23. Mishpaha

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Pérola


As lembranças do dia em que sofremos outro ataque e perdemos o meu pai vieram como uma enxurrada na minha mente.

Meu coração ficou apertado e uma angústia se instalou no meu interior.

Meus batimentos cardíacos estavam acelerados, mas eu tentava não transparecer minhas emoções, pois aparentemente todos estavam aflitos.

Minha mãe e Kiara estavam montadas em cavalos diferentes cada uma acompanhada de um Guarda Real. Eles estavam alertas. Eu seguia no mesmo cavalo que Christian, assim como no dia do ataque.

Eu não percebi que estava tão nervosa até que senti meus braços doerem pelo esforço que estava fazendo ao apertar a cintura de Christian. Eu tentei segurar com mais leveza, pois sabia que cavalgar durante a noite não era uma tarefa fácil, ainda mais com uma pessoa atrás sufocando.

Após alguns minutos de silêncio, Christian colocou uma mão sobre a minha. Ele virou um pouco o rosto para que eu pudesse vê-lo ainda que estivesse escuro.

-Eu estou aqui. Ninguém vai machucar você e nem a sua família, Pérola. -Ele afirmou.

Eu apenas assenti e retribuí o aperto na mão dele. Durou apenas alguns segundos, mas me senti confortada. Logo ele voltou a colocar as duas mãos nas rédeas do cavalo.

Quando chegamos no Castelo, haviam soldados espalhados por todos os lados.

Descemos dos cavalos e encontramos alguns funcionários do palácio com expressões preocupadas e soldados amontoados.

-O rei chegou! -Começaram a sussurrar entre si.

-Majestade. -Um soldado ensanguentado e com um olho roxo disse.

-O que aconteceu lá? -Christian perguntou.

-Conquer invadiu o oeste de Hézeq. -Ele disse ofegante. -Eles... Os soldados de Conquer...Eles mataram todos.-O soldado disse com uma expressão de dor no rosto.

-Como assim? E as crianças? Os idosos?

-Rei Christian, não sobrou ninguém. Eu vi com meus próprios olhos. Mataram crianças, idosos, mulheres...Eu vi quando arrancaram recém nascidos de suas mães e cortaram suas gargantas. -O soldado falou com dificuldade.

-Meu Deus! -Falei cobrindo a boca com a minha mão.

-Eu tinha parentes lá! -Alguém deu um grito angustiado.

-Por favor, tem que haver um engano! O meu filho estava lá de passagem, voltaria em dois dias! -Uma senhora comentou e logo desfaleceu nos braços de pessoas que estavam por perto.

-Como você conseguiu escapar? -Ícaro perguntou.

-Eu não escapei. Eles só me deixaram vivo para transmitir esse recado. -Ele pegou um papel amassado e entregou nas mãos de Christian.

Christian pegou o papel e leu. Todos olhavam para o seu rosto com expectativa.

Ele leu. Olhou para todos nós e apenas disse:

-Ícaro, preciso que me acompanhe. Peço licença a todos. -Ele disse fazendo uma rápida reverência.  

  

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