Eu o tirei dali o mais rápido que pude, o desespero estampado em seus olhos me fez derramar lágrimas silenciosas enquanto o levava comigo. O olhar rápido que troquei com meu pai foi apenas de confirmação: de que eu estava e ia ficar bem e confirmar que eu iria tirar meu parceiro dali.
O cuidado redobrado para não tocar fisicamente nele foi imenso, se eu o tocasse antes de costurar o corte e retirar o veneno, ele morreria... O nome "toque letal" me agonia pela primeira vez.
- Você está comigo, morceguinho...- Sussurro ao deita-lo no sofá do meu apartamento. - E eu não vou a lugar nenhum.O deixo ali e vou procurar o kit de primeiro socorros para costurar o corte, felizmente aquele cretino me pegou de raspão... O corte estava ardendo, mas meu foco estava no homem apagado no meu sofá, toda a minha linha de raciocínio estava no que havia descoberto sobre a cadeia de fatos que acobertava todo o emaranhado de mortes e jogos de poder caiu por terra quando vi o desespero tomando a pessoa que eu estou fadado a amar.
Enquanto limpava o corte eu ouvia ele se mexer no sofá, se fosse em uma situação normal iria torcer para que ele caísse do sofá, apenas para alegrar meu dia... Mas não, a única coisa que eu quero nesse momento é que ele acorde e comece a gritar comigo para depois voltar a sua versão normal.
Durante esse momento de pensamentos e a formação da imagem mental dele rolando do meu sofá eu o escuto arfar e acordar assustado.
- Nyx! - Isso soa quase como um grito desesperado, ele olhava ao redor procurando uma ameaça até seu olhar achar o meu. Azriel levanta como um raio e quando percebo ele está na minha frente, segurando meu rosto entre suas mãos enquanto seus olhos âmbar vasculham o meu rosto.
- Oi.- Sussurro, como um coelho assustado.
- Oi? Você some e volta com um ferimento envenenado e a primeira coisa que me diz é "Oi"?- Ele rosna.- Eu não sei se quero te esganar, te foder ou fazer um curativo! Você está ficando maluco?
- Acalme-se ...- Obviamente palavra errada.
- Não me diga para me acalmar, porra!Entre gritos e rosnados ele me pega pela cintura e me coloca encima da bancada da cozinha, ofego pela dor e pela sensação da sua mão em mim.
- Onde está a caixa com os curativos? - Pergunta resmungando.
- Tem que costurar com linha de bronze.- Respondo ainda com a voz baixa.
- Linha de bronze? Onde diabos você se meteu?Dou de ombros, ele não precisa saber a quantidade de seres que queriam a minha cabeça em uma bandeja de prata.
- Não de os ombros para mim! - Rosna, pegando a gaze que eu estava usando e passando sobre o ferimento. - Você disse que o ferimento era letal, mas aqui parece inofensivo. - Sua voz se torna fria, como se eu o tivesse o afastamento por nada.
- Olhe para mim. - Digo para ele, que prontamente me ignora, suspiro sabendo o quão cabeça dura ele é. Opto pela solução mais fácil que é tomar seu rosto em minhas mão e o fazer olhar para mim. - Ele é letal, para você... Eu estou acostumado com esse tipo de ferimento, não ache que o afastei por que não o queria perto, te afastei para te proteger.Assim que termino de falar, aproximo seu rosto do meu e deixo um selinho em sua testa. Ele pisca, uma, duas, três, quatro vezes.
- Não precisa me proteger, sou velho o suficiente para ter experiência para isso. - Resmunga como um bebê birrento.
- E eu sou muito mais velho que você, não me diga quem proteger ou não. Principalmente se tratando de você.
- Mais velho?- Pergunta ignorando a minha mini declaração fofa.
- As linhas temporais funcionam de forma estranha.- Essa é minha única resposta.
- Quantos anos tem?
- O suficiente. - Agora é a minha vez de soar como um bebê birrento.Ele bufa com a resposta mas deixa o assunto de lado, ficamos em silêncio por alguns minutos, ou pelo menos até ele limpar o ferimento. Quando ele termina de limpar ainda é visível a marca roxa do veneno, um líquido que era retirado apenas com uma seringa.
- Pegue a seringa, por favor.- Digo com uma voz mansa, vendo sua expressão confusa ao procurar a seringa. - Está no fundo da caixa.
- O ferimento está limpo, por que precisa de uma seringa?- Pergunta enquanto me entrega a seringa.
- Vou extrair o veneno.- Respondo posicionando a ponta do objeto no corte.- Depois de extrair é só costurar e estarei novinho em folha.
