O Amor Não Pode Esperar

Amizade e pedras

Assim que chegamos, abri a porta e me despedi de Thomas:

- Obrigada por me trazer até aqui Thomas.
- Não há de que, nos vemos amanhã?
- Claro!

Antes que Thomas fosse embora, minha mãe apareceu.

- Espere! Fique para o jantar, acabei de fazer.
- Mãe - eu disse suspirando - Ele precisa ir para casa.
- Eu aviso minha mãe que vou chegar mais tarde - Disse Thomas pegando o celular.
- Ótimo! Vamos, entrem vocês dois.

Pelo menos em casa estava mais quente, não aguentava mais ficar lá fora. Minha mãe nunca muda, por que ela tem que ser tão amigável? Isso deveria ser um defeito, não uma qualidade. Thomas e eu nos sentamos enquanto minha mãe servia o jantar.

- Esse é seu namorado, Ember?

Eu e Thomas nos olhamos.

- Não mãe. Ele é meu..... Amigo.

Thomas sorriu.

- Ah, fico feliz de você ter feito uma nova amizade. Você não costuma ter amizade com garotos. Qual é seu nome, querido?
- Thomas Garcia, senhora.
- Vocês se conheceram na escola?
- No parque - falei.
- Ah sim.

O jantar estava bom, pela cara de Thomas parecia que ele também gostou. Depois de tanta conversa, minha mãe recolheu a mesa, Thomas se levantou e foi em minha direção:

- Ember, preciso ir. Obrigada pelo jantar Sr.Michel.
- Não tem de que Thomas! Pode voltar quando quiser.

Assim que nos despedimos, devolvi o seu casaco e abri a porta para Thomas. Depois que ele foi embora, tranquei a porta de casa e subi as escadas. Quando olhei meu celular, vi que Adam tinha me mandado mensagens. Eram aquelas mensagens de sempre, um "Boa noite" e um "tudo bem?". Eu o respondi e nós conversamos bastante naquela noite. Conversamos sobre Madison e o relacionamento dos dois. Ele me agradeceu mais uma vez pelo meu trabalho de cupida e me pediu um favor.

O aniversário de Madison estava chegando e ele queria lhe dar um presente. Então, ele pensou em uma carta, mas ele não é muito bom em escrever. Então, ele me pediu que eu escrevesse uma carta para Madison. Eu sabia que eu era boa em escrever, mas, também sabia que ele deveria escrever a carta. A carta não seria verdadeira se não fosse escrita por ele. Mas, como cupida
eu iria escrever a carta.

Ele agradeceu. Escrevi por mensagem de texto e o mandei para que ele escrevesse no papel. Ele gostou da carta e falou que o que escrevi era tudo que ele queria, fiquei feliz de saber disso.

No outro dia também acordei mais cedo. Consegui me arrumar melhor e o motorista não teve que me esperar. No ônibus me sentei ao lado de Iza, como sempre.

- Uau, arrumada de novo? O que está acontecendo Ember?
- Milagre, estou conseguindo acordar mais cedo e me arrumar melhor.
- Fico feliz, e o Adam?
- Ontem, como cupida eu tive que escrever uma carta de aniversário para Madison. O Adam não sabe escrever cartas, então ele me pediu.
- Mesmo você sendo cupida do Adam, tem coisas que ele mesmo tem que fazer no relacionamento dele.
- Eu sei, depois vou falar isso a ele.

Finalmente chegamos na escola. Madison e Adam passaram o recreio juntos novamente e tivemos a penúltima prova da semana. Angélica tinha faltado, então eu tive um dia maravilhoso na escola. Quando a aula acabou, avistei Adam levando Madison para casa. Os dois não estavam de mãos dadas, será que tinha acontecido algo? Acho que não...

Passei naquele parque de sempre. Thomas provavelmente estaria lá, eu também esperava que ele estivesse. Me sentei em um banco e o esperei. Ele estava demorando bastante, naquela hora ele já deveria estar por alí, mas não estava. Resolvi procurá-lo. Eu o procurei pelo parque inteiro, mas ele não estava lá. Estava ficando tarde e eu resolvi me sentar para esperar mais.

Por que ele ainda não estava lá? Será que havia acontecido alguma coisa? Já era 9 horas, minha esperanças haviam acabado. Eu estava bem preocupada. Queria poder esperar mais, mas estava muito frio e eu gostaria muito de ir para casa. Fiquei um pouco chateada por ele não aparecer.

