As flores do vizinho do quarto andar (Sendo Rescrita)

Aquele que as crianças temem

Novamente sua mente voltava aquele dia, aquele dia que apenas queria esquecer, junto de tudo que aquele dia o trouxe, ver o fogo se alastrando junto de toda aquela fumaça que subia, não saber o que estava acontecendo apenas que tinha que ir embora logo, a voz doce e desesperada de sua mãe e logo em seguida o grito de desespero de seu pai, o cheiro de hospital, o barulho das vozes, todos os olhares, a sensação de morrer pela primeira vez na vida.

Mas sabia muito bem que aquilo já teria passado, mas sua mente teimava em sempre trazer todo aquele fogo novamente, mas felizmente ele acabava de acordar, mas assim que acordou parecia que seu corpo agia por conta própria, pois em um ato involuntário se sentou na cama, acordava suado mas não pela experiência estranha que acabara de passar em sua própria mente, e sim pela quantidade de panos e roupas que o cobriam, mas logo aquela sensação acabou.

Olhou em volta de seu quarto, tudo estava igual, o ar condicionado não muito frio, seu pc ligado que estava transmitindo a um bom tempo, sua mesa estava uma bagunça e na verdade tudo estava uma grande bagunça, ele olhou para a câmera que não filmava seu rosto, e sim apenas um rosto borrado e vários casacos e calças devido a um efeito que o próprio César fez, um efeito que borrava a cara da pessoa feito especialmente para seu subathon, aquele séria o dia 17 da tal live infinita, que a cada sub, donate ou bitz o tempo subia cada vez mais, olhou rapidamente para o cronometro atual que marcava o tempo que ainda tinha para fazer live e marcava 19:56, mas infelizmente aquilo não seria mais tão importante assim, já que o streamer fez um acordo com o chat que na chegada do dia 17, a live acabaria, olhou agora para o relógio em seu computador, 12:30, o que dava dois dias e pouco mais ou menos.

– Bom dia chat – O streamer falou com sua voz meio dobrada de sono e passando a mão em seus cabelos levemente ondulados e propositalmente grandes até de mais

Ele falou isso em resposta foi ao banheiro, sua rotina em subathon antes de realmente entrar em frente a câmera era tomar um banho pegar algo para comer e logo depois voltar novamente para a live, e em suas roupas pegou seu clássico moletom roxo e preto, outro casaco e uma calça de moletom, César não gostava de calor por incrível que pareça, e depois de todo seu pequeno ritual matinal, pegou aquela máscara, uma máscara de raposa branco com detalhes vermelhos que deixava apenas uma pequena fresta para seus olhos, a máscara que usava quase que sem descanso por 17 dias. Voltou para sua cadeira gamer já com ela em seu rosto, era algo simples mas talvez César não conseguiria estar lá sem ela já que sabia que milhares de pares do olhos o observavam naquele momento. Não se passou nem 30 segundos que ele sentava novamente em sua cadeira e já ligou novamente o jogo que havia passado a madrugada inteira jogando com seu chat, um jogo de terror que César havia feito questão de gastar dinheiro para entreter seu chat, pois o mesmo tinha noção que provavelmente não gostaria do jogo, e no fim estava certo, mas depois de umas boas meias horas de jogo já mais ou menos, decidiu parar e conversar um pouco com seu chat que estaria fazendo algumas perguntas.

"pergunta besta mais o pq usa essa mascara dsclp sei que provavelmente já respondeu essa pergunta"

E assim foi feita a pergunta que fez ele querer parar e conversar com seu chat, César podia passar metade do seu tempo na internet mas ainda tinha a decência de escrever corretamente.

– Eu acho que não tenho nem um motivo muito especial para usar a máscara, acho que é apenas quesito de privacidade – Uma mentira, como sempre, na verdade toda a vida de César era uma mentira em frente as câmeras, ele não tinha coragem de demonstrar seu verdadeiro eu para eles, talvez pelo julgamento, talvez pelo ódio e nojo que sentia de se mesmo devido aquela queimadura que deixasse sua pele em carne viva, talvez pelo desespero de saber que estavam o olhando, mas no fim eram os três juntos

Então quando menos esperava seu celular fez um barulho que significava que havia recebido uma mensagem, apenas apertou o botão de ligar dele e viu que era de um contato não salvo, mas que reconheceu o número na mesmo hora, um número que fez César trocar de operadora telefônica várias vezes, o homem que César menos queria ver, falar ou escutar na vida, mas que seu colega e único amigo Thiago Fritz não o escutava por ter pena dele e sempre passava seu novo número para ele, uma pequena mensagem falando o de sempre.

"Podemos conversar?"

Uma pequena cena de apenas 30 segundo olhando para a tela do celular fazia César querer imediatamente a nicotina que não entrava em seu pulmão a quase um dia.

– Chat eu já voltou só um minuto – Ele fala pegando algo na gaveta de sua mesa e indo para sua sacada, observando aquele sol forte de quase meio dia e suas lindas plantas que teimavam em ficar vivas por muito tempo, e nisso subiu sua máscara e logo respirou a fumaça de seu cigarro e a soltou para fora, olhando um pouco a rua e as sacadas dos vizinhos alheios

Mas em especial a sacada do vizinho de baixo chamava a sua atenção, nela havia tantas flores e plantas que pareciam brilhar, mas eram tantas plantas que algumas ele nem sabia o nome, mas não só isso, outra coisa chamou a atenção, um homem com cabelos bem curtos, que o lembrava Erin de Attack on Titan, usava uma casaco vermelho e regava umas flores bem pequeninhas e coloridas, era um homem até que bonito, um bonito que César navegou ao vê-lo mas depois de uns poucos segundos foi acordado depois de perceber que o homem havia o percebido e como um comprimento a distância o homem o deu um largo e lindo sorriso que fez o coração do streamer falhar algumas batidas e sua pele havia corar.

– Boa tarde vizinho! – Ele proferiu, era uma voz calma e alegre, o homem que foi revelado ter uma cicatriz em formato de x em sua bochecha depois de levantar sua cabeça continuou com um sorriso animado em seu rosto trazendo César ter aquela mesmo sensação de anos atrás novamente

E com isso ele voltou correndo para dentro de seu apartamento e puxou a máscara apressado antes de sentar na cadeira e apagou imediatamente o cigarro em seu cinzeiro que já estava bem acabado, talvez pelo streamer ter chegado correndo, inquieto e quase derrubando sua cadeira seu chat estranhou, então foi surgindo várias mensagens o perguntando o que tinha acontecido e mesmo Kaiser – ou Kaka, como seu chat havia apelidado o streamer, já que não sabiam que Kaiser já era um apelido – não tendo tal intimidade com o chat decidiu compartilhar o acontecimento sem muita explicação.

– Eu acabei de ver uma pessoa muito bonita chat – Ele disse bem perto do microfone trazendo uma voz engraçada para ele – Mas não se preocupem nunca irei trocar vocês

E claro que pelo moreno nunca ter compartilhado nada do tipo, isso surpreendeu um pouco os seus fãs presentes no momento.

"Eita kaka, sabe pelo menos o nome da gatinha?"

Um usuário já frequente em suas lives fez esse comentário junto de 10 bitz o que acabou fazendo a voz ecoar.

– Sobre isso eu não vou responder, mas muito obrigado @Agatinha... pelos 10 bitz

Como seria a reação de seu chat se descobrissem que Kaiser nunca e nem iria se apaixonar por uma mulher?

Mas então, depois das 9 já tendo terminado a live e chorando um pouco mas não de tristeza e sim de felicidade, oque era bem rápido, algo que não acontecia desde o acidente, todos seus choros depois disso viraram pesados e cheios de lástimas. Mas com o tal choro seu interfone tocou e abrindo a porta enquanto escondia o rosto para quem é que seja não vesse seu rosto metade queimado e choroso a tal pessoa bonita estava lá com uma pequena cesta na mão.

– Boa tarde de novo vizinho

E agora olhando mais de perto, ele era uma pessoa bem mais famosa do que ele.