Capítulo 14

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Depois do incidente com Molly, Wheezie e eu ficamos paradas em choque por um tempo, mas logo depois voltamos ao normal e ficamos conversando até o horário do meu expediente acabar.

Agora eu estava conferindo o dinheiro no caixa, com Wheezie do outro lado do balcão, apoiada em seus cotovelos, observando suas unhas.

Como uma típica madame.

- Sabe que não precisava ficar esperando, não é? - Olho para ela.

- É, mas eu quis. - Ela da de ombros.

Reviro os olhos e pego a minha mochila, saindo do balcão e caminhando até a sala do gerente, para avisar que estava de saída.

Bati na porta três vezes, até escutar um "entre" do lado de dentro. Abri-a minimamente adentrando o cômodo com apenas minha cabeça.

- Tô saindo. - Murmuro simpática.

O mais velho ergue sua cabeça em minha direção, com sua expressão séria e medonha.

- Srta. Maybank, por acaso sabe por quê seu irmão não aparece aqui faz semanas? - Ele diz, com deboche. - Sabe que é um castigo certo? E que, se ele não o cumprir, terá que pagar a dívida.

Arregalo os olhos e me bato mentalmente.

Desde que JJ e seus amigos embarcaram nessa caça ao tesouro, meu irmão nunca mais apareceu aqui para trabalhar. Era óbvio que isso ia dar merda.

- Vou falar com ele.

- Ok. - O gerente diz, fazendo um gesto com a mão para que eu me retire de sua sala.

Fecho a porta delicadamente e corro até onde Wheezie está.

- Vamos? - Pergunto e ela concorda.

Saímos do estabelecimento e caminhamos rumo a uma praça que tinha ali perto.

Um encontro? Não sei dizer.

*

- Como assim você nunca surfou? - Pergunto incrédula, enquanto tomo meu milkshake.

Ela faz uma careta de nojo e revira os olhos.

- Eu não! Essas coisas são muito perigosas e eu posso me machucar. - Ela diz, enquanto come seu sorvete no pote.

Uma vez madame, sempre madame.

- Credo, madame, aprende a viver.

- Maybank, o mar é perigoso! Minha irmã foi queimada por uma água-viva enquanto brincava de ser pogue, ok?

Dobro minha manga e coloco o meu pé em cima do banco que estamos sentadas, mostrando-a duas cicatrizes, uma no cotovelo e outra no joelho.

- Água-viva nem dói, fui queimada por duas enquanto surfava. - Digo, soprando uma risada.

Ela arregala os olhos incrédula.

- Meus deuses, Maybank, tampa isso aí, que agonia! - Ela vira o rosto pro lado oposto.

Dou um sorriso e tiro o pé do banco.

- Um dia eu vou te ensinar a surfar e você vai ver que não é tudo isso.

- Eu quero ver você tentar! - Ela diz com deboche, cruzando os braços e me olhando com uma expressão de desafio.

- Ah, por favorzinho, vai! - Me aproximo dela e deposito um selinho em seus lábios, fazendo minha melhor cara de pidona.

- Ugh, te odeio! - Ela empurra meu rosto com sua mão de um jeito brincalhão, me fazendo voltar para meu lugar.

- É recíproco. - Digo e caímos na gargalhada.

𝗧𝗜𝗡𝗔 𝗠𝗔𝗬𝗕𝗔𝗡𝗞¹' obxOnde histórias criam vida. Descubra agora