Capítulo 5

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POV ARIZONA ROBBINS

Apesar de minha cama está convidativa e macia, meu sono recusou-se a chegar.

Nunca tive problemas com insônia, o que me preocupou de certa maneira pois aquela era a primeira vez em que, mesmo exausta da rotina do trabalho, sequer consegui pregar os olhos.

Ao tentar, mais uma vez, dormir, o olhar de Calliope invadiu minha memória, seu jeito frágil e preocupado me pedindo para ajudá-la com seu relacionamento chegou e permaneceu em meus pensamentos.

Pensei no quanto ela era uma mulher linda e charmosa, que tipo de homem se atreveria a trai-la? Sem dizer que a mesma era simpática e gentil, o que seria necessário uma mulher ter para que um homem decidisse não trai-la?

Sai daquele pensamento, olhei para o relógio já era 02:30 da manhã e nada da Eliza chegar, liguei para ela inutilmente pois não atendeu, certamente estava ocupada atendendo pacientes.

Mais uma vez tentei dormir e dessa vez consegui.

Acordei às 05:30 com o barulho da porta se abrindo, era Eliza chegando com o salto na mão para não me acordar.

Senti a presença dela perto de mim, deu um beijo na minha cabeça e saiu.

Eu tentei voltar a dormir, pois ainda me restava um tempo até o relógio me despertar, mas Eliza estava com um perfume que não era o dela.

Esperei o cheiro doce da minha namorada invadir minhas narinas, mas o cheiro era mais forte, assemelhando-se a cheiro de perfume masculino.

Tentei não pensar que talvez pudesse ser de um amante e concentrei-me em pensar que talvez pudesse ser de algum paciente que a havia abraçado em agradecimento por alguma cirugia ou procedimento bem sucedido.

Eliza foi tomar banho e eu decidi levantar-me para preparar o café da manhã. Tentei evitá-la, tudo o que eu menos precisava era de uma briga para começar o dia. Sabia que meu dia por si só já seria exaustivo, não precisava de mais um motivo para somar aos meus descontentamentos.

Separei uma roupa para academia, estava decidida a voltar a exercitar-me. Liguei para a equipe e solicitei uma aula experimental no período da tarde.

Nesse instante, Eliza apareceu com uma toalha enrolada ao corpo e outra no cabelo.

Ela abraçou-me por trás tentando beijar-me o pescoço, prontamente eu me esquivei das suas tentativas de carícias. O cheiro masculino ainda estava em seu corpo e isso foi suficiente para que eu me sentisse enojada.

- Onde passou a noite? - perguntei rispidamente - Porque comigo não foi - eu estava visivelmente tentando manter-me calma, não deu certo pois eu sentia minha cabeça esquentar de raiva - Havíamos um combinado, não sei se você se lembra. Deveria me ligar ou mandar a porra de uma mensagem me dizendo que estava de plantão, em uma intercorrência... - Eliza deu um passo em minha direção e eu recuei, afastando-me dela rapidamente. Respirei fundo, fechando os olhos e tentando mais uma vez manter a calma - Que perfume é esse?

- O quê? - Eliza estava nervosa e eu a conhecia tão bem que ela estava se fazendo de sonsa para ganhar tempo e formular uma resposta mais elaborada.

- Ah, Eliza, faça-me o favor. Não se faça de sonsa. Esse perfume que você tentou a todo custo tirá-lo do seu corpo durante o banho... Quero saber de quem é - cruzei os braços em sua frente, esperando pacientemente pela resposta dela.

- Arizona - ela se virou, fingindo está procurando uma roupa somente para que não visse o seu rosto coberto de mentiras - pelo amor de Deus, não seja ridícula.

Eu passei a mão sobre o rosto, dando uma risadinha irônica antes de me pronunciar - Eu? Ridícula?

- Sim, você - ela tirou a toalha do cabelo, tentando parecer calma mas eu sabia que ela estava me escondendo alguma coisa.

- Você está me traindo, Eliza? Preciso que seja sincera comigo.

- Claro que não - ela respondeu tão rápido, como se já estivesse bolando essa resposta e essa reação na cabeça desde o momento em que nosso diálogo se iniciou - Claro que não, meu amor. Caso tenha se esquecido, eu lido com pessoas o dia todo é normal que muitos pais de pacientes meus me abracem agradecidos por eu ter salvado a vida dos filhos deles - Eliza sentou-se na borda da cama - Cadê sua confiança em mim? Você acha mesmo que eu seria capaz de trai-la?

- Se você tivesse pegado a droga do telefone para me informar onde estava eu não estaria tão desconfiada, ainda com esse cheiro forte de homem que se eu me distanciar por uns cinco metros ainda assim serei capaz de senti-lo.

- Meu amor - Eliza se levantou da cama e se posicionou em minha frente, tocando meu rosto e obrigando-me a olhá-la - Eu amo você e não faria isso com você, não faria isso com nós duas.

Eu cedi ao seu carinho e resolvi relaxar os ombros que até então estavam tensos - Tudo bem, Eliza. Irei acreditar em você.

No fundo eu sabia que havia algo em seu comportamento que a entregava e confirmava as minhas suspeitas sobre ela está me traindo. Anos estudando psicologia me fizeram observar mais atentamente o comportamento das pessoas, havia se tornado automático. Ali naquele quarto eu vi a encenação mais falsa de uma tentativa falha de Eliza tentar me convencer de que não estava me traindo.

Para Sempre SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora