Donghyuck se obrigou a continuar andando como se não estivesse sentindo o peso do mundo em suas costas. Não tinha coragem de olhar para Jaemin, nem mesmo sua natureza demoníaca adoradora de angústia e dor se manifestava naquele momento.
De súbito, ele mesmo começou a sentir culpa. Culpa por estar tratando Jaemin daquela forma. Não sabia pelo o que o garoto tinha passado no dia que contou sua orientação sexual para os religiosos; não sabia o que o anjo fez e sofreu enquanto ele estava a quilômetros de distância, festejando em outra cidade com Mark; não sabia o que se passou pela sua cabeça enquanto aproveitava a incrível vida no Céu. Talvez Na Jaemin já tivesse passado por uma redenção e ele não sabia. Talvez ele estivesse tão arrependido que fez e ainda faria qualquer coisa para o ter seu perdão.
Talvez fosse errado ele estar fazendo aquilo.
Talvez não.
Ele não sabia. Donghyuck era rancoroso. Além disso, Jaemin tinha estragado sua vida. Por causa dele, sofreu todo o tipo de humilhação que conhecia, foi obrigado a extravasar seus sentimentos em diversas drogas que teriam o matado mais cedo ou mais tarde, sentiu necessidade de frequentar festas uma atrás da outra para esquecer de sua vida passada e de sua própria personalidade, pois sentia nojo de si mesmo.
Jaemin havia o matado muito antes do acidente que levou sua alma da Terra.
Entretanto, Jaemin ainda foi a melhor pessoa que conheceu. A pessoa que mais o amou, que mais o ajudou, que mais o acolheu do mal que queriam fazer. Ele era o ser mais puro do mundo, o mais bonito, o mais verdadeiro. Donghyuck foi verdadeiramente feliz com Na Jaemin.
Algo havia dado errado para ele ter feito o que fez. Tinha que ter algo que explicasse suas ações. Donghyuck apenas começou a pensar nos motivos para Jaemin ter contado seu segredo depois que Renjun o questionou sobre isso, pois isso era quase impossível devido a força da amizade deles. Sabia que o moreno era cobrado para ser perfeito por todas as pessoas da cidade, que eles exerciam uma influência poderosa no jovem e se aproveitavam do coração generoso para tentar impor diversas coisas em sua mente.
Mas, mesmo com um motivo por trás, Donghyuck sabia que não conseguiria perdoar facilmente. Nem sabia se conseguiria perdoar um dia.
Uma dor de cabeça começou a se apoderar de Donghyuck e ele se sentiu tonto. Seus sentimentos eram complicados demais para sua mente turbulenta, um assunto que demandava energia, equilíbrio e muito pensamento para decidir como agir com Jaemin.
— Eu preciso sentar — o demônio avisou, caminhando até algo que parecia um tronco de árvore queimado e sentando em seguida, olhando para seus pés.
Jaemin nem o respondeu.
O anjo continuou de pé, parado no mesmo lugar. Suas mãos tremiam e sua vista lentamente ficava embaçada. Não acreditava que tinha acabado com a vida de Donghyuck duas vezes. Enquanto vivo, pensava que as pessoas destruiriam a vida de seu melhor amigo se ele não estivesse ali para o proteger.
Doce reviravolta que este cargo ficou para ele no final.
Seu corpo começou a ficar fraco, sentia o chão envolver seus pés. Olhou para baixo e realmente viu uma substância cinza encardida agarrar suas pernas com força, o fazendo sentir dor. Logo depois, sentiu pedaços de pedra sendo atiradas em seus braços. Pensou que fosse Donghyuck, porém, ele ainda estava encarando os próprios pés, alheio ao que acontecia com Jaemin.
As pedras vinham com mais rapidez e intensidade, a substância alcançava sua cintura, sua voz era sufocada no meio da garganta e viu o cenário à sua frente mudar. Enxergava uma multidão de pessoas borradas; depois um vazio branco, que mudou para preto, que voltou para a forma normal e em seguida pareceu encolher, formando uma caixa que tinha intenção de esmagar. Jaemin sentiu falta de ar e seus ossos se comprimindo, seu desespero era tão grande que mal tinha reação.
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O Inferno de um Anjo × Nahyuck
FanfictieNa Jaemin e Lee Donghyuck são melhores amigos desde crianças. Aos dezenove anos, a amizade tem um doloroso fim quando a bissexualidade de Donghyuck é revelada para todos por Jaemin, a qual é recebida com muito desgosto. Não tiveram tempo para se rec...