EUTHANASIA: SPARE ME YOUR MERCY [NOVEL]

8. O FARMACÊUTICO

Um menino de uniforme escolar correu na direção da enfermaria feminina. Ele encontrou uma enfermeira, mas nem teve tempo de se desculpar. Seu rosto estava encharcado de suor e suas palmas estavam suadas. Quando chegou ao destino, correu para a cama número 5, onde sua mãe estava deitada.

O menino parou de repente quando viu que a cama número 5 estava cercada por estudantes de medicina e enfermeiras, e um médico estava de pé na cabeceira da cama. Usando uma barra de metal, o médico tentava abrir a boca de uma paciente para inserir um tubo endotraqueal. O paciente naquela cama lutou. Havia um som sibilante em sua garganta. O menino viu muco misturado com sangue escorrer do canto da boca.

— PARE — O menino, que acabara de chegar, gritou a plenos pulmões. Todos os olhos das pessoas naquela área estavam sobre ele. Seus olhos estavam vermelhos enquanto ofegava —  EU DISSE PARE!!!

O residente que tentava inserir o tubo nem se deu ao trabalho de erguer os olhos. Depois de inseri-lo com sucesso, ele rapidamente pegou o estetoscópio em seu ombro para se certificar de que o tubo entrasse na traquéia, não no esôfago.

— A paciente começou a ter insuficiência respiratória. Não tive escolha.

O menino abriu caminho no meio da multidão para ficar na frente deles para olhar para sua mãe que parecia inconsciente no momento. Uma quantidade assustadora de sangue misturado com muco apareceu no tubo endotraqueal e a enfermeira estava sugando o muco dele. Cada vez que o tubo entrava em sua traquéia, o rosto de sua mãe revelava uma expressão de dor e era muito doloroso para um filho como ele assistir.

— Mamãe.. — A visão do menino embaçou conforme as lágrimas surgiam. Uma das enfermeiras se aproximou dele e tentou puxá-lo para fora.

— Ela já passou por muito... não a machuque. — A enfermeira olhou para ele com simpatia. — O médico estava fazendo o possível para ajudar sua mãe. Você vai se sentar do lado de fora primeiro.

— Não há cura para a doença dela... — Lágrimas escorriam pelo rosto do menino, seus olhos estavam escuros e vazios — Por que o médico tem que machucar ela de novo?

A jovem enfermeira ficou um pouco surpresa antes de conduzi-lo para a sala de espera em frente à enfermaria.

— Espere aqui.

Quando a jovem enfermeira voltou ao seu trabalho, o menino se levantou, caminhando em direção à porta da enfermaria. Ele tentou encontrar um local onde pudesse ver sua mãe. O menino chorou ao ver o médico, que previamente inseriu o tubo em sua mãe, subiu na cama e apertou as duas mãos no peito dela com ritmo constante. 

— Mamãe... — O menino de uniforme escolar caiu de joelhos. Ele tentou se segurar em uma parede com uma mão. — Doutor... Mamãe não quer mais sentir dor. Doutor pare de fazer isso com ela... 

Os corações dos espectadores se encheram de pena pelos soluços de cortar o coração do menino. As memórias de quando ela estava recebendo tratamento neste hospital voltaram à mente do menino.
Sua pobre mãe foi diagnosticada com câncer de ovário em estágio avançado, onde o câncer se espalhou para outros órgãos, e ela estava sofrendo com os efeitos colaterais da quimioterapia. Seu rosto bonito começou a ficar magro. Seu cabelo sedoso, longo e preto caiu, apenas pequenas manchas permaneceram.

— Se eu entrar em uma faculdade de medicina, vou encontrar uma maneira de tratar você, mãe. Você tem que esperar até que eu me torne um médico! — O menino disse enquanto segurava as mãos dela. Sua mãe olhou para ele e sorriu gentilmente.

— Você não deve tratar apenas a mim, querida. Se você se tornar um médico, você também deve tratar os outros — Suas mãos extremamente finas seguram as do filho com firmeza — Se for possível, seja o médico que não cura apenas a doença das pessoas, mas também as ajuda a eliminar o sofrimento que eu tenho sofrido. Faça com que os pacientes doentes como eu aceitem sua doença, aceitem o caminho da natureza. E traga esses pacientes para a paz no final de suas vidas, filho. 

Após um longo período tentando salvar a vida, a mãe do menino morreu com o tubo endotraqueal ainda na garganta. Tubos intravenosos ligados a frascos de solução salina, antibióticos, estimulantes cardíacos e linhas de monitoramento hospitalar estavam ligados ao seu redor. O lençol ainda estava úmido de muco e sangue durante o processo de coleta de sangue.