Logo a noite anterior começou a voltar-lhe na memória, ainda haviam partes enevoadas mas ela podia ter uma pequena ideia de tudo o que passou com os amigos.
Allyira lembrou de se abaixar antes de desmaiar, ser levada ao sótão e de ver Agatha tentar lhe dizer algo, de ver Trevor a olhar com receio e preparar-se para salvar a irmã com uma máquina de choque em punho caso a moça perdesse o controle.
Após isto, tudo resumia-se a sombras, vultos, barulhos de choque, gritos ou palavrões, palavras sem sentido ou frases mal ditas, cheiro de mofo, sangue e suor, respirações ofegantes e sirenes ao fundo. A lua só regressaria cheia novamente em um mês e a moça teria tempo para processar tudo com calma, preparar-se melhor e, o mais importante: afastar-se dos irmãos até a lua passar.
Ela os tinha como se fizesse parte da família de ambos, porém antes de tudo, precisava perguntar sobre as sirenes. Com toda certeza alguém veio os interrogar sobre os barulhos. Talvez estes tenham feito os vizinhos se perguntarem o que estava acontecendo e fosse o suficiente para chamar a polícia.
"Talvez uma viagem inesperada cujo me pegará de supetão." Ally pensou. "Agatha é mais esperta que isto." rebateu uma voz chata dentro de si. A voz claramente não era a sua e ela não se recordava de ninguém tê-la. "Poderia ser de um cliente..." cogitou.
"E se eu simplesmente sair sem avisar?"
"Você trabalha, esqueceu?" A mesma voz a orientou. "Posso faltar ao trabalho..."
"E correr o risco de perder sua única fonte de renda? Tá achando que é herdeira de quem, por acaso?"
"E se eu sair mais cedo?" Perguntou-se. "Poderia funcionar, se tivesse dinheiro pra sair da cidade ou se hospedar por aqui. Mas ainda precisaria de um lugar seguro para que ninguém morra no processo..." A mesma voz interveio.
"Tenho saldo no cartão, poderia comprar uma bicicleta e ir, ou pedir um CityCar..."
"Primeiro: você não sabe pedalar sem cair, e segundo: gastaria bastante em hospedagem, valor de transporte de ida e volta, comida e em desculpas esfarrapadas para ambos."
O debate se prolongou por mais algumas horas até que Ally se deu por vencida e foi dormir. Naquela noite, não sonhou com nada em particular, mas acabou por acordar algumas vezes para ir ao banheiro e, enquanto o fazia, pegava-se relembrando a noite de lua cheia.
A segunda manhã logo chegou, trazendo consigo grandes olheiras negras e estresse acumulado. "Que ótimo, meu período chegou..." Resmungou ela em pensamento.
Seus seios doíam mais que o usual e seu corpo parecia não caber mais nas roupas que ela usou a menos de três dias atrás. Os cabelos estavam oleosos e brilhantes, sedosos ao longe. Sua pele brilhava igualmente e espinhas amarelas saltavam protuberantes por todo o rosto.
"Não vou hoje nem ferrando!" Frustrou-se com a ideia de encarar os clientes exigentes e o chefe ansioso. Ao invés disto, tomou um banho quente e vestiu suas melhores roupas, um blazer preto, saltos e calças de mesma cor, vestiu o colar da mãe e colocou o anel, Aliviou a vermelhidão da pele e as espinhas com uma maquiagem de cores suaves, porém banhou-se de base e pó até adquirir a pele digna de um pêssego.
O banco abria cedo e Ally queria fazer o possível para não enfrentar um ônibus lotado de gente suada e barulhenta logo cedo, e, de modo que não precisasse enfrentar filas no salão principal do banco.
Assim que chegou, ela puxou a senha e esperou ser chamada, antes dela, uma idosa e uma grávida acompanhada do marido foram chamados antes, mas nada com que precisasse se preocupar. Allyira estava de bom humor, já que a voz irritante do dia anterior parecia não estar disposta a perturbá-la.
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A Ilha da Lua - Livro I
Про оборотнейA muito tempo atrás, duas grandes nações estavam indo a falência devido a uma guerra cujo já durava 20 anos. As nações eram separadas pelo mar e, em meio a isto, havia uma pequena ilha com um povo que tentava sobreviver sozinho. Constantemente a ilh...