...Tem Tudo!

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Junior narrando

Entrei e fui direto ao assunto.
-Denis, eu tô sendo seguido por uns caras.
Ele cruzou o braço e me encarou -amando da Daisy, aquela velha maldita.
Bufei de raiva de lembrar da desgraçada.
- e eu preciso alertar você...
Ele me cortou
-cara na boa, eu não quero saber
-me escuta cara,  ela não vai parar.
Falei firme
-não enquanto ela não destruir a sua mãe.
Denis me olhou arregalando os olhos
-esse sempre foi o plano dela, desde o início...
Chegou a hora de contar toda a verdade
-tudo o que aconteceu com você na verdade, era uma forma de atingir a sua mãe.
Denis se sentou atônito
-então não pense você que só porque não quer se juntar a nós, eu, seu pai e o meu pai; para destruir a vagabunda que você tá fora do alcance dela.

-do que voce ta falando Junior?
- cara você é ingênuo ou é burro mesmo? -é sério isso Júnior?
Ele estava perdendo a linha
- com a Maria grávida...
Aquelas palavras amargaram minha boca
- e você ainda fez o favor de explanar nas redes sociais cara.
Ri sem humor
-depois de tudo que você me fez...
Ele se levantou e cruzou os braços bolado.
- você vem na minha casa para me ofender?
- não cara..
Passei a mão no cabelo
-você ta nervoso, eu vim para te alertar.
Me pus de pé também
-você acha que só evitar a Daisy vai fazer ela te esquecer, mas não vai.
Afirmei
-ela tá esperando o momento certo para te atacar, e ela vai atacar aonde mais dói em você.
Ele andou pela sala pequena
- minha mãe e Maria...
-e agora no seu filho também.
Ela não desistiu de você ou te esqueceu.

Ele parou de andar e me olhou.
- você desistiu de ganhar dinheiro com o seu corpo, mas ela não desistiu de você.  -fala baixo caralho
Ele me respondeu me fazendo olhar estranho para ele.
- fala baixo porque?
Ergui uma sobrancelha
-você não contou para a Maria o que você fazia?
-eu não tenho que dar satisfação da minha vida pra você, só fala o que você tem que falar e sai da minha casa.
-tá bom
Abri a pasta que eu tinha trago e tirei os documentos de dentro, esticando a mão para ele.
-vai, pega cara.
-o que é isso Júnior?
Ele me olhou desconfiado
-pega cara
Ele continuou de braços cruzados e eu me irritei, caminhei até ele e soquei os papéis no peito dele.
-isso vai ser a sua salvação.
Ele segurou os documentos sem deixar de me olhar.

-pode não ser a minha, porque eu sei que eu tô marcado mas pode ser a sua.
-Junior eu não quero....
Cortei ele
- se você não acredita em mim tudo bem.
Ergui as mãos em forma de rendição
-guarda esses papéis e se alguma coisa acontecer comigo, me promete...
Eu estava emocionado e nervoso.
- que assim que você ficar sabendo que eu me fodi, você vai para a capital...
Tomei fôlego
-vai entregar esses documentos nas mãos da doutora Lídia.
- Lídia?
Ele pergunta incrédulo.
- Lídia a advogada famosa?
- isso essa Lídia, eu quero que você entregue os documentos nas mãos dela.
Ele riu sem humor
-Denis,  ela é a única que não vai se vender para Daisy, só ela que não será atingida pela influência dela.
--porque tá fazendo isso?
- porque Lídia não tem rabo preso com ninguém, então somente ela para conseguir livrar você e o meu pai da Daisy.
Respirei fundo e Denis também.
- me promete cara, por todos os anos de amizade que nós tivemos, por tudo que a gente já viveu ...me promete que se acontecer qualquer coisa comigo...
Eu estava ofegante
-você vai procurar a Lídia e vai entregar os documentos?
- por que que você mesmo não faz isso?Ele nao confiava mais em mim.

-procura você então a dra. Lidia e entrega os documentos,de verdade Júnior...
Ele bufou jogando os documentos no sofá
-eu não acredito que você esteja correndo perigo e tão pouco acredito que esses documentos realmente valiam alguma coisa...
Ele voltou a cruzar os braços
-porque se valessem, por que então você já não se livrou dela?
Ele limpou o nariz rindo sarcástico
-tá que ela ferrou a minha vida,ferrou sim, mas ela ferrou muito mais a sua.
Ele apontou o dedo pra mim
- ou você acha que eu não já não fiquei sabendo, o que você passou na cadeia?
Ele me olhou com desprezo
-ao contrário de você, eu fui parar naquela prisão injustamente.
Denis tinha rancor na voz
-e eu fiz amigos la dentro, e um desses amigos me disse que você quase...
Ele riu sem graça balancando a cabeca negativamente.
-quase...
Ele não completou a frase, mas só de lembrar os dias maus que eu passei naquele lugar, meu corpo chega a estremecer.

