Garoto de programa

Quem Tem Um Amigo...

Junior narrando

A cadeia me ensinou muitas coisas mesmo sendo poucos dias, foi o suficiente para me ensinar lições que eu não aprendi durante a minha vida inteira. E uma dessas lições é estar sempre alerta, sempre ligado e desconfiado.
E por eu estar com esse sentido de perigo sempre ligado foi facil perceber que eu estava sendo seguido.
Eu não saberia dizer por que mas eu sei por quem.
Sem dúvida tem o dedo daquela vaca maldita,velha desgraçada da Dayse mas ela acha que eu sou bobo? Que eu sou otário?
Não, não.
Eu aprendi direitinho com ela a me cercar e garantir a minha integridade.

Faz poucos dias em que eu estava voltando de uma boate, foi a primeira vez que percebi um carro.
Eles me seguiram por uns 4 km pisquei o farol dando passagem mas eles continuaram atrás de mim, aquilo levantou minhas suspeitas.
Então comecei a entrar em ruas aleatórias e o carro atrás de mim, do nada tentaram me ultrapassar em uma curva.
Quando percebi a manobra dele, fui mais rápido afinal eu conheço as ruas desse Nordeste, como a palma da minha mão. Conheço becos que nem mesmo a polícia conhece e foi assim que eu consegui despistá-los.

Alguns dias depois indo a oficina do meu pai, notei que tinha uma moto me seguindo, como a moto era mais rápida me deu mais trabalho para conseguir despistá-los.
Precisei entrar no shopping e deixar o meu carro no estacionamento, chamei um uber para chegar na oficina. Por que se eu voltasse no estacionamento com certeza me pegariam.
E foi pensando nisso que hoje eu tomei uma decisão.
-vou garantir que se eu morrer minha morte não será em vão, eu posso até cair mas levo a velha desgraçada junto comigo.
Pensando assim procurei alguém isento e idôneo que eu sei que pode me ajudar. -Júnior?
Ele me olhou meio impaciente
-  o que você quer cara?
-Oi Denis
Disse nervoso olhando para os lados enquanto Denis olhava para minhas mãos, vendo uma pasta transparente nelas.
-eu já não disse para você que não tenho interesse nenhum em desmascarar Miss Daisy?
Ele respondeu ríspido.
- não quero entrar nesse jogo de vocês -tudo bem Denis, posso entrar?
Perguntei nervoso, eu precisava sair da rua.

Dessa vez nao fui já que dessa vez não fui seguido, porque saí de casa camuflado. Chamei um carro de aplicativo e sai abaixado no banco de trás; só assim para conseguir chegar aqui sem ser notado.
-eu não acho que seja uma boa ideia cara.
- Denis é urgente.
Ele me encarou com uma sobrancelha erguida
-eu te peço, pelos anos de amizade que nós tivemos, por todo carinho que você já sentiu um dia por mim...
Eu estava me humilhando
- por favor me deixa entrar.
Denis olhou para mim por alguns segundos, tentando lutar e negar o meu pedido.
- cara foi mal mas a Maria tá aí, ela tá grávida...
Ele coçou a cabeça
-ela não pode se aborrecer
- Denis eu imploro eu prometo a você que não vou levar mais de 10 minutos, e se for da sua vontade eu nem olho para Maria.
Falei firme
-ela pode ficar no quarto esperando enquanto a gente conversa na sala.
Ele bufou resignado e enfim me deu o espaço para entrar.
-tudo bem cara mas você só tem 5 minutos.
-ok, isso já é o bastante pra mim.
Entrei satisfeito sabendo que mais cedo ou mais tarde, Daisy vai ter o que merece.