Acabei dormindo na casa de Tetta naquele dia. Nenhum de nós dois queria ficar sem o outro e, mesmo que eu insistisse que deveria ir para que seus pais não achassem estranho, ele me garantiu que mesmo que chegassem e nos vissem, não teria nada demais.
Ele me emprestou uma camisa que ficou grande em mim, indo até metade das minhas coxas. Kisaki estava deitado de frente para mim após jantarmos, me analisando com aquele olhar nublado e cansado que ele sempre faz quando está comigo. Trocamos diversas carícias até pegarmos no sono, acordando um pouco mais cedo que de costume para ambos.
Enrolamos um bom tempo na cama sem dizer nada, apenas queríamos aproveitar a companhia um do outro.
— [Nome]. — ele me chamou, me fazendo abrir os olhos — Preciso te contar uma coisa.
Meu coração acelerou fortemente quando o vi levantar e mexer na gaveta da escrivaninha. Seu semblante era sério enquanto pegava um papel e me entregava.
— Sabe o que é isso? — me perguntou.
— Uma carta? — levantei sonolenta olhando o envelope.
— Também. — ele sorriu — É o seu trabalho de literatura.
Arregalei os olhos e o fitei, que desviou o olhar para baixo.
— Estava aberto no seu quarto na primeira vez que entrei lá, acabei lendo meu nome de relance e a curiosidade falou mais alto, sinto muito. — Kisaki realmente parecia arrependido, mas eu não estava brava com ele.
— Tudo bem, não tem problema. — sorri e fui até ele, o abraçando — Se você não tivesse pego, provavelmente não estaríamos nessa situação.
Ele riu anasalado e se soltou, buscando algo em outra gaveta. Acabou tirando outro envelope idêntico ao meu e me entregando. Abri cautelosamente e li a carta que o próprio escreveu.
"[Nome] [Sobrenome],
não há palavras que possam descrever a imensidão da paixão que sinto por você, como cada batida do meu coração parece clamar o seu nome toda vez que nossos olhares se encontram. Todos os dias só peço para que eu consiga criar coragem de finalmente dizer o que sinto e torcer para que não seja tarde demais quando conseguir.
Tetta Kisaki"
Pisquei diversas vezes enquanto revezava o olhar entre o papel e o rapaz em minha frente.
— Nem nos meus sonhos imaginei que sua carta seria para mim. — uma expressão de dúvida se formou em seu rosto — Pensei que amasse a Hinata.
— A namorada do Takemichi? — arqueou uma sobrancelha e arregalou os olhos — Talvez eu gostasse dela na terceira série, mas paixonite de infância não conta.
Sorri aliviada e balancei a cabeça negativamente. Minhas inseguranças sobre tudo pareciam ter desaparecido, apenas nossos sentimentos importavam naquele momento.
— Vamos trocar de roupa e ir em alguma cafeteria, tenho uma surpresa para você. — sorriu largamente enquanto me entregava minhas roupas, procurando novas para si em seu armário.
Não demoramos para nos arrumar e seguir caminho para o centro. Durante o trajeto, ele enlaçou nossos dedos para que déssemos as mãos e nos mantivemos assim até chegarmos ao local.
Nos sentamos do lado de fora e pedimos, os chocolates quentes e bolos chegaram bem rápido. Eu estava de costas para a entrada e percebi que Kisaki olhava rapidamente por cima do meu ombro e voltava sua atenção pra mim.
— Vou te pedir uma coisa. — sorriu nervosamente — Não olha para trás, é sério.
— Por que? — franzi o cenho.
— Confia em mim. — me encarou — Pelo bem desse encontro, finja que estamos sozinhos aqui. — seu desespero era quase palpável, principalmente quando passos vieram em nossa direção.
— Meu casal preferido da Toman! — Mikey disse um pouco mais alto que de costume. Agora entendi o desespero de Kisaki.
— Manjiro Sano, são nove da manhã, não precisa gritar. — o alertei e arranquei uma careta do comandante.
— A garota tem razão. — Draken surgiu, sorrindo sarcástico. Logo notei que Emma, Hinata, Takemichi e Senju estavam se aproximando também.
— Agora vamos deixá-los, podemos arrumar outro lugar pra comer. — Emma puxou os dois pela gola da camiseta e os arrastou até a saída.
Trocamos alguns olhares e acabamos gargalhando com o que acabara de acontecer. Tratamos de terminar a comida enquanto jogávamos conversa fora.
Ele pagou e fomos até um parque próximo. As mãos estavam enlaçadas mais uma vez e as mantivemos assim mesmo sentados no banco de cimento.
— Tudo bem, hora da sua surpresa, feche os olhos. — obedeci e ele soltou minha mão, parecia buscar algo no bolso do casaco — Pode abrir.
Quando minhas pálpebras levantaram, pude vê-lo ajoelhado em minha frente com uma caixinha de veludo e um par de alianças finas e pratas.
— [Nome] [Sobrenome], aceita oficialmente ser minha garota? — seu rosto estava corado, tal qual o meu estava.
— Sim! Mas é claro que sim! — ele se levantou e me puxou para si, iniciando um beijo caloroso com um abraço apertado.
Trocamos os anéis e colocamos um no outro, sorrimos como bobos durante todo o processo e eu me sentia em um verdadeiro sonho. Minha mente fluía em pensamentos que fizeram algumas lágrimas rolarem pelas minhas bochechas, chamando a atenção de Tetta, que me olhava sem entender.
— Desculpe, não quis estragar o momento. — ele me abraçou novamente — É que eu queria que meu pai estivesse vivo para que eu lhe apresentasse a ele.
— Tenho certeza que ele está feliz por você, meu bem. — beijou minha testa com delicadeza.
Aquele momento era o início de um novo ciclo no qual jamais se romperia.
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Literatura | Tetta Kisaki
Fiksi PenggemarUm imagine onde você tem sentimentos por Kisaki, seu colega de sala desde que eram crianças. AVISO🚩 Essa história não será fiel ao anime ou ao mangá de Tokyo Revengers. Pode conter palavras de baixo calão, consumo de drogas lícitas e sexo explícito...