CAPÍTULO VIII

19 2 0
                                    



Clubes de cavalheiros, que não eram clandestinos, e voltados para a alta sociedade eram sempre mais do mesmo, wisques e charutos caros, cartas, apostas, bajulações e discussões acaloradas sobre cavalos, caças e fortunas.

Sentado a uma mesa um pouco afastada e com uma nuvem de fumaça pairando sobre si, Edward observava os demais cavalheiros a sua volta cada um com seu copo e seu charuto, como era de costume, alguns jogavam, conversavam, e outros como ele, apenas observavam os demais enquanto pareciam aguardar por algo, ou alguém.

Depois de acompanhar Clara e sua dama de volta para casa, Edward tratou com lorde Wood de encontra-lo no clube naquela mesma noite para discutirem alguns detalhes sobre sua união repentina, mas já próxima, com lady Clara.

Enquanto aguardava foi obrigado a se sentar afastado dos demais para evitar as conversas que certamente tentariam ter consigo, não queria estragar o bom humor adquirido naquela tarde, com conversas maçantes regadas a bajulações e tentativas de ostentações, tudo que queria era degustar seu wisque enquanto aguardava a chegada de lorde Wood.

Mas, para sua infelicidade, sua tentativa estava prestes a falhar, um antigo colega de escola, alguém pouco significante para ele, já caminhava em sua direção com o olhar fixo na cadeira livre bem a sua frente.

— Que bons ventos trazem o duque de Cambridge de volta para nosso meio, acaso se cansou da monotonia do campo vossa graça?

— Lorde White, — saudou Edward em um gesto de cabeça. — de forma alguma, na verdade pretendo me manter em Londres o mínimo possível.

— Pois já que sua passagem será assim tão curta me permita ter um minuto de sua atenção. — Ele apoiou as mãos na cadeira vazia que ali estava, e Edward agradeceu, ainda que mentalmente, por ele não ter se sentado.

— De fato poderei lhe ceder apenas um minuto Evernot, estou esperando alguém. — Ele disse sem dar uma grande atenção àquela figura.

— Serei breve, lhe garanto. Já que nos conhecemos de longa data e em nome dos velhos tempos em Eton devo pedir-lhe que reavalie seus atos da noite passada e chegue por conta própria à conclusão de que não condizem com o que se espera de um lorde, ainda mais um de vossa estirpe.

Edward e Michael nunca foram amigos de fato, frequentaram Eton no mesmo período mas pela diferença de idade nunca estiveram na mesma turma, Edward era um ou dois anos mais velho e por isso nunca chegou a se relacionar de verdade com Michael, a não ser, é claro, pelas brincadeiras e os trotes comuns na escola, nada excessivamente nocivo, pensava Edward, apenas de um certo mal gosto, tinha que admitir.

— E quais atos seriam esses. — Edward o olhou sem de fato entender sobre o que estava falando.

— Se insiste mesmo que eu diga, não é uma conduta apropriada acompanhar uma dama desacompanhada