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Acordei mais tarde que gostaria naquele sábado, levantando e tratando de ajudar minha mãe com o almoço. Papai já havia saído para o trabalho, nunca o vi tirar algum dia de folga e sempre o alerto de que trabalhar demais não faz bem, mas ele nunca me escuta.

Hoje mamãe estava fazendo um dos meus pratos preferidos e eu estava animada, adorava ver a calma na qual ela cozinhava, fazia sempre com muito amor e isso deixa a comida ainda melhor. Ajudei lavando a louça e cortando alguns ingredientes, mesmo que não seja muito ela sempre agradece por eu querer participar das coisas que ela gosta e me juntar a ela.

Comemos em silêncio. Não conseguia falar mesmo se eu quisesse, já que me mantinha ocupada mastigando aquele manjar dos deuses em meu prato.

Como só sairia de noite, a chamei para assistir um filme comigo na sala e ela se animou, fazendo pipoca e suco. Colocamos um que as duas gostassem e apreciamos a companhia uma da outra na sala, até meu celular tocar nos créditos finais.

— Alô? — atendi sem antes ver quem era.

— Fiquei encarregado de te buscar hoje, mas acabei tendo um compromisso de última hora, mil perdões. — a voz de Mitsuya saía do aparelho — Se não tiver o contato dos meninos eu posso te passar por mensagem.

— Relaxa Mit, eu dou um jeito. Cuide bem da Yuzuha! — ri quando ele engasgou do outro lado da linha. Era óbvio que ela teria o chamado pra algo.

Desliguei e abri a conversa com Emma e Hinata.

Então, o Mit não consegue me buscar. Será que vou morrer na moto do Baji ou do Smiley hoje?

Emma: O Angry está sem celular, descobrimos hoje.

Hinata: Foi bom te conhecer, amiga. <3

Também amo vocês, viu? Vou puxar o pé das palhaças de noite!

Hinata: Espera, vou tentar uma última pessoa.
Hinata: Chifuyu vai passar aí daqui a pouco!

E mais uma vez, você salvou minha vida!

Hinata: me paga um sorvete e tá tudo certo. :)

A minha amizade não é o bastante?

Hinata: Não. Quero de chocolate.

Bloqueei meu celular depois de revirar os olhos. Avisei pra minha mãe que iria sair com as meninas e ela já sabia que se tratava da gangue. Obviamente não aprovava, mas não me impedia de participar das reuniões desde que Mikey veio aqui garantindo que eu estava fora de perigo, ele é adorável.

Coloquei uma calça larga, tênis e cropped. Meus cabelos estavam soltos e acabei pegando um pirulito para distrair a vontade de roer as unhas. Peguei um para Chifuyu também, ele merecia por me dar uma carona.

A buzina da moto soou na entrada de casa. Me despedi da mamãe e saí pela porta, vendo o garoto loiro com um belo sorriso no rosto ao me estender um capacete.

— Toma. — lhe entreguei o pirulito e seus olhos brilharam, agradecendo em seguida.

O caminho foi rápido até o estacionamento abandonado. Não haviam muitos carros na rua, o que era estranho já que era hora do rush.

Descemos do veículo e vi quanta gente tinha no local. Nunca vou me acostumar com esse clima estranho que fica durante as reuniões, principalmente pelos olhares de alguns membros para mim e as meninas.

Não importa se eu ignoro, continua sendo desconfortável.

Me sentei ao lado delas perto da escada e desembalei o pirulito, colocando na boca e me distraindo com as estrelas no céu.

Literatura | Tetta KisakiOnde histórias criam vida. Descubra agora