Resolvi ir para casa. Quando cheguei, minha mãe já havia chegado. Eu não sei porque ela estava chegando mais cedo do trabalho, mas eu não ligava muito pra isso. Ela me cumprimentou e eu subi as escadas indo direto para o meu quarto, como sempre. Quando abri meu celular, Adam havia mandado as mesma mensagens que ontem. Dessa vez não conversamos muito, pois não tínhamos assunto.

Resolvi pergunta-lo sobre quando entregaria a carta para Madison, ele disse que seria amanhã. Será que ela gostaria da carta? Será que eu estava sendo uma boa cupida? Refleti. Um tempo depois resolvi desligar o celular e ler um livro que eu havia comprado mas nunca havia lido. Então, eu comecei a ler. Assim que abri o livro minha mãe bateu na porta.

- Filha, posso entrar?
- Claro mãe.

Ela entrou e se sentou ao meu lado.

- Olha, está lendo esse livro?
- Vou começar agora.
- Você o comprou faz tempo e nunca o abriu.
- Sim, vou começar a lê-lo agora.

Minha mãe se aproximou e olhou fixamente em meu rosto.

- Filha, me desculpa.
- Pelo o que exatamente?
- Por não ter tempo para a minha própria filha, esses dias eu tentei sair mais cedo do trabalho para conseguir te dar um pouco de atenção, mas o meu chefe não me deixa em paz!
- Eu sei mãe, não esquenta com isso.
- Tenho saudades de você, querida. Eu faria de tudo para votarmos no passado, quando você ainda era pequena e eu passava cada segundo do meu tempo com você.

Ela realmente parecia se sentir culpada por tudo aquilo. Eu também me sentia um pouco.

- Mãe, você não tem culpa disso. Eu sei que éramos bem próximas no passado e eu também sinto falta disso, mas parece que as coisas mudam.

Ela beliscou as orelhas.

- Mãe, porque está fazendo isso?
- Para eu não chorar, li na internet que isso funciona.

Eu ri.

- Mãe, não chora se não eu também choro.

Ela riu

- Querida, precisa de alguma coisa? Quer conversar ou desabafar?
- Não mãe, eu estou bem.
- Se precisar de alguma coisa, me procure - Ela disse se levantando aos poucos da cama.
- Eu vou.

Ela beijou minha testa e saiu do quarto. Infelizmente as coisas mudam, nossa relação mudou bastante ao longo dos anos, e eu me sinto um pouco culpada por isso, mesmo a culpa não sendo minha. Resolvi esquecer isso e continuar lendo o livro. Adam não mandou mais nenhuma mensagem, mas também não me importei porque naquele momento eu estava concentrada no livro.

Eu tinha gostado do livro, valeu a pena ter o comprado. Eu tinha lido mais ou menos umas 31 páginas só naquele dia, eu leio bem rápido. Um tempo depois decidi descansar um pouco, coloquei o livro na minha escrivaninha e me deitei na cama. Eu não iria dormir, só refletir sobre minha vida. Antes que eu fechasse meus olhos, escutei um barulho.

Era da minha janela, parecia que alguma coisa havia batido nela, resolvi ignorar. Novamente escutei o barulho, o que era aquilo? Quando escutei o barulho pela terceira vez, resolvi olhar o que era. Me aproximei e abri a janela, lá em baixo estava Thomas tacando pedras em minha janela.

- Thomas? O que tá fazendo aqui?
- Ber! Me desculpa por não ter aparecido no parque hoje, eu tive que sair de última hora e não tinha como te avisar.
- Tudo bem, mas você só veio aqui para se desculpar?
- E também para te dar isso

Ele retirou um papel de seu bolso e o enrolou em uma pedra e o jogou em minha direção. Consegui pegar a pedra, ele tinha uma mira boa. Assim que abri o papel ele disse:
- Esse é o meu número, me desculpa por não ter te dado antes. Pode me ligar quando quiser.
- Eu vou - Eu disse colocando o papel sobre minha escrivaninha - Como sabia que essa é minha janela?
- Eu não sabia, se não fosse eu estaria encrencado.

Nós rimos.

- Está tarde, acho que você deveria ir para casa.
- Eu sei, amanhã prometo não me atrasar.
- Está bem, boa noite Thomas!
- Boa noite Ber!

Ele acenou para mim e foi para casa. Fechei a janela e em seguida peguei o papel com o número e o salvei em meu celular. Adam não havia mandado mais nenhuma mensagem naquela noite, dessa vez me importei um pouco e resolvi o mandar pelo menos um "boa noite".