✩Soneca

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Aquela sala pequena, quase sem mobília e cheia de caixas de mudança poderia ser vazia, silenciosa e sem graça. Mas com cinco pessoas morando ali, isso definitivamente não seria possível.
Os Cinco alugaram aquele apartamento fazia pouco tempo. Por mais que tivessem a van, eles precisavam ficar estáveis um pouco. Foi Guizo que encontrou a proposta suspeita e levou pro resto do grupo. Suspeita, pois não é todo dia que um homem de sobretudo cobra um preço de aluguel tão barato por um apartamento de cinco quartos.
De qualquer forma, ali eles estão, na sala da nova casa, na beira de receberem uma reclamação.

— Xande, pelo amor de Deus, onde que tá? — Chico grita, enquanto abre uma das caixas.

— Eu sei lá, mano. Não fui eu que guardei — Xande põe seus fones de novo, aumentando a música.

— Ah, não foi você, queridinho? Então quem que foi? O Lírio? — Chico balança as mãos no ar, indignado.

— Não me mete nesses assunto não, porra — Lírio grita, batendo a porta de seu quarto em seguida.

Guizo, que estava dormindo, ou melhor, tentando dormir em seu quarto, se levanta e abre a porta, irritado ao extremo. A cena é caótica. Tem caixas abertas por todo o lugar, Chico não para de soltar palavras e apontar para Xande, que está sentado no chão e balança a cabeça suavemente ao som da música em seus fones. Guizo permanece quieto e imóvel, apenas encarando os dois amigos.

— Ah, oi, Guizo, tudo bem? — Chico diz, finalmente parando de fazer escândalo. — O que houve? O Xande também sumiu com uma coisa importante?

— Eu não sumi com porra nenhuma não, caralho.

— Eu só quero dormir, seus malucos — Guizo grita, antes que algum dos dois possa dizer mais algo.— Pô, 6 da tarde e vocês gritando assim? Que inferno, cara.

— Então, mano, todo dia isso — A voz de Dara surpreende a todos, que não tinham percebido que a garota estava ali. — O que diachos você perdeu, Chico?

— Foi… aquele negócio lá… — Chico se vira, colocando as caixas no lugar.

— Que negócio?

— Aquele lá, sabe? Que eu, né…

Dara apenas diz "ah".

— Xande, não tem como você não saber onde isso tá — Guizo vai mais para perto do garoto loiro.

— Isso o que, maluco?

— A verdinha, Xande — Chico grita. — Porra, cê não tá ouvindo?

— Não, uai. Podia ter falado antes, inclusive. A verdinha tá aqui, ó.

Xande estende o saquinho na direção de Chico, que sai batendo o pé até o quarto de Lírio, e entra, batendo a porta. Dara decide fingir que não viu nada daquilo, e segue para a cozinha.
Guizo respira fundo, e se vira para voltar ao seu quarto, mas ouve Xande o chamar.

— Guizo, Guizo, Guizo, Guizo, Guizo…

— Que foi?

— Foi mal se isso aqui atrapalhou sua sonequinha, mano.

— Ah, não, imagina. Eu só não consegui dormir nada mes…

— Desculpa.

Guizo fica quieto, mas solta uma risada fraca.

— Tudo bem, cara. Mas agora você também não vai poder dormir… — Guizo diz, apenas para ver Xande dormindo, encostado na parede.

O garoto ri mais uma vez. Nunca entenderia como ele conseguia dormir tão rápido. Guizo acaba pedindo ajuda de Dara para levar o amigo até a cama. Depois, até pensa em voltar a dormir, mas prefere ficar vendo as gravações de sua câmera, esperando as horas passarem.

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