Garoto de programa

Dificil Decisão!

Denis narrando

Após o enterro

-Então Denis...
Tio Jorge aparentava nervosismo
 -vou precisar de você no Rio.
Ele disse 7 dias depois o enterro da mãe de Maria. Tio Jorge está abrindo uma filial no Rio de Janeiro da Jorge Auto peças.
-o que? Eu, porque?
Achei super estranho tio Jorge me pedir isso.

-Sim mas...
Ele coçou a cabeça nervoso
- será por pouco tempo, dois ou três dias no máximo.
Ele caminhou até a janela da nossa sala, e ascendeu um cigarro.
-como você sabe estou expandindo os negócios pra lá.
-eu sei mas...
Ele me cortou.
 Tinha algo errado com ele, eu o conhecia bem e sabia ler os seus sinais

-não confio em mais ninguém pra acompanhar os detalhes finais antes da inauguração.
Ele dizia tudo sem me olhar mas tio Jorge gostava de conversas olho no olho, segundo ele os olhos são as janelas da alma
- E Júnior?
Perguntei de braços cruzados, vendo ele me encarar
-ele é o herdeiro.

Falei de forma grosseira e obtive sua atenção, pelo meu tom de voz
-seria bom pra ele, pra conhecer e entender os processos desde o inicio.
Amenizei minha fala, vendo que passei um pouco do ponto, afinal eu sou apenas o empregado.
-Junior tá enrolado com a noiva e sua família...
Ele abaixou a cabeça quando citou a família da noiva...estranho
-ele não teria cabeça pra um negócio desse porte no momento.

Ele caminhou até mim
-toda a equipe já está montada e treinada, não será difícil para você
Ele segurou meus ombros mas não olhou em meus olhos.
Quando ele me segurava assim e olhava em meus olhos, eu gostava.
Era uma forma de dizer que confiava em mim, que acreditava em meu potencial.
Mas hoje ele não me olhou, ele não queria que eu visse sua alma.

-entendo mas tio Jorge, tem a questão da saúde da minha mãe ....
Ele me cortou
-não se preocupe com a sua mãe...
Ele bateu em meu ombro
- já contratei uma enfermeira de minha inteira confiança, pra ficar com ela esses dias.
Minha mãe está aguardando os resultados dos exames para marcar a cirurgia.
-o que, porque? 
Eu estava atordoado

-e fique tranquilo será tudo por minha conta, esse serviço.
Arquei uma sobrancelha
- Não vou descontar nada de você.
Eu sempre admirei e confiei no tio Jorge mas olhando pra ele agora, eu não sinto mais a mesma confiança de outrora.
-parece que o senhor já pensou em tudo não é?
Ele sorriu meio amarelo, tem algo de errado nisso
-tudo bem...
Disse conformado
-quando o senhor quer que eu vá?

Perguntei desconfiado.
-amanhã.
Arregalei os olhos
- de manhã vai acontecer uma inspeção lá e quero que você acompanhe tudo.
Ele se sentou na cadeira e era visível seu alívio pelo meu sim.
-Va pra casa arrume suas malas e passe o resto da tarde com sua mãe, e Maria...ela aceitou ser sua namorada?
Ele disse rindo mas não respondi sua pergunta e me mantive de sério e de braços cruzados.

Desde o nosso primeiro beijo, eu me vi apaixonado por ela e comentei com ele que estava decidido a pedi-la em namoro mas as coisas foram acontecendo tão rápido, que acabou ficando em segundo plano.

 -explique a situação para elas, elas vão entender

Ele olhava para a própria mão.
-diga que é pouco tempo enfim... eu conto com você filho.
Na mesma hora veio as palavras de minha mãe na minha cabeça só tu não vê que ele o engana. Ali tive a certeza tio Jorge está me enganando, não sei como e nem o porque mas eu sei que está.

Dias atuais

Já tem 15 dias que eu estou aqui no Rio de janeiro fazendo absolutamente nada.
Não tem o que ser feito na verdade, as instalações estão todas ok, os funcionários estão todos treinados e as máquinas todas posicionadas nos seus devidos lugares.