O Inferno de um Anjo × Nahyuck

Promessa Quebrada

Novamente, a atenção dos moradores de Gyeryong era dirigida às mesmas duas pessoas.

Duas pessoas que todos conheciam como se fossem seus próprios filhos. Duas pessoas que gozavam de famas completamente diferentes. Duas pessoas que quase sempre se acompanhavam na mesma frase.

Duas pessoas que atendiam pelo nome de Na Jaemin e Lee Donghyuck.

Talvez a cidade da Coreia do Sul fosse o principal fator que fazia os garotos serem conhecidos por todos os habitantes. Como todo município pequeno, os habitantes conhecem muito da vida da maioria das pessoas e espalham as notícias — as famigeradas fofocas — rapidamente. Era como uma tradição dar atenção à vida alheia, principalmente aos que se encontravam fora da linha de comportamento que fora traçada pelos locais e por isso os dois meninos de 19 anos recebiam os holofotes.

Na Jaemin se destacava por seu imenso carisma. O moço de cabelo preto brilhante, olhos arredondados escuros, pele clara, grande sorriso que exibiam quase todos seus dentes bem cuidados e gestos delicados sempre foi tido como uma das pessoas mais bonitas dos arredores. Não tinha esse título só por sua aparência bastante notável, sua personalidade também era cativante: estava sempre sorridente, se propunha a ser amigo de todos, era genuíno e caridoso, bom filho e exemplar aluno. Seus interesses eram comuns, simples e compartilhado com muitos: gostava de tocar instrumentos, ir à academia, cozinhar, saía com amigos para parques e visitava abrigos de animais. Não havia ser mais puro e afetuoso do que Jaemin.

Lee Donghyuck, apesar de não ser uma má pessoa, era alguém evitado pela maioria dos cidadãos. Este possuia fios tingidos de roxo — um absurdo para quem morava lá —, lábios carnudos que frequentemente se esticavam em um sorriso malicioso, olhos proeminentes também bastante escuros, pele moderadamente pigmentada, corpo que era muitas vezes coberto por roupas pretas rasgadas e com estampas de bandas de rock, o que atraía olhares tortos de quem passava por ele. Donghyuck também era uma pessoa gentil e educada, porém tomava uma postura contrariada e defensiva em muitas situações, sendo considerado um rebelde. Todos sabiam que gostava de festas, bebidas e sexo. Também conheciam sua paixão por livros, seu excelente desempenho escolar — apesar de quebrar regras e arranjar algumas confusões, tirava nota máxima nas provas e era responsável pelos melhores trabalhos e seminários — e de seu emprego no asilo da cidade, onde todos os idosos o amavam, porém preferiam ignorar essa parte.

Sempre eram comparados. Comentavam a boa ação que Jaemin fizera para uma criança na rua; comentavam a briga que Donghyuck arrumara com um colega de classe e como quase saíram machucados; comentavam sobre os dois serem melhores amigos desde pequenos apesar da diferença e da pressão que colocavam para separarem os dois, dentre outras coisas.

Mas naquele dia, a atenção sobre eles estava maior do que o normal.

Tudo começou com Jaemin indo na biblioteca devolver o livro de receitas que havia pego há duas semanas. Após entregá-lo, resolveu se aventurar pela sessão de romances, pois era apaixonado por histórias de amor e gostava de se colocar no lugar do protagonista, imaginando quando encontraria sua alma gêmea. Atravessou o grande lugar até chegar nas últimas prateleiras, onde havia o gênero que queria, e encontrou Donghyuck sentado no chão, lendo algo com toda concentração que tinha, encostado na parede gélida com uma postura de poderia causar uma dor no pescoço.

Jaemin sorriu com a cena e voltou seu olhar para as diversas estantes coloridas com as capas dos livros. Analisou os diversos títulos e as sinopses até pegar um que o interessou e sentou-se ao lado do mais velho, que sequer percebeu a presença de mais alguém perto dele. Apenas quando terminou o capítulo e se ajeitou para alongar as costas que olhou para o lado e se deparou com Jaemin lendo silenciosamente. Se assustou de tal forma que jurou sentir o coração parar por segundos.