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Anahi

    Alfonso me levou ao pronto-socorro do Hospital Presbiteriano de Nova York. Ele estava no corredor atendendo a uma ligação quando o médico entrou no quarto.

   — Os resultados do seu raio-X indicam que foi apenas uma torção. Você tem muita sorte, srta. Portilla. — Ele entregou a papelada para a enfermeira.

   — Então, o que eu preciso fazer?

   — Evitar andar por alguns dias. Você vai ter que usar essa bota ortopédica e muletas. — Ele me ajudou a enfiar o pé na bota antes de sair do quarto.

   Alfonso passou pelo médico em seu caminho de volta do corredor.

   — Você poderia me ajudar a sair da cama? — perguntei.

   Ele olhou para a minha bota e depois para mim.

   — Claro.

   — Obrigada.

   Ele estendeu a mão. Eu a segurei, adorando o fato de que havia tocado Alfonso durante as últimas duas horas mais do que durante todo o tempo que o conheço. Ele estava particularmente gostoso no momento também. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados, e o botão do seu colarinho estava aberto.

   Ele tinha ido para o Extreme Climb direto do trabalho, usando seu terno e gravata-borboleta, mas, no decorrer da noite, ele foi se desfazendo aos poucos. Eu adorava o Alfonso “desfeito”.

   — O que o médico disse?

   — Ele disse que foi uma... — hesitei, decidindo distorcer um pouco a verdade. — Ele disse que tenho que evitar andar por pelo menos algumas... semanas. Talvez.

   A enfermeira que estava preparando os papéis da minha alta lançou-me um olhar por trás dos ombros de Alfonso. Ela sabia que eu estava mentindo e não estragou tudo.

   Distorcer um pouco a verdade foi uma decisão impulsiva. Me senti mal por mentir sobre o meu tempo de recuperação previsto, mas justifiquei na minha cabeça que tinha feito isso porque estava me ajudando a ficar mais perto de Alfonso. Eu estava adorando a atenção dele e não estava pronta para que acabasse.

   — Merda. Ok — ele disse, massageando o queixo. — O que posso fazer para te ajudar?

   — Você pode me dar uma carona até o meu apartamento.

   — É. Tudo bem. Vamos te levar para casa.

°


   Alfonso olhou em volta quando entramos no meu apartamento no Soho.

   — Aqui é... bem aconchegante.

   — A decoração é pobre chique. Que bom que gostou.

   Eu não acreditei nele. Meu gosto era sutil e feminino, nada que se igualasse ao de Alfonso Herrera. Embora eu nunca tenha visto onde ele mora, eu tinha minhas ideias de como seria: sombrio, elegante e moderno.

   Apesar de o meu apartamento ser na cidade, tinha uma decoração mais do interior, com cores leves e areadas. Meus sofás tinham capas de linho com estampas floridas e, nas janelas, cortinas personalizadas combinando.

   Alfonso pareceu hesitar quando estava prestes a entrar completamente na minha sala de estar. Ele parou a poucos passos de distância da porta.

   — Você pode tirar licença do trabalho pelo tempo que precisar — ele disse.

   — Obrigada. Mas ainda pretendo ir trabalhar. Basta eu não ficar em pé por muito tempo. Mas talvez eu vá precisar de carona para ir para o escritório.

Bilhetes - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora