GALATÉIA NÃO ESTAVA MAIS TRISTE, porém era notável o quanto estava ansiosa. As coisas não haviam progredido da forma que queria, tentou pensar em algo ou em um plano para de alguma forma, melhorar sua situação, mas nada parecia suficientemente bom ou seguro. Não se tratava apenas dela, havia seus filhos e ela os tinha que manter em segurança a qualquer custo. Nunca se perdoaria se os colocassem em risco, só estava se mantendo firme por eles.
O chão de madeira fazia um ruído alto a cada vez que ela se movimentava de lá para cá, ansiosa, roendo suas unhas das mãos. Os sentimentos, junto com as sensações humanas, estavam a deixando louca, procurando por respostas do porquê de está passando por isso. Uma rainha tão poderosa se tornando algo tão medíocre, não podendo nem se defender e quando faz algo para sobreviver, acaba passando dos limites.
Um som de algo se arranhando no chão a chamou atenção, parando de caminhar bruscamente, contudo era apenas a porta se abrindo para que Aslas entrasse. Ele a encarou de sobrancelhas levantadas quando viu que a expressão de Galatéia mudou de ansiosa para decepcionada.
— Desculpa por não ser o que a senhorita queria ver? — Não sabia exatamente se devia se desculpar por isso, sua testa se franzino, indo a passassos largos até a sua mesa e colocando seu casaco em cima dela.
— Só... não é nada com você, só estou esperando que algo aconteça — Diz, seu olhar perdido por entre as fresta da parede também feita de madeira.
— Aconteça o quê? — Vai até a chaleira, enchendo a de água e a colocando no fogo.
Usava calças justa, contornando bem suas coxas e bunda. Algo a dizia que ele não vestia isso por opção própria e sim porque era a única que servia nele. A camisa também preta estava tirava para fora de forma despojada e seus cabelos estavam molhados, o que significa que no caminho para casa, ele tomará banho no lago próximo das montanhas que levará ao reino de Beron.
Pensar no vampiro fazia seu coração palpitar ainda.
— Não sei. Estou sempre em alerta, observando tudo e tentando não ser um alvo e vendo quais são as minhas chances de sobrevivência nesse meio termo — Joga seus cabelos brancos para trás. — Estou sempre a espera de que algo aconteça, porque foi assim que sempre vivi a minha vida.Galatéia mordeu a própria língua, suas unhas cravadas na pele fina da mão, seu olhar perdido em memórias do seu passado obscuro. Aslas se serviu de chá de folhas cristalinas, mas de vez solver a bebida, ele a depositou em cima de sua mesa, à medida que se encostava e abria os braços.
Ela o encarou como se fosse um idiota, porém ele permaneceu firme.
— O que quer que eu faça? — Indaga, ainda não compreendendo sua ação.Aslas revira os olhos.
— Uma rainha que teve tudo, mas nunca foi abraçada? — Se desencostou de onde estava, indo até ela e a abraçando.A garota de cabelos brancos não teve uma reação imediata, suas mãos param a cada lado de seu corpo pequeno, tentando entender o motivo que o levou a fazer isso. Entretanto, antes que se arrependesse, ela retribuiu, sentindo-se acolhida. Nem Illis que foi humano e educado com ela, havia a tratado dessa forma. Não se lembrava se já foi abraçada alguma vez em vida e a sensação era melhor do que ela imaginava.
Poderia ficar horas assim, apenas usufruindo de seu cheiro, sentindo seus braços a apertando fortemente contra o corpo, esquecendo-se dos problemas que a rodeava. Porém, ele se afastou e então Galáteia se sentiu só novamente, ela coçou a cabeça com as pontas dos dedos, mordendo o lábio inferior, a vergonha tomando conta de si.
— Eu disse que iria ensinar algo a você — Aslas retorna a conversa, depois de pegar novamente sua caneca de chá e a beber. — Sente-se na cama e tire as roupas.
☆☆☆
Desde a morte da rainha, as águas estavam estranhas. Nem os humanos se atrevia a entrar no mar, pois as ondas eram gigantes e as chances de sobreviver eram pequenas demais. Ao fundo, as sereias estavam ainda mais famintas, o olhar de cada uma expressava o ódio que estavam sentindo e a revolta as fazia a nadar em círculos. A água não havia escolhido alguém novo para reinar e isso era inadmissível.
Seres das águas só viviam a base de comendo, sem uma rainha para governar, eles entravam em briga e se matavam com mais frequência. Não havia nada de civilizado naquele povo medíocre. As que eram próximas a rainha observava tudo virar um caos, não sabendo se falariam para eles que na verdade, Galatéia estava viva, mas inválida.
Sabia disso porque não era a primeira vez que uma rainha virava nada.
— Se ela não pode ser útil, temos que nos livrar.As outras concordaram, agora vendo uma sereia com seus dentes pontudos e ameaçador, se alimentando raivosa de uma outra sereia.
— Galatéia nos levou em desgraça. Nunca havia visto algo assim — Os olhos de cada uma se esbugalhavam de surpresa pela cena.
— O que diabos aquela criatura tem feito em terra? — Nadaram para trás, tentando se manter o mais longe possível daquela criatura que pertencia a mesma linhagem que elas, mas que agora parecia um demônio.
— Algo grave — analisou mais uma vez a cena obscura. — A elite não existe mais. Eles não vão resolver nossos problemas, então temos que ir atrás dela.
A outra se encolheu com a ideia.
— Estamos falando de Galatéia, não acho que seja tão simples assim.— Ela é tão fraca quanto um humano agora. O que ela pode fazer? — Indagou, seus lábios se erguendo em um sorriso maldoso.
As outras duas se encararam.
— Você acha que ela tem se alimentado de outras sereias? — sussurrou para a outra.— Nosso povo segue a rainha — Respondeu por fim.
Um calafrio subiu por sua espinha. Se alimentar de outros seres era normal entre elas, mas quando isso se voltava para a própria linhagem se tornava doentio.
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Na madrugada, Galatéia deixava seus aposentos pois o mar a chamava de novo.
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Galáteia, O Fim
Fantasy||início de postagem ainda indefinido|| Galáteia se ver presa nos próprios problemas ao querer ter seus filhos de volta, mas precisa sumir se os quiser deixar a salvo dos que ainda sobrará da Elite.