- é verdade...
Eu não tinha como negar e nem o porque.
-quase mas não aconteceu.
Ele voltou a me encarar
- e por que eu mesmo não faço isso?
Olhei pra porta
- porque eu não chegaria vivo na capital, eu já te disse que tem homens atrás de mim.
Bati no meu peito
-pra onseguir chegar aqui hoje, eu precisei chamar um carro de aplicativo me baixar no banco de trás e vir até aqui encurvado; para garantir que ninguém ia me ver.
Olhei pra janela

- meu prédio está cercado cara, a oficina do meu pai está sendo vigiada e não duvido nada que até a sua casa; está sendo vigiada.
Na mesma hora Denis olhou pela janela -então só me prometa que se acontecer qualquer coisa comigo, você vai procurar Lídia e vai entregar esses documentos.
Ficou um silêncio enorme entre nós dois, Denis não queria acreditar em mim  e eu o entendo.
Diante de tudo que eu fiz isso era aceitavel.
-mas que cara idiota é voce hein...
Eu nao tinha tempo pra enteder os medos dele.
-cara sem isso suas chances de se livrar de uma vez por toda e viver feliz com a mulher que tanto ama...
Foi duro dizer isso

-sao zero, e você  não é capaz de agarrar essa oportunidade ?
-ele promete
Ahh aquela voz...
Meu corpo todo retesou, aquela voz, a voz que por um bom tempo habitou meus sonhos e atormentou meu juízo.
-preta...
Denis disse olhando atrás de mim
-eu prometo por ele Júnior...
-Maria vamos conversar melhor...
Ela cortou Denis
-fique tranquilo.
Ela disse firme
-se qualquer coisa acontecer com você, eu mesma vou procurar Lídia e entrego para ela os documentos.

Respirei aliviado ouvindo o som daquela voz, me deliciando com o som.
Maria era minha obsessão mas depois do que eu vivi na cadeia, eu não teria coragem de forçar nenhuma outra mulher a ter nada comigo.
Nem mesmo Maria.
-obrigado Maria, isso...isso é muito importante para mim .
Disse de cabeça baixa, sem me virar em sua direção.
- o seu tempo acabou cara.
Denis disse indo até Maria e por um segundo eu senti uma inveja fodida desse cara.

Eu sempre quis atenção que ele tinha do meu pai, sempre quis o amor de mãe que ele tinha de dona Emma, queria o respeito que os caras da oficina tinham por ele e não tinha por mim, que era herdeiro.
Depois que conheci Maria e queria que ela me desejasse, como ela o desejava; e quando conheci  Daisy queria que ela movesse céus e terras por mim, como ela movia por ele.
E por fim mas não tão importante queria que Tiffany me amasse, como ela amou o Denis; era um amor obsessivo  diga-se de passagem mas ainda sim era amor.
Parando para pensar agora, Denis tinha tudo, e eu só tinha dinheiro e status.
Eu vivi a minha vida inteira em função do Denis, querendo ter o que ele tinha mesmo sem perceber.
-valeu cara por ter me recebido
Sai dali frustrado, decepcionado comigo mesmo e um sentimento de sei lá incompetência.
Eu estava incompleto chamei o carro de aplicativo que graças a Deus não demorou, cheguei em casa decidido.
- o Nordeste já não é mais o meu lugar.

Ri de mim mesmo
- eu quis tanto ir embora daqui, viver em outro lugar mais chique,mais badalado,mais ostentação...
Meus olhos brilharam com a lagrima brincando em meus olhos
-agora tudo que eu queria era ficar na minha terra, na minha casa e assumir os negócios do meu pai, negócios esses que eu nunca quis. 
Que ironia
-eu tinha uma vida simples e nao dei valor e agora....
Meu pai sempre disse que a vida ensina, ele.estava cerro.
- se eu quiser viver, eu preciso ir embora do Nordeste, ficar longe do alcance de Daisy
Era isso
- São Paulo ou talvez  em Minas sei lá... Pensando nisso eu arrumei minha mala quando o meu pai chegar eu explico para ele toda a situação, e decido pra onde ir.
-vida nova aqui vou eu!

Garoto de programaOnde histórias criam vida. Descubra agora