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Capítulo 8

Olho incrédula para a minha imagem refletida no espelho. Eu estou completamente louca por, simplesmente, cogitar uma paixão pela menina que eu mais odeio em toda a minha vida.

Desvio os meus pensamentos e percebo que estou nesse banheiro a muito tempo. Eu preciso voltar para a festa.

Mas como irei olhar nos olhos da Wheezie de novo?

— Porra, porra, porra! — Exclamo, dando leve socos na minha cabeça.

Crio coragem e saio do sanitário feminino.

Quando caminho devagar até o local lotado de pessoas, penso que devia ter esperado mais cinco minutos no banheiro, assim, eu não iria ver meu irmão passando vergonha na frente de um monte de riquinhos metidos.

Ele grita algumas coisas chamando Kiara e Pope para uma espécie de "reunião", e os dois vão correndo em encontro dele e de John B, que brotou do chão.

Bato a mão no meu rosto e murmuro "porra JJ!", quando vejo os pais de Kie e o pai de Pope totalmente confusos e bravos com a atitude de seus filhos.

Depois de um tempo em um silêncio desconfortável na festa, por incrível que pareça, a música eletrônica voltou e todos começaram a dançar e conversar novamente.

Prefiro nem entender.

Olho para o local em que eu estava dançando com Wheezie a algum tempo atrás e vejo que ela não está mais lá.

Ando um pouco pela área, vasculhando tudo, a procura da garota e não a acho.

Confesso que não me surpreende o fato dela ter sumido, afinal, eu saí correndo do nada enquanto dançava com ela.

Minha cabeça estava prestes a explodir, então decidi deixar a festa e ir até a praia esfriar a cabeça.

Por isso, caminho até os fundos do local para sair de fininho sem que ninguém perceba (o que é inútil, já que ninguém sabe quem eu sou).

Quando estava descendo o degrau dos fundos da área, pronta para seguir caminho para a praia, percebi uma silhueta sentada em cima de um pano de piquenique, na grama, a alguns passos de distância de mim.

Não custou muita inteligência minha para descobrir que era a madame.

— Já deu meia noite, Cinderela? — Brinco.

Ela se assusta e vira seu olhar pra mim abruptamente.

— Não tem graça, Maybank. — Ela bufa.

Dou uma curta risada e paro ao seu lado, ainda de pé, e cruzo os braços.

— O que a madame faz aqui, no meio do nada? — Pergunto, olhando para o horizonte a minha frente.

— Não é no meio do nada, minha casa é logo ali atrás.

Dou de ombros e volto a caminhar para longe dela.

— Onde vai? — ouço-a dizer.

— Praia. — Respondo simples.

Como não escuto mais nada dela, apenas continuo meu caminho tranquilo.

Até que noto um par de sapatos começarem a andar atrás de mim. Olho para as minhas costas e vejo Wheezie me seguindo.

— Quem te chamou? — pergunto.

— Eu mesma! — Ela diz, jogando o cabelo para trás.

Reviro os olhos e cruzo os braços, andando, com a garota ao meu lado.

Ao chegarmos no local com areia, caminhamos até uma área tranquila e com uma boa vista para o mar, que se localizava ao lado de um grupo de jovens sentados em um círculo. Um deles segurava um violão e os outros catavam as melodias que eram tocadas no instrumento.