PIZZA GIRL, wenclair

018

NOVEMBER IN 2019,
NEW YORK CITY.

Quando você é jovem, eles supõem que você não sabe de nada.
que não é consciente e que faz tudo o que der na telha, simplesmente sem se importar.
eu acho que eles estavam certos,
foi exatamente isso que aconteceu,
e eu pensei ser o fim para mim.
me ver daquele jeito tão jogada e vazia, me fazia pensar que nunca conseguiria esquecer e me perdoar do mal que fiz
á garota que gostava.
Mas agora estava ali,
jogada numa cama cheirando a bebidas caras com um gosto cítrico e ácido, depois de mais uma festa society que meus agora, novos amigos costumavam dar nos
finais de semana.

percebi que a vida dá voltas até se encaixar perfeitamente, mas pelo visto a minha tinha preguiça até de sair do lugar.

── olha, são sete horas da manhã... então se você não for a Taylor swift, para de me ligar, fazendo o favor!
── depois de atender o telefone que tocou umas cem vezes até ser atendido, desligo a ligação ainda sonolenta.

── ou.. ei, ei! ── Jacob entra no quarto, batendo em meu ombro, eu me remexi desconfortável na cama, resmungando. ── acorda vadia! sua mãe não para de me ligar.

abri meus olhos rapidamente pegando meu celular e ligando de volta.

── Oi mãezinha linda! antes que me dê uma bronca, eu pensei que fosse ligações da operadora...── argumento já esperando pelo sermão da mais velha.

── Oi filha, como você está? está se cuidando? está bebendo água e se alimentando direito? Não me diga que tem dormido depois das duas da manhã, isso eu não admito. ── a mais velha falava animadamente, me fazendo estranhar. e o sermão,
vinha nunca?

── mãe relaxa, eu estou ótima. ── menti, sorrindo e me jogando na cama novamente.

── está ótima sim tia, vivendo a base de refri e cheetooos! ── O garoto grita do final do corredor, me fazendo rir nervosa.

── sério isso enid Sinclair?! ── ela pergunta ameaçadora, me fazendo dar a língua ao garoto que me encarava com cara de deboche.

── mentira dele, mãe! ── eu respondi. ── aconteceu alguma coisa, a senhora está bem? me ligando tão cedo assim, costumo pensar que alguém morreu.

── não. eu estou ótima, minha filha..
olha, eu não estou querendo ser chata e muito menos insistente, mas estou sentindo sua falta. ── a mais velha diz baixo, no típico e conhecido tom dramático que todas as mães usam.
── já fazem mais de três anos que não te vejo, você virou adulta longe de nós. até hoje não aceitei isso e tudo o que eu queria era ter minha família reunida neste ano. pelo menos, só pelo dia de ação de graças. ── falava tudo de forma apressada e eu sentia que estava magoada.

Eu sabia bem que havia sido uma péssima filha durante esses anos, sempre arranjando uma desculpa tosca para não voltar ao lugar. e o fato de não querer voltar para o lugar em que tanto me machuquei não conseguia justificar minha ausência com minha família e amigos, eu sabia bem disso. mas também, estava tentando evitar um recomeço de um ciclo encerrado com certo alguém, cujo todos sabiam o nome.

Mas isso não tinha nada a ver com a minha família, eu já tinha vinte anos, já não era uma adolescente aborrecente, teria que enfrentar meus medos, mágoas e paixões, como uma verdadeira adulta. por isso, suspirei fundo antes de falar as seguintes palavras.

── tudo bem mamãe, eu vou. ── respondo vendo a voz de minha mãe parar por alguns segundos, acho que ela estava surpresa, até eu estava.

── você vem mesmo filha? Isso realmente é sério mesmo!?!?
── perguntou desacreditada me arrancando um sorriso.

── Eu vou.. provavelmente levarei alguém comigo. ── ri fraco enquanto observava jacob, que estava passando direto para o banheiro, voltar e me olhar com os olhos arregalados. ── alguém não, seu mais novo filho adotivo.

── sem problemas, o importante é que você virá, querida! Seu pai ficará muito feliz quando souber disso. ── disse tagarelando e desligou a chamada.

── O que foi? Que cara é essa? ── O loiro veio até mim e se sentou na cama.

── nada, só.. arrume suas malas, estaremos voltando à nevermore.
── encarei o chão e ri. ── saudades de uma pizza de queijo e presunto.