dias que ficam por vir
Por isso eu não gosto de dormir
Por isso eu me mantenho acordada até não aguentar mais
Pra cair na cama e não ter tempo de processar seu vocabulário pobre
esse monstro é tortuoso
Muda de forma todos os dias
Mas nada nunca será tão assustador quanto os dentes em sua boca
A língua longa e afiada
Que me atravessa o ouvido e me faz contorcer em agonia
Tem um monstro debaixo da minha cama
e ele faz questão de rastejar pra fora e me abraçar
Me sufocar
Sempre que o sol se põe
Não tenho forças pra lutar
Ele sempre me paralisa e me amedronta
E pior
Quando tomo uma dose de coragem
e lhe estapeio a face
ele se revela gente
geralmente um rosto amado
Um rosto dócil e inocente
Que me olha acuado e me enche de culpa
sussurrando:
"você é louca"
"machucando pessoas inocentes"
"as contaminando com sua podridão"
Isso quando...
Quando ele não se revela eu
Ah, quando ele rouba meu rosto fica simplesmente insano
O maluco gargalha psicoticamente e grita:
"Bem feito sua fedelha"
e eu tento arrancar aquele rosto fora
pegar de volta o que é meu
Mas sua risada perturbadora não cessa
E eu preciso cala-lo
Preciso silencia-lo
amordaça-lo
Cortar aquelas malditas cordas vocais
Tem um monstro debaixo da minha cama
E ele me espanca
Me devora
Mas ele não quer me ver morta
Tem um monstro debaixo da minha cama
e seu único alimento
é minhas lágrimas e sangue que escorrem
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Baú de merda
PoetryVivo de escrever essas coisas bregas pra depois perder, como estou cansada disso, deixo aqui meu baú do tesouro. Ou um baú cheio de caquinha, tal qual quem vos fala. (Uma sequencia de "poemas" de cunho estritamente sentimental e pessoal, textos tris...