ATARAXIA

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❝ Serenidade como envenenamento. ❞

⋆·˚ ༘ *

[...]

"Olha, antes dele te trazer de volta para cá. Eu falei com o Bruce de novo." Diz Finney, "Ele me contou sobre um freezer perto do banheiro, se a gente quebrar a parede, talvez tenha uma saída."

"Freezer?" Flossie se levanta e começa a ir até o banheiro.

"Eu procuro o lugar." Ele vai atrás dela.

Flossie começa a desmontar o vaso sanitário em busca de algo para conseguir quebrar a parede, enquanto Finney procura o lugar mais oco da parede para saberem onde quebrar.

A garota tem uma dificuldade imensa em levantar a tampa da caixa acoplada. O cansaço e a tontura deixa tudo muito difícil, Finney percebe e a ajuda.

"Olha, Flo, você precisa descansar." Diz Finney, "Deixa que eu faço isso."

Ela nem discute, se encosta na parede ao lado do vaso sanitário e tenta controlar sua respiração. Finney começa a quebrar a parede com a tampa, ele demora muito tempo, mais de duas horas com certeza.

Quando por fim termina, os dois olham a porta do freezer, Finney abre a porta com uma certa dificuldade e olha para o lado de dentro.

"Deixa que eu vou." Diz Flossie, "Você está cansado."

"Obrigado." Ele se espora na parede, aliviado.

Flossie engole saliva e entra no refrigerador. O pouco de sangue em suas mãos derrete em contato com o gelo e ela se desespera levemente.

O sangue já está seco, ela já havia se acostumado, parece que líquido ele é pior, parece mais real. Ela desvia seu olhar das mãos e tenta andar um pouco mais para frente.

Sua perna toca em alguma coisa, ao se virar, ela vê quatro pedaços de bife. A garota ignora e continua tentando enxergar alguma saída naquele lugar.

"Ei, Finn!" Grita Flossie.

"O quê?" Responde Finney.

"Preciso da tampa, tem uma porta aqui atrás."

Finney entrega a tampa para garota. Flossie bate algumas vezes na fechadura com a maior força possível utilizando o objeto.

O cadeado ainda parece intacto, o que faz ela se frustrar. Ela joga a tampa do vaso sanitário para um canto e começa a pressionar seu corpo fortemente contra a porta, esperando que algum milagre aconteça.

Ela continua tentando sem parar, o sangue velho se mistura com o novo dos hematomas que se formam por causa da força do impacto.

"Ei!" Finney tenta fazer ela parar, "Ei! Flossie, para."

A garota não escuta, continua batendo. Finney a agarra com força e a joga para fora do freezer. Ela o olha raivosamente.

"Estava apenas se machucando!" Fala Finney, "Não estava adiantando."

Flossie continua o encarando e em menos de 10 segundos. Ela chora sangue. Ou melhor, lágrimas misturadas com sangue.

"Não vamos sair daqui, não é?" Pergunta Flossie.

Finney a olha profundamente nos olhos, "Não."

"Mas ainda vou tentar."

"O quê?"

"Vá descansar. Vou tentar abrir esse cadeado nem que seja a última coisa que eu faça."

"Está doida? Vai acabar morrendo."

The Sinner || O Telefone PretoOnde histórias criam vida. Descubra agora