O tal dia, o dia do funeral. Já estou arrumada com o meu vestido preto longo e com um buquê de flores para a homenagear, Chae concordou em me levar até o cemitério para que eu não precisasse de carona com o meu pai, ou acabasse chorando no táxi.
Não falamos nada a viagem toda, e como uma boa amiga ela entendeu o recado, me deu um pacote cheio de lenços para caso eu precisasse, meu deus como eu amo essa garota.
Chegamos no cemitério, Chae me deu um beijo na testa e foi embora depois que eu sai do carro. Fui em direção ao meu pai, que estava confortando o meu irmão mais novo, Niki. Eu estava com muito medo, já que Niki já estava com 16 anos e eu não falo com ele desde que disse que eu iria fazer uma viagem rápida.
— Oi pai.
— Yeji minha filha, você finalmente chegou. — Ele diz me dando um abraço, eu aceito dando um abraço de volta. Nunca fiquei tão feliz de ver o meu pai.
— Cheguei ontem de noite, estou ficando na casa da Chae até eu encontrar um apartamento. — Eu digo, me desfazendo do abraço.
— Q-Que bom minha filha, Niki diga oi para a sua irmã. — Gaguejando um pouco, ele diz enquanto olha para o meu irmão.
Niki está um homem já, deve estar no primeiro ano do ensino médio, e não parece muito contente com a minha presença. Óbvio que ele tem direito de estar bravo, eu menti a ele dizendo que iria voltar e passei 3 anos fora sem dar notícias, mas não esperava que ele estivesse tão chateado assim.
— Oi, voltou né? Como foi a viagem rápida de 3 anos. — Ele debocha, enquanto sai de perto de nós dois, indo em direção as minhas tias.
Eu entendo ele, Niki e eu sempre fomos muito próximos e ele sempre gostou de ficar comigo, mas eu não podia deixá-lo triste dizendo que eu iria embora, então tive que mentir e esperei que o meu pai ou minha mãe contassem pra ele.
Meu pai me leva para o caixão da minha mãe, tentando conter as minhas lágrimas eu deixo o buquê de flores encima no caixão, mas não consigo e começo a chorar encima dele. Meu pai me abraça, enquanto meus familiares dão as condolências a mim, meu irmão e o meu pai.
[...]
O funeral terminou faz 2 horas e eu ainda não aceito tudo isso, desde que saí de lá não falo uma palavra com ninguém, Chae passa de 5 a 5 minutos no meu quarto perguntando se eu estou bem, mas não consigo abrir a porta.
Nunca tive que lidar com o luto, meus avós morreram antes mesmo de eu saber o que significava morrer, então sempre cresci em um ambiente feliz e sem mortes para lidar, mas agora é diferente, eu que terei que lidar com a morte sozinha.
Meu pai ofereceu a sua casa para eu ficar, mas eu disse que não estava ainda segura para os encarar todos os dias, com o sentimento de culpa de tê-los deixado sem nenhuma explicação. Eu me sinto muito culpada por não conseguir explicar o porquê de eu ter ido embora, mas dizer que eu fui porque fui rejeitada pela minha paixão adolescente é um motivo muito estúpido de se dizer, então fui embora sem explicar nada a ninguém, para que ninguém conseguisse me julgar.
Depois de 4 horas sozinha no meu quarto, finalmente consigo sair dele e tomar um banho, Chae já me espera na sala com um pote de sorvete de flocos enorme e uma caixa bem grande, eu não sei o que é e tenho medo de perguntar.
— Chaeryeong, o que é isso? — Pergunto curiosa, enquanto pego uma colher e começo a devorar o sorvete, tentando afogar minhas tristezas nele.
— Abre! Você vai adorar tenho certeza.
Quando abro a caixa, um pequeno ser vivo cheio de fofura e pelos pula para fora, Chae me conseguiu um cachorro, todo branquinho e bem pequenininho. Gosto de cachorros desde pequena, mas infelizmente eu só pude ter um porque minha mãe adquiriu uma alergia severa a pelo de animais, então depois disse nunca nem pude tocar mais em animais para não trazer pelos para casa.
Um cachorro era exatamente o que eu precisava, psicólogos dizem que animais podem ser terapêuticos e ajudar em problemas psicológicos, como depressão e até mesmo o luto. Eu agarro essa pequena bola e pelos e começo a fazer carinho, não querendo largar mais.
— Chae meu Deus! Eu te amo muito, obrigada obrigada! — Digo, enquanto grito e voo nela para um abraço apertado, com o cachorro pulando e latindo para nós.
— De nada haha! Eu sabia que você precisava disso, e não tem nada melhor que um cachorrinho para ajudar a te relaxar. — Ela diz em seguida, pegando o cachorro no colo e brincando com as suas patinhas.
Decidimos colocar o seu nome como floquinho, já que tínhamos um pote enorme de sorvete de flocos na nossa frente, e que ele era bem branquinho e peludo.
Chae tinha separado uma maratona de filmes clichês para assistirmos, então passamos a tarde assistindo filmes e comendo muito sorvete, enquanto o floquinho não parava de latir e agitar a casa toda.
Já eram 18:30, então fui providenciar o nosso jantar, porque não poderíamos viver a base de sorvete e chá de camomila. Eu pedi comida por delivery porque infelizmente os meus dotes culinários não são muito bons, e Chae na cozinha é sinal de morte próxima.
Depois de alguns minutos, o entregador chegou, como Chae já tinha capotado no sofá eu tive que descer e buscar a comida. Entrei no lobby principal e lá estava ele, com a minha comida nos braços, entrego o dinheiro e pego a comida, indo direto para o elevador.
Quando eu chego, Chae esta roncando muito alto e provavelmente já está no seu décimo quinto sono, então deixo a sua comida na geladeira para caso ela acorde de madrugada e resolva comer finalmente.
Preparo o meu yakisoba e abro as minhas redes sociais, quando vejo um post da Lia, abro o seu perfil e vejo que é uma foto com a Ryujin, Como assim?!
Lia e Ryujin estão juntas? Será romanticamente? Lia não era hétero? Meu deus oque está acontecendo. Abro os comentários e vejo Yuna e mais uma série de pessoas desconhecidas comentando "Muito lindas", "Vocês arrasam" e "Ryujin voltou? Meu Deus precisamos nos encontrar".
Desde quando Lia e Yuna estão vendo Ryujin pelas minhas costas, não tínhamos feito um trato de não falar mais com ela? Muita coisa mudou desde que eu fui embora e só agora estou percebendo isso. Clico nas pessoas marcadas na publicação e lá está o Instagram da Ryujin, se eu clicar nele e desbloquear ela será um passo muito arriscado.
Se eu a desbloquear, não tem mais volta e terei que ver ela se divertindo com as minhas "amigas" pelas minhas costas pelo visto, será que eu faço isso? Que se dane.
Clico em "desbloquear" e aparece uma série de publicações dela em New York, Orlando e etc, com pessoas conhecidas e algumas que não conheço, vejo posts dela com Karina, Ainda estão juntas? Meu deus. Stalkear é algo ridículo, ainda mais ela, depois de tanto tempo tentando evitar o brilho ofuscante de Ryujin e agora me cedendo a essa tentação.
Vejo que ela também postou uma foto com Lia, mas nos comentários eu não vejo nada além de "Ei gatinha, quando vamos nos encontrar de novo?", "Ryujin já tá com outra? Meu Deus ela n aprende mesmo." e coisas do tipo.
Termino a minha comida e jogo os pratos de plástico no lixo, a única coisa que eu preciso agora é dormir e esquecer essa maldita garota, mas não será fácil.
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je t'aime 𓏲 ryeji
Fanfiction« EM ANDAMENTO » ❝ Yeji acaba de voltar da França para Seul depois que descobriu que sua querida mãe faleceu, e passar 3 anos fora sem falar com ninguém foi uma decisão que veio com consequências. Ter que evitar sua atual inimiga, e antiga paixão a...