A Última Chance

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Donghyuck sabia que eles possuíam toda a eternidade e que seria possível eles se encontrarem novamente. Perdeu a conta de quantas vezes ele desejou o reencontro, mas ainda assim parecia improvável. 

Seu sétimo dedo foi ocupado quando suas narinas e todo seu corpo foi preenchido pelos sentimentos que emanavam de Jaemin. Sentimentos de admiração, saudades, ciúmes, amor romântico, atração. O demônio ficou atônito, agiu como se não estivesse. Esperou que o moreno sentisse repulsa — afinal, era um religioso tendo uma criatura infernal ao seu lado —, tristeza, ódio, talvez arrependimento, mas quando o intenso odor de amor o alcançou e sua barriga queimou com a excitação alheia, ele pensou que ficaria paralisado de choque. 

Seu oitavo dedo não ficou de fora. No momento em que Donghyuck testou Jaemin, beijando seu pescoço e pegando em suas partes íntimas, o gemido que saiu da boca do anjo foi um susto para ele. Tudo bem, gemidos são normais nessa situação, o que o surpreendeu foi como o som saiu carregado de luxúria e prazer. Mesmo com sua vida sexual bastante ativa, Donghyuck nunca ouvira um igual. 

Seu nono dedo foi ocupado quando Na Jaemin revelou ser gay e apaixonado por ele desde quando tinham 14 anos. Chamar isso de surpreendente parece ofensivo dado ao estrago que isso causou na cabeça de Donghyuck. Ainda assim, conta. 

E seu décimo dedo foi ocupado quando o mesmo Na Jaemin, o garoto que nunca foi ousado e que sequer teve um mísero beijo em sua vida, o encarou com seus cativantes e determinados olhos pretos e mandou que lhe beijasse. Sem hesitações, parecendo bastante casual. 

Donghyuck não respondeu ou moveu um músculo por alguns segundos. Seu rosto exalava perplexidade. Pensou que rir seria a melhor escolha, mas sabia que Jaemin estava falando sério e exigia respostas com urgência. Resolveu perguntar o óbvio para ganhar tempo e pensar em sua resposta. O que fizessem no momento seguinte seria um ato significativo, evitando ou causando enormes consequências. 

— Você tá falando sério, Jaemin? 

— Você sabe que sim. Eu quero muito te beijar agora. Sempre quis.

— Nana, lá embaixo eu fiz aquilo porque eu sei que ninguém do Céu olha tão fundo. O segundo e o terceiro nível do limbo são terras sem lei, nem o Céu nem o Inferno rege. Mas aqui no primeiro… qualquer um pode aparecer e a qualquer instante. 

— Eu sei dos riscos, mas eu quero que saibam. Eu sou como um foragido lá em cima, fingindo ser uma pessoa que eu não sou. Não deveria ser assim, eu concordo, é um motivo ridículo pra te impedirem de ir pro Céu, mas os fatos são esses. 

— Já teve anjos que caíram do Céu por esse mesmo motivo. O Inferno parece mil vezes pior para eles, por terem vindo de um lugar tão bom. 

— Eles não tinham você do lado deles. 

Jaemin se ajeitou no chão até ficar ajoelhado e de frente para Donghyuck. O anjo não se importava mais com o lugar onde ficaria. A única coisa que ocupava sua cabeça era como Lee Donghyuck estava mais lindo do que nunca. Sua pele que parecia estar sempre bronzeada, seu cabelo roxo escuro penteado de forma que sua testa ficava a mostra, seus olhos escuros e brilhantes, seu corpo esguio e forte, suas mãos macias e quentes e a forma como sua respiração fazia seu peito ir para cima e para baixo era tudo um combo que deixava Jaemin hipnotizado. Só não mais do que os lábios avermelhados e gordinhos. Na Jaemin sempre quis fazer loucuras por culpa daqueles lábios e agora tinha a oportunidade. 

— Eu não vou me arrepender, Hyuck. 

— E se eu me arrepender? 

— Não vou deixar isso acontecer. A gente vai sair e aterrorizar todo mundo juntos. Mais assustador do que dois gays do Inferno? 

O Inferno de um Anjo × NahyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora