PIZZA GIRL, wenclair

012

Já se passava das oito da noite, eu estava atrasada, pelo quinta vez,
em meu quinto encontro com a motogirl. não que aquilo a irritasse, afinal, ela gostava de ficar conversando com a mary suksi (a governanta de anos da nossa casa) enquanto eu me arrumava.

olhei pelo relógio de meu celular pela última vez e já passava das oito horas e quarenta, eu dei um último retoque e me apressei, correndo pelas escadas, e tropeçando ao pisar em meu proprio pé, teria caído se wandinha não estivesse lá, atenta para me segurar.

── ou! vai com calma, loirinha. ── ela sorriu me vendo ficar vermelha.
── está linda.

── duas horas e meia me arrumando, eu tinha que estar maravilhosa. ── dei de ombros. ── já você, é linda e nem se esforça. ── olhei para o lado vendo mary nos observar. ── precisa de algo, sr. mary?

── nada, senhora.

── não me chama assim, me chama como você sempre chamou. ── eu dei um sorriso, lembrando daquele apelido estúpido.

── você cresceu dona enid. ── a mulher diz estática. ── irei deixá-las mais à vontade, com licença. ── se retira sem olhar para trás.

── como você aguenta conversar com ela? Ela é muito chata! ── revirei os olhos.

── por algum motivo, conversar com os mais velhos é bom, talvez por que estou acostumada a conversar com minha avó. ── diz pensativa.

── falando nela, como está?

── cada dia mais instável, estou bastante preocupada. ── olhou para o chão. ── mas oque importa agora no momento, é oque tenho para te mostrar hoje a noite.

── o que é!? ── eu gritei animada vendo ela apenas rir divertida. ── conta, por favor! ── fiz um bico.

── covardia, enid. ── pegou nossos capacetes no sofá. ── vamos ou não?

── só se você falar oque é. ── eu cruzei os braços, mas ela nem ligou, abrindo a porta e indo direito a sua moto. ── chata!

o viagem até o lugar em que wandinha me levava foi longa,
Mas quando chegamos, ela tirou
o capacete de minha cabeça e mandou fechar os olhos, pegando
Um pano e vendando eles rapidamente, oque me fez estranhar.

── oque está aprontando, senhorita wednesday? ── pergunto vendo ela me guiar a um lugar silêncioso.

Ela não respondeu, puxou uma cadeira e pediu que eu me sentasse ali. saiu caminhando e quando voltou, tirou a venda de meus olhos, revelando uma mesa linda e cheia de rosas jogadas por cima com vários cartõezinhos ao redor, eu estava sem reação.

── bom.. ── pegou os vários cartõezinhos. ── escrevi os dez motivos que tenho para te amar.

── aí meu Deus! ── eu bati meus pés no chão animada como uma criança, vendo a morena me olhar como se estivesse vendo a obra de arte mais cobiçada e linda do mundo.

── posso começar? ── perguntou e eu assenti, foi até o outro lado da mesa e se sentou, pegando em minhas mãos com a mão esquerda, e com a outra, os cartões.

── bem enid, eu não sou muito boa com declarações, mas aqui vai a mais verdadeira de todas, em que passei dias fazendo.

── o primeiro motivo para te amar é o seu jeito, você tem um jeito tão cativante, puro e docil.

── o segundo motivo para te amar é o seu sorriso, que ilumina mais que o sol.

── o terceiro motivo para te amar é o seu olhar, com esse olhos puros e doces, que fazem meu coração acelerar.

── o quarto motivo para te amar é o tamanho do seu coração, pode não parecer por longe, mas você é alguém tão bondosa e cheia de caráter.

── o quinto motivo para te amar é te ver quando acaba de acordar. desde que vi seus olhos inchados e seu rosto avermelhado na primeira vez que foi em minha casa e dormiu lá, eu não parei de pensar nisso.

── o sexto motivo para te amar, é ter te visto comer uma pizza quase inteira de queijo só para me agradar, você odeia queijo.

── o sétimo motivo para te amar é o seu beijo de tirar o fôlego, disso aí não preciso falar mais nada.

── o oitavo motivo para te amar é ir a praia com você, te ver naquele maiô de vovó, fazendo vários castelinhos de areia enquanto fica sorrindo animadamente quando a água respinga em seu rosto, e depois brincando de correr com crianças aleatórias..

── o nono motivo para te amar é chegar do trabalho e te ver fazendo as unhas com a minha irmã, e quando você diz que cuidou delas enquanto eu estava fora, mesmo não tendo obrigação nenhuma.

── e o décimo motivo para te amar? São tantos que nunca nem conseguiria colocar no papel.
mas quando você diz que me ama,
me abraça e diz que vai ficar tudo bem, me enchendo de beijos no rosto e depois canta para mim, eu me sinto amada, infinita.

Ela sorriu, não sabendo o quão havia deixado meu coração acelerado. não sabendo que pela décima vez, estava me fazendo ter a mesma sensação, borboletas no estômago.

── meu Deus.. Eu acho que vou desmaiar.. Me segura! ── eu disse já chorando muito, me esforçando para tentar conter as lágrimas em meu rosto, mas era impossível.

── ainda não acabou, enid. ── ela soltou os cartões e pegou um buquê de flores que estava em baixo da mesa. Como não vi aquilo? ela agachou perto de mim, ficando de joelhos, pegando algo do bolso, uma caixinha, ali eu já estava pega. não conseguia mais nem respirar direito.

── eu sei que a gente se conhece a muito pouco tempo, mas tenho certeza que não sendo precipitada. Eu gosto de você, muito! e eu sei que não tenho nada além de piadas ruins para oferecer, mas.. ── ela olhou em meus olhos, abrindo a caixinha deixando a aliança à mostra. ── Quer namorar comigo, enid?

── sim! sim! Mil vezes sim, meu amor! ── eu pulei em seus braços, abraçando ela com toda força.

── ATÉ QUE ENFIM CARALHO! ── Xavier apareceu de trás de uma cortina gritando enquanto carregava um garrafa de whisky, e de lá pude ver todos os meus amigos.

── oque estão fazendo aqui, seus podres? ── eu perguntei.

── achou que perderíamos o pedido de namoro do ano? Jamais! ── Bianca falou um pouco alto para eu escutar, devido o som que eles haviam colocado ali, não dava para ouvir muito bem.

Agora todos estavam dançando e bebendo, enquanto eu e minha namorada namoravamos no balcão daquela espécie de boate, aquela noite foi mais que especial para mim.

Finalmente, estava
tudo dando certo.