CAPÍTULO VI

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Clara deixou a pista de dança acompanhada de seu parceiro, um cavalheiro, deveras simpático, tinha que admitir, que havia lhe conduzido animadamente naquela quadrilha, e que logo em seguida a conduziu até, mais uma vez, à companhia dos seus, mas que antes disso fez questão de expressar de maneira fervorosa o quão grato era por ter tido a honra de acompanha-la naquela dança, sua gratidão foi expressa por um poema que, segundo ele, havia acabado de compor tendo seus olhos como inspiração, mas que Clara podia jurar já ter lido parte daquele soneto em um dos volumes mais famosos da coleção de livros de seu pai.

Enquanto caminhavam por entre a multidão Clara vasculhava os arredores em busca do menor relance de um certo rosto conhecido, mas por nenhum lado o encontrava, nenhuma das faces era a que ela tanto queria.

Logo a frente ela pode ver seu pai que, acompanhado de lorde Crawford, conversava animadamente com algum outro lorde, já planejava cumprimentar o cavalheiro em questão, agradecer seu antigo par pela dança e, pedindo licença, se esquivar do grupo mas quando enfim se aproximaram teve o rosto tomado pela surpresa.

Nem ao menos deu a devida atenção ao cavalheiro ao seu lado que, com uma mesura imponente e bem executava, agradecia sua companhia e lhe questionava sobre uma possível segunda dança, deixou a pergunta morrer sem resposta enquanto analisava dos pés à cabeça a figura bem a sua frente.

Edward sorria sem tirar os olhos de olhos de Clara, já imaginava que essa seria sua reação diante de tal surpresa.

— Mi lorde, gostaria de lhe apresentar minha primogênita, esta é Lady Clara Wood!

Edward se virou, olhando Clara nos olhos e com um sorriso de vitória nos olhos.

— Lady Clara então, é um prazer conhece-la senhorita! — Ele se abaixou com as mãos nas costas em uma mesura perfeita e Clara em imediato o correspondeu com a mesma reverência.

— Este é Lorde Edward Kilmar, Duque de Cambridge.

Por um segundo apenas Clara perdeu o equilíbrio e um pouco da compostura, se erguendo em seguida com um olhar um tanto indignado em seu rosto.

— Duque? O senhor é um duque?

— Algum problema com meu título senhorita Wood?

Um sorriso brotou em seu rosto no mesmo instante, um misto de clareza e indignação. — Confesso que tenho algumas ressalvas vossa graça, o último duque que conheci tinha modos uma tanto animalescos!

— CLARA?! — Repreendeu seu pai com os olhos arregalados. — Eu peço desculpas vossa graça, minha filha é um tanto brincalhona, mas geralmente seus modos são primorosos!

Edward compreendeu de imediato aquela frase, seu real significado apenas poderia ser compartilhado entre os dois.

— Não se preocupe com isso, tenho certeza que lady Clara sabe muito bem se comportar, mas de certo modo até concordo com ela em partes, alguns duques tem mesmo péssimos modos, não duvido que cheguem a latir! — Ambos sorriam pela cumplicidade daquele comentário deixando lorde Wood um tanto desconcertado. — Estava conversando com seu pai sobre a beleza dos jardins de Lady Harden, soube que tem um estilo francês interessante, a senhorita por acaso não gostaria de me acompanhar em uma breve caminhada? — Os olhos de Clara brilharam em contentamento apenas por aquela possibilidade. — Se seu pai nos der sua permissão, é claro!

Lord Wood nem ao menos cogitou o contrário, nunca faria uma desfeita desse nível a um duque, principalmente a um duque solteiro, de muito boa índole e reputação ilibada como era fortemente disseminado entre os membros da alta sociedade, tão pouco deixaria que Clara o fizesse, não lhe dando a menor chance de negar o convite e já os direcionando, junto a lady Crawford, a uma das saídas.

Pelo amor da minha duquesaOnde histórias criam vida. Descubra agora