House Of The Wolves - Joseph Quinn

Deveres

Voltaram pela Estrada do Rei, através do Portão do Dragão, passando a leste do Olho de Deus e Harrenhal nas Terras Fluviais. Repousaram-se à Estalagem do Entroncamento e na manhã seguinte trilharam a estrada que se encontra com a Estrada do Rio, vinda do leste e a Estrada de Altitude vinda do Vale no oeste. Perto da Vila de Lorde Harroway. Continuaram para o norte, passando a leste do Ramo Verde do Tridente e das Gêmeas, cruzando o Gargalo até o seu ponto norte em Fosso Cailin. Depois de Fosso Cailin, seguiram através das Terras Acidentadas, a sudeste da Mata de Lobos, e um afluente do Faca Branca, até chegar em Winterfell, sede da Casa Stark.

Meistre Aerling os esperava cercado com guardas e servos nortenhos, com a felicidade tomando conta assim que viu a Protetora do Norte se aproximar. Ele entendia os ofícios que o faziam assumir Winterfell na ausência de sua Senhora e do Comandante, fazendo sempre um excelente trabalho, mas admitia para si mesmo que não se sentia atraído pelos deveres políticos, preferindo atuar como um mentor e conselheiro para Bryel Stark.

A Lady de Winterfell estava feliz por sentir o manto pesado sob suas costas e a neve macias em seus sapatos, sentia imensa saudades de casa e Efferth se encontrava igualmente contente de voltar à Winterfell. Os lobos começaram a correr com empolgação pela guarnição do castelo, alegres pelo frio extremo que lhes faltava no Sul.

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Após um dia de folga, Bryel Stark se encontrava em seu escritório particular. Precisava adiantar todos os ofícios que se acumularam em sua ausência, coisas essas que Aerling  não poderia fazer, somente a Lady de Winterfell. A primeira parte da manhã tentou se dedicar às coisas mais importantes, como algumas requisições de senhorios; das casas vassalas, sobre contingências para o inverno que se aproximava. Mas em meio a tantos papéis que se encontravam na mesa, a Protetora do Norte não conseguia parar de pensar em seu primo e sobre o episódio em Fosso dos Dragões. 

Não houve tempo para conversar sobre o ocorrido em Porto Real e nem durante o retorno à Winterfell. E desde então não havia encontrado o Comandante pelo castelo, talvez o Stark a evitasse, ou mesmo Bryel estivesse fazendo o mesmo.

Já que não conseguia se concentrar em seus deveres, Bryel decidiu mudar sua atenção para algo que também não saía de sua cabeça desde que voltara da Capital dos Sete Reinos. Dragões. A Stark se levantou de seu assento e foi em direção à estante de livros na parede oposta e começou a procurar por um livro específico. Se lembrava de ter adquirido um exemplar, pertencente a Aerling, que continha tudo sobre as gigantes criaturas. O meistre havia lhe dado, após a mesma se mostrar fascinada ao descobrir o livro em meio à coleção particular que trouxera consigo da Cidadela.

Encontrou o livro em um canto, esquecido e empoeirado. Lembrava-se da última vez em que havia-lhe aberto, tempos antes de seu falecido pai passar o título de Lorde para a filha, após isso a Stark deixou seu fascínio por dragões de lado, sendo substituído pelo luto, por seu pai, e os deveres como Protetora do Norte. Mas ao rever as criaturas em Porto Real, principalmente a de Aemond, a curiosidade e o encanto sobre elas voltou, sendo o único assunto que poderia desviar a atenção da Guardiã de pensar em seu Comandante.

Ao tomar o livro em suas mãos, a Lady retornou ao seu assento, apoiando o livro sobre a mesa e fitando-o por alguns segundos antes de começar a folhear suas páginas. O exemplar era antigo, suas páginas amareladas e tinta desgastada denunciavam sua idade, Bryel Stark provavelmente era a quarta ou quinta possuinte do livro. O cheiro de coisa velha que subia até o olfato da Protetora, enquanto virava as páginas, fazia a mesma torcer o nariz, mas a curiosidade era maior que o incômodo com o odor, fazendo com que a Stark não ligasse tanto para o desagradavel cheiro.

Conforme passava os olhos pelas palavras, que estavam quase totalmente apagadas, Bryel ia se lembrando das informações guardadas em sua memória da época em que não largava o livro. Andava com o mesmo para cima e para baixo, fazendo seu pai, seu tio e primo revirarem os olhos sempre que a viam lendo, se perguntando como a Lady não enjoava de ler sempre os mesmos livros.