Eu fingi que não vi ele olhar para o meu decote quatro vezes... bom agora cinco. Botei um sorriso no rosto e deixei acontecer por alguns segundos. Eu já tinha feito essa escolha péssima e agora precisava pensar em como eu sairia daquele encontro.
O nome dele era... Kanji, como eu poderia me esquecer? Era o mesmo nome do meu irmão morto. E além disso ele nem era bonito.
Eu estava realmente bêbada na noite passada para ter ficado com ele, e um pouco solitária para não ter ido tomar um café da manhã com Kiyotaka que é meu amigo, e escolher tomar um café com um cara que nem sequer fazia questão de perguntar algo sobre mim, não era nada que envolvia amor próprio da minha parte.
Minha vida romântica mal começou e já acabou. Decidi que se eu tivesse que me apaixonar por alguém isso simplesmente iria acontecer naturalmente. Eu não vou ter que ficar meia hora, que pareceria mais uma tortura ouvindo sobre um homem bem sucedido. Se fosse para fazer isso eu iria preferir deixar Gojo falar por horas, pelo menos ele era meu amigo.
Consegui ver as mangas das roupas amarrotadas no momento em que ele estendeu a mão em minha direção. Ele ajeitou a mecha ruiva que caia por meu rosto para trás da orelha, quase recuei no momento em que ele fez isso, mas não fiz e apenas olhei pra ele dando um sorriso forçado.
— Seus olhos são... uau, são lindos — ele disse com o seu tom de voz que era tão grave.
São comuns eu pensei. São apenas olhos castanhos de uma pessoa ocidental. O que talvez não sejam tão comuns aqui.
Raros ou não, esta estava sendo a primeira coisa que ele falava sobre mim naquela conversa.
— Obrigada.
Ele não descobriu nada de mim na última meia hora que estivemos juntos "conversado" se é que ele chama isso de conversar. Enquanto eu neste tempo todo descobri que ele era empreendedor, que adorava falar do trabalho, que tinha um filho de dois anos, mas não se dava bem com a ex-esposa e que não gostava de mulheres que falam muito, ou simplesmente não gostava de mulheres. Esse eu presumi pela forma em que ele não deixou com que eu falasse nada, ou deu espaço para que eu desse minha opinião.
— To indo no banheiro gatinha — ele disse passando na minha frente colocando a mão em meu ombro.
Revirei os olhos e concordei com cabeça, no momento em que perdi ele de visão. Mandei uma mensagem para Nanami pedindo para que ele me ligasse em cinco minutos fingido uma emergência. E Nanami como gentil e altruísta como ele é logo respondeu e concordou com o meu pequeno plano de fuga.
Em menos de cinco minutos Kanji retornou sentou à minha frente sorrindo como um bobo.
— Os croissants aqui são ótimos, você quer um?
— Eu...
O meu celular começou a tocar no meu colo e eu e fingi de surpresa, peguei ele e virei para o homem tão breve, mas ainda fazendo questão de que ele tenha visto que estavam ligando para mim.
— Eu preciso atender — eu disse. — Desculpa, é do trabalho.
Eu atendi o telefone.
— Você precisa que eu te busque ai? — Nanami perguntou.
— Não, tá tudo bem. Eu só... droga. Eu preciso ir mesmo? — perguntei usando todas as minhas habilidades teatrais mesmo sem nunca tido feito teatro. — O Kiyotaka não está ai para ficar no meu lugar? Tudo bem, eu já vou indo, eu chego rapidinho.
Desliguei o telefone ouvindo a risada dele do outro lado. É claro que ele estava rindo da minha cara, porque ele não riria. Esse era o passatempo preferido dele. Rir de mim.

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𝐌𝐲 𝐦𝐚𝐧; Nanami Kento
FanficMai, uma feiticeira de segunda classe de jujutsu, tenta virar uma feiticeira de primeira classe quando desiste de sua vida romântica que já estava parada. Então ela julga não precisar disso e aceita que um dia ela talvez consiga se apaixonar de verd...