(Os capítulos 3 e 4 se passam no mesmo dia, mas com perspectivas diferentes)
⋆°⋆✩⋆°⋆
Xande e Guizo chegam no parque, que, para a felicidade do primeiro, não tem quase ninguém. O céu está limpo e o clima agradável. A barriga de Guizo ronca.
— A gente podia ter tomado café, né? — ele diz, enquanto liga sua câmera.
— Não tinha nada pra comer lá — Xande fala, olhando para as árvores que balançam suavemente.
— Então a gente podia ter comprado alguma coisa no caminho, pra fazer tipo um piquenique aqui, ou sei lá — Guizo limpa a câmera em sua blusa. — Caraca, que lente suja.
— Mas nem tá todo mundo do grupo aqui pra fazer um piquenique, Gui.
— Ah… é, verdade — Guizo desvia o olhar, gravando takes aleatórios da paisagem.
Eles chegam na pista de skate, para onde Xande logo corre. Guizo se encosta em uma árvore próxima, espera o amigo se posicionar para começar a gravar, e faz um sinal para Xande, que começa a andar pela pista, fazendo manobras.
O skatista, para Guizo, era praticamente um espetáculo. Não só pelas manobras legais que ele sabia fazer, mas sim por tudo. Os cabelos loiros voando no ar e brilhando; os olhos azuis com dificuldade de ficarem abertos por conta do sol; a expressão de concentração em seu rosto; a forma poética que seus movimentos o fazem… sair da gravação?— Quê? — Guizo é puxado de volta para a realidade, e ouve um grito de dor vindo de Xande. — Ah, puta que pariu.
Ele corre até o amigo, que está deitado no chão.
— Xande? O que houve? — Guizo pergunta, ofegante. — Você tava mandando mó bem.
— Tinha uma… uma pedra ali — Ele aponta para onde seu skate parou.
— Ai, cara — Guizo se agacha. — Você se machucou muito?
— Meu braço tá doendo, e acho que rasguei minha perna inteira.
Guizo olha para a perna de Xande, que não tem muito mais que alguns arranhões e poeira.
— Cara, cê só se arranhou — Ele volta a olhar para o rosto do loiro.
— Mas tá doendo muito, Gui.
— Quer voltar pra casa e deixar a Dara ver isso, então?
— Será que ela já acordou?
— Não sei. Até a gente chegar lá, talvez — Ele se levanta e estende o braço para Xande. — Consegue levantar?
— Levantar sim, mas… ai — Ele segura na mão de Guizo e se puxa para cima. — Acho que não consigo andar.
— Por causa dos arranhões? — Guizo diz, debochando.
— Também porque eu tô cansado, bobão.
— E quer que eu faça o que? Leve a princesa no colo?
— Sim, quero.
Guizo fica sem reação por alguns segundos e cogita em realmente tentar pegar Xande no colo, mas o garoto põe a mão em seu braço.
— Tô brincando, não tô tão mal assim. Só preciso de apoio — Xande coloca o braço nos ombros de Guizo. — Mas seria bom se tivesse alguém que conseguisse me levar no colo.
— Cê tá falando que eu não consigo? — Guizo diz, segurando o amigo com seu braço.
— Sim — Xande balança a mão na direção do skate. — Agora pega meu skate ali, vai.
Guizo suspira e balança a cabeça, indo até o skate.
⋆°⋆✩⋆°⋆
O de cabelos vermelhos já não aguenta mais ouvir o outro reclamar. Xande já reclamou da dor, da distância, do barulho da buzina de um carro, e algumas coisas mais que Guizo não prestou atenção. Estava mais focado em coisas como segurar o amigo, a proximidade que estavam agora, e…
— Guizo, guizo, guizo, guizo, guizo — Xande cutuca o amigo.
— Que foi? — Eles param de andar.
Xande aponta para o lugar logo à frente. Uma sorveteria. Eles já viram aquele lugar, mas nunca compraram nada ali. Parecia ter umas coisas boas.
— Compra um sorvete pra mim? — Xande pede, com os olhos brilhando.
— Não sei se o dinheiro que tenho aqui vai dar.
— A gente vê lá, Gui. Por favor.
— Ai, tá bom.
Xande grita "uhul", e corre até a sorveteira. Surpreendente, pra quem estava reclamando de dor na perna há 5 minutos atrás.
⋆°⋆✩⋆°⋆
O dinheiro no bolso de Guizo era exatamente o preço do sundae que Xande queria. Era meio grande, então pediu outra colherzinha para dividir com o bom samaritano que comprou.
Chegaram no prédio com o sundae na metade, então terminam de comer antes de subir.— Guizo, é… — Xande começa, olhando para as escadas. — Agora você pode me carregar mesmo?
— Cê não tava andando mó bem sem apoio, já? Você até correu pra sorveteria.
— Mas é escada, e a gente mora longe… — Xande faz cara de sofrido.
— É no segundo andar, Xande. E você mesmo falou que eu não te aguentava.
— Por favor, idiota — Ele segura os ombros de Guizo. — Eu tava brincando naquela hora, juro. Te pago 2 sundaes daquele depois.
— Você nem tem dinheiro pra isso —Guizo suspira. — Mas tá bom. Sobe nas minhas costas.
Xande sobe nas costas de Guizo, com nenhuma dificuldade pra quem estava tão cansado assim. O de cabelos vermelhos começa a subir as escadas, todo desengonçado, enquanto o loiro ri.
— Se a gente cair aqui, a culpa vai ser sua — Guizo diz, curvado com o peso do amigo.
— Se a gente cair, eu que vou te salvar.
E assim continuam subindo os degraus, de uma forma extremamente lenta e perigosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Cinco!
Fanfiction"One-shots" bobinhos sobre a vida d'Os Cinco, para aliviar a dor daquele final. ✩(Teremos shipps aqui, sendo: xanzo, chicolirio e dandy)✩ [Isso é um AU (universo alternativo) do RPG Sinais do Outro Lado, criado pelo Cellbit. Todos os episódios est...