- Extrair o veneno?- Rosna ele.
- Sim... Assim que terminar vou te levar de volta a Velaris.- Respondo calmamente.
- Não estamos em Velaris?
- Não.- Digo rapidamente. - Se quiser olhar o apartamento enquanto eu termino aqui, fique a vontade.
- Onde estamos? - Pergunta.
- Vá conhecer o apartamento...
- Eu te fiz uma pergunta!- Diz irritado.
- Na primeira resposta achei que tinha ficado óbvio que onde estamos não vem ao caso. - Respondo calmamente.
- Se não vai me dizer, irei descobrir sozinho.- Fala indo em direção a porta, seus passos ecoavam por todo o local.
- A única coisa que vai conseguir fazer é se perder... Então, ou vá conhecer o apartamento ou eu irei amarrar você em uma cadeira. - Meu tom de voz não muda. Não preciso olhar para ele para saber que está fervendo de raiva, continuo a fazer .
- Vai me trancar nesse lugar? Igual Tamlin prendeu a sua mãe?- Vejo a raiva faíscar em seus olhos enquanto diz essas palavras. - É assim que vai manter seu parceiro, o prendendo?Meu coração se acelera e uma vontade de chorar se instala em meu peito, já fui chamado de muitas coisas mas está doeu mais do que todas as outras.
- Nunca precisei manter ninguém preso para ficar ao meu lado.- Começo a dizer, controlando para não gaguejar.- Se quiser ir, a porta da frente de levará a Velaris novamente.
- Ótimo! - Com essa única palavra dele enquanto se vira e volta para sua casa.✨✨✨
- Cara, você está a dias revirando arquivos e buscando informações... Vê se dá um tempo.- Zayd diz se escorando na porta do meu escritório.
- Você sabe que não posso parar...- Resmungo enquanto tomo um gole de café e arrumo o óculos em meu rosto.
- Irmão, eu estou contigo desde a Guerra Rubi... Eu te conheço seu cretino.- Responde ele entrando no escritório e se apoiando na minha mesa.- Vamos, pare de se afogar no trabalho por estar magoado, ele foi um babaca mas revirar dados e hackear sistemas não vão ajudar.
- E o que vai ajudar? - Falo cruzando os braços e o encarando.
- Vamos fazer uma caçada... Chegou uma leva de criminosos. - Diz com um sorrisinho voraz. - Vamos reunir a turma e brincar com eles na floresta proibida.
- É uma uma ótima ideia!- Respondo de forma animada, já me levantando para preparar a caçada, até que Zayd me empurra em direção a cadeira.- Que porra?
- Sabe o que eu lembrei?- Pergunta ele fazendo um biquinho, me fazendo soltar um rosnado. - Segura as presas docinho... Lembrei que estamos em um período de um onda de assassinatos onde você não pode fugir do seu parceiro por ele agir feito um imbecil... Lembra o que aconteceu da última vez? Ainda temos a cicatriz.Reviro os olhos e volto ao trabalho após ele ter ruído a minha alegria.
- Vamos docinho...- Diz suspirando.- Volte para Velaris, se quiser dar um gelo nele lá, ok. Mas aqui você sabe que vai se afundar em trabalho, lá você tem ele para te irritar.
- Você me irrita.- Digo a ele.
- Sim, mas eu sei manusear uma arma de fogo e posso atirar na bunda dele se precisar. - Solto uma risada alta enquanto imagino a cena. - Esse é o meu docinho, agora vá infernizar seus parentes enquanto eu salvo o seu traseiro daqui.
- Vá se foder.
- Mais tarde docinho, foda depois do trabalho... Agora some daqui.Essas são as últimas palavras de Zayd que escuto enquanto sinto aquele puxão característico das linhas temporais.
- Você some por um mês e meio e volta como se nada tivesse acontecido?- Essa é a primeira coisa furiosa que escuto quando chego em Velaris.
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DESCULPA A DEMORA ESTRELAS!!
Oi amores, desculpa a demora do capítulo...Vou postando conforme a faculdade e a vida de adultinha me permite.
Temos personagens novos na história, Zayd tem muita coisa para contar aí!! Aproveitem esse capítulo, logo logo eu volto ✨🍷💞
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Corte do Caos
FanfictionO caldeirão sempre teve a péssima mania de brincar com o destino das pessoas, e ele me deu um laço de parceria que se tornou a minha maldição... O herdeiro da Corte voltou, e ele tomaria tudo que foi tomado, custe o que custar. Bem-vindo a Corte...