As Lágrimas de Donghyuck

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Quilômetros longe de  Gyeryong estava Lee Donghyuck e Mark Lee, bastante alterados por substâncias lícitas e ilícitas em uma balada qualquer. Mal lembravam seus nomes, apenas sabiam que queriam consumir tudo que era oferecido e beijar todas as pessoas daquele lugar. De tanto que frequentavam as festas, ganharam fama pelos arredores e eram os procurados por muitas pessoas querendo passar as noites com eles.

Saíam dos ambientes fechados e lotados geralmente quando o sol nascia e iam para algum motel dormir o dia inteiro, a fim de se recuperarem para mais uma rodada de farra. Era uma rotina bastante simples a qual eles não queriam abrir mão. Queriam se alienar de tudo, senão a mente insistia em relembrar do que queriam esquecer.

Mark queria ignorar tudo pois sua realidade não era muito diferente da de Donghyuck. Sua família o odiava, com exceção de sua avó, e fazia questão de deixar o sentimento claro para o caçula. Se organizavam para voltar ao Canadá, mesmo sabendo que Mark havia sofrido muito bullying nas duas cidades que moraram e por isso havia desenvolvido síndrome do pânico. O jovem conseguiu controlar seu problema vivendo na Coreia do Sul e desenvolvera um apreço muito grande com a pequena cidade em que morava, porém seus pais eram infelizes, visto que não eram "pessoas do interior" e o culpavam pela insatisfações que tinham residindo ali. Todo dia era uma luta e mesmo após ter sua própria casa ele era perseguido pelos mais velhos.

Donghyuck era a pessoa que mais o ajudava a superar os problemas. Ele era uma pessoa muito amorosa e amava Mark, capaz de mover montanhas para vê-lo feliz e provou isso toda vez que o canadense precisou. Não importava onde o outro estivesse, Mark o seguiria. O que faziam no momento o agradava completamente por ver ambos felizes juntos.

E o coreano queria ignorar tudo por causa de Jaemin. Todos seus problemas eram suportados com o moreno do lado e no fim ele havia causado o maior problema de sua vida. Toda vez que acordava, um dos primeiros pensamentos era o Na, às vezes se perguntando como ele estava, às vezes lembrando da última vez que o viu. Sentia um peso o esmagar toda vez que ele surgia em sua mente, queria chorar no mesmo instante, entretanto, sempre reprimia a vontade para não sofrer mais e ia abraçar Mark. Era seu abraço preferido.

Vinte e quatro horas depois do enterro de Jaemin, os dois estavam esperando um uber na cidade vizinha, vendo se ainda tinham dinheiro em suas devidas carteiras — as quais não foram roubadas por algum milagre — e conversando com algumas pessoas que passavam perto de si. Quando o carro chegou, entraram no banco de trás e ficaram em silêncio pelos próximos quinze minutos, pois estavam cansados demais, incluindo o motorista. Donghyuck apenas encarou a paisagem bonita e tomada de florestas da estrada, pensando como era divertido conhecer novos lugares.

Ao chegarem no motel onde descansariam, agradeceram o motorista e saíram do carro, indo para a recepção e esperando o casal terminar o check-in.

— Nossas férias já vão acabar — Mark comentou.

— Eu não quero voltar.

— Nem eu, mas não dá pra deixar nossos empregos e nossos estudos desse jeito.

— Verdade. Será que as coisas vão ficar um pouco melhores depois desse tempo que a gente sumiu?

— Eu duvido, mas vamos torcer pelo melhor. Qualquer coisa temos o Jeno, a Mina e nossa avó pra nos ajudar nessa história toda.

Donghyuck assentiu e o abraçou, passando a sua atenção para a pequena televisão que estava em cima do balcão perto de si. Passava o noticiário do estado e havia um repórter falando na frente de um túmulo cheio de flores. Donghyuck se perguntou quem seria tão importante a ponto de ser rodeado de homenagens.

"Mesmo após vinte e quatro horas, a cidade de Gyeryong ainda possui muitas despedidas ao falecido Na Jaemin, que morreu nessa quinta-feira atropelado por um caminhão descontrolado."

O Inferno de um Anjo × NahyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora