PIZZA GIRL, wenclair

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NARRATIVA AUTORAL

Era irônico pensar que tudo que acontecia na vida da addams acabava se repetindo constantemente. A sensação tosca e horrenda havia voltado. ela via tudo se repetir, de uma forma lenta, nada sutil e extremamente dolorosa. Mais uma vez a addams se viu sem saída, o que deu lugar a um déjá vu nada bom.

Quando a sensação de gostar de alguém veio a si, ela recebeu de um jeito nada convencional, a barreira já estava criada. Seu bloqueio não era nada mais, nada menos, que timidez.
E então, ver enid indo embora, fazia lembrar-se da velha, dolorosa e muito conhecida sensação de abandono.

Enid passando por aquela porta dos fundos sem olhar para trás, a fez pensar que nunca mais teria outra conversa com a loira. nunca mais teria a chance de se redimir e assumir que o ato de enid no passado afetou a si mesma mais do que deveria. Talvez um dia ela assumisse que aquilo não deveria ter surtido tantos efeitos, mas de qualquer forma surtiu, e Wednesday não sabia lidar com isso. Talvez um dia aquela mágoa nada saudável que ainda existia dentro de si fosse para bem longe, mas não ali, não naquelas circunstâncias.

ao vagar pela cozinha, querendo sumir, ainda nervosa e meio frustrada, enid teve a visão mais aleatória de toda a sua vida. nunca imaginou que tyler curtia garotos, mas não estava surpresa. Jacob o agarrava pela cintura enquanto distribuía beijos ao redor de pescoço, fazendo o garoto abrir a boca incontáveis vezes, e até mesmo soltar suspiros pesados próximo ao loiro.

aquela cena era engraçada, mas também era estranha, enid se sentia constrangida e por isso deu um risinho baixo e passou por eles sem ser notada, não queria atrapalhar, claro que não, até porque, parecia estar ótimo. uma música alta e ao mesmo tempo agradável tocava na parte inferior da casa, a garota loira caminhava ainda meio desanimada. Aquilo havia tirado seu ânimo total. Wednesday a odiava, mesmo tendo negado, enid ainda achava isso.

── irmãzinha! ── parou assim que escutou um gritinho agudo vindo de Heather, a música estava alta então ela demorou para localizar a voz.
── você achou a wandinha? ── caminhou até a irmã em passos rápidos mas logo estranhando sua expressão. ── você está pálida.

── Wednesday está próxima á borda da piscina. ── sem mais delongas, se retirou dali, mas não antes de deixar um sorriso amarelo escapar por seus lábios. ── pode ir, eu estou bem.

Não acreditando muito naquilo mas também não querendo questionar, Heather também se retirou dali ainda meio desconfiada, e por outro lado, enid apenas seguiu seu caminho rumando em direção ao salão de festas da casa.
Quando finalmente passou por aquele corredor iluminado e vazio, enid caminhou até uma roda de pessoas mais velhas, cujos eram amigos ou conhecidos de seus pais.
Sentou-se em um banco aveludado e permitiu-se sorrir com as piadas de tiozão que seu pai soltava a cada cinco minutos. de início, achou aquilo sem graça, sem conversas fluídas, mas depois de alguns minutos, também entrou na conversa e começou a achar interessante.

── e então, com uma cartinha amassada, medíocre e cheia de garranchos, um ursinho de pelúcia que era da minha irmã mais nova e algumas flores que me custaram apenas cinco dólares, eu consegui conquistar Gwen stacy. ── seu pai dizia de uma forma convencida, jogando os cabelos grisalhos para o lado e soltando uma piscadinha em direção à sua minha mãe, fazendo todos rirem juntos na roda.

── E uma caixa de bombons vagabundos, Peter Parker Sinclair.
── a Sinclair o lembrou e ele sorriu sem graça, com as bochechas bem avermelhadas. a cena era cômica; seu pai envergonhado era muito fofo. enid sentia falta daquilo, das piadas, do bom humor, do romance chiclê no qual desde pequena ouvia seus pais contando, dos jantares em família & amigos, das risadas, das pessoas e da energia boa que sentia ao estar perto deles. ── isso serve de lição para os mais novos, e eu acredito que para conquistar alguém nós precisamos ser nós mesmos, então se alguém ama outro alguém de verdade não vai nem se importar com a sua condição financeira, não vai se importar com o que você tem,e sim com quem você é.