019

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Era noite quando saímos do aeroporto de NY, eu estava acompanhada de jacob, um intercambista vindo do Canadá.
Nos conhecemos em um after na casa de uma amiga em comum, no começo ele dava em cima de mim, mas sempre deixou claro a sua preferência por garotos. ele me ajudou a me adaptar melhor naquele lugar, e então quando começamos a dividir o mesmo prédio, viramos inseparáveis.

Jacob nunca me ouviu falar sobre nevermore e as coisas que haviam acontecido por lá, até porque, ele nunca perguntou, e eu sempre agradeci mentalmente por isso.

── está ansiosa? ── O garoto pergunta me fazendo virar a cabeça em sua direção. ── te vejo tão perdida nessa janela, nid.

── só estou.. pensando demais. ── eu suspirei, olhando a hora em meu celular. ── faltam exatamente duas horas para chegarmos lá. eu estou tão nervosa que acho que esse avião pode cair a qualquer momento, um míssil pode nos atingir ou o piloto pode dormir e nós podemos ter um desmaio ou-

── vira essa boca pra lá, garota! ── o mais velho tampou minha boca e eu dei um tampa forte em seu braço. ── aí! que mão pesada, nid.

── isso é para você aprender a não me interromper, jacob willians. ── eu o encarei fingindo uma expressão raivosa e ele revirou os olhos. ── quero ir para casa.

── já estamos chegando.

── lá não é minha casa.

── qual a definição de "casa" para você então? Porque New York definitivamente não é sua casa, e se sua cidade não for, eu não sei mais. ── eu ri fraco, encarando o chão.

── eu estou voltando justamente para me sentir em casa, Jacob. ── respondi encarando o mais velho. ── a minha casa não é especificamente uma casa, é uma pessoa. e com ela eu me sinto em paz, em casa, sinto que tenho um lar. 

── você nunca me falou que tinha alguém, Sinclair.

── todo mundo tem alguém.

── só a bailarina que não tem. ── cantalorou e eu ri, deitando minha cabeça no ombro do mais velho, adormecendo ali sem me importar.

Quando já eram seis horas da manhã o garoto ficou me chacoalhando no ombro até acordar, eu resmunguei mas mesmo assim ele continuava mandando eu abrir os olhos, me irritando profundamente, eu odiava que me acordassem cedo.

Olhos baixos e cansados, roupas amassadas tanto quanto meu rosto.
Era assim que eu me encontrava após algumas longas horas de viagem.

Meu corpo doia, assim como minha mente, pois sentia que estava voltando no passado. Eu tinha a sensação que tudo havia parado no tempo e eu ainda era a mesma enid de anos atrás. Ao pisar na velha e modesta cidade de nevermore várias coisas vieram a minha mente, pensamentos conturbados e lembranças boas, acompanhada de ruins.

Suspirei fundo olhando para o lado vendo jacob observar fixamente as pessoas vagando pelo local, ele tinha um semblante animado e descia do avião dando pequenos pulinhos divertidos. Eu não pude deixar de sorrir, afinal, ali estava a prova de que ir para NY sem mais nem menos não foi em vão. Eu havia ganhado um melhor amigo confiável e que consequentemente sabia de todos os meus segredos, quase todos.

Eu estava nervosa, neste momento estava enfrentando algo que achei impossível acontecer um dia, mas era só olhar ao redor, que eu sentia milhares de lembranças invadindo e sufocando de uma maneira nada legal a minha mente. Não tinha mais para onde correr, eu havia evitado aquele lugar por três malditos e longos anos. Eu evitei minha família, evitei meus amigos, conhecidos e qualquer tipo de coisa que me lembrasse aquela garotinha inconsequente, não que eu tenha mudado muita coisa, mas isso é o de menos dentre assuntos relevantes.

PIZZA GIRL, wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora