A tragédia

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Pensei que eu ficaria me seguindo e observando tudo, mas a cada momento mudava de cena, como se fosse para responder às perguntas que tinha em mente. Agora eu estava em uma casa humilde, não pobre, mas também não luxuosa como o palácio. Era de madeira, simples e arrumadinha, um quarto só meu e uma criada. Estava com o rosto descoberto, normal, sem aquela cicatriz debaixo da máscara, com o mesmo rosto que tenho agora.

Estava me preparando para ir ao mercado ver tecidos para um vestido novo, meu vestido de casamento com o Seung. Fui prometida para ele desde pequena em um acordo entre nossas famílias, acordo esse que nunca me importei, como uma boa filha acataria a decisão dos meus país.

Porém, foi nesse dia que vi o homem mais lindo da minha vida, assim achava. Escolhi o tecido para meu vestido e vi ele passando pela rua movimentada. Estava cercado de pessoas e só pude ver seu rosto bem rápido, mas nunca mais esqueci, uma beleza marcante, olhos intensos e cabeça elevada, imponente.

Voltei para minha realidade e escolhi o tecido, paguei indo para a rua comprar alguns doces para minha mãe, ela amava os biscoitos de mel.Distraída não vi a multidão voltando e esbarraram em mim, jogando o pacote que carregava no chão, todos meus doces na terra.

— Minha senhora, está bem? — Sonmi perguntou e eu bati a terra da minha veste, cai de joelhos na tentativa de não deixar cair os doces.

— Tudo bem, Sonmi, não me machuquei — Até que senti um ardor na mão e vi uma de minhas mãos arranhada, com gotas de sangue aparecendo.

— Deixe-me ver — pegou minha mão e olhei para quem segurava — Tem que limpar — Diquei presa em seu rosto, não pensei que sua voz era grossa e aveludada ao mesmo tempo.

— O que está fazendo a menina? Se curve diante do príncipe — Olhei para o homem que estava ao lado do homem que segurava a minha mão.

— Oh, me desculpe — Puxei minha mão e me curvei ao homem, voltando à posição normal e olhando para o chão .

— Não precisa fazer isso, peça desculpas a ela — Levantei a cabeça surpresa — Está esperando o que? — Engrossou a voz e o homem ao seu lado ficou com a cara contorcida em desagrado.

— Me desculpe, senhorita, não foi minha intenção te ofender.

— Te acompanho até sua casa, mas antes vamos comprar seus doces de novo — Olhei para o chão lembrando dos doces — Pareceu tão chateada com eles que nem sentiu a dor do machucado.

— Não precisa majestade.

— Não me chame assim, meu nome é Taehyung, me chame pelo meu nome, por favor! — Pediu para seu criado comprar os doces e ficamos olhando um para o outro até a volta do homem.

Agradeci me curvando novamente para ele, como dito me levou em casa e não pude deixar de ficar lisonjeada. Estava sentindo tudo que minha outra eu sentia, e aquela sensação começando a borbulhando o estômago começou. Chegou em casa e ele se despediu seguindo seu caminho, ela correu e foi para o pequeno muro que tinha e o observou até sumir de vista.

O sorriso evidente e os batimentos acelerados, se apaixonou na primeira olhada nele e agora ela estava começando a ter pensamentos próprios, como se a bolha em que vivia finalmente estivesse estourado. Poucos minutos depois seu noivo apareceu no portão a sua procura, ele tinha um olhar preocupado e correu para ela assim que a viu perto do muro.

— Acabei de saber que se machucou, está bem? — Tinha a voz doce.

— Foi apenas um arranhão — Mostrei a mão e ele assentiu ficando tranquilo.

— Soube que o príncipe te acompanhou até aqui, por que? — Agora sua feição era de dúvida com algo desconhecido, que só soube mais tarde do que se tratava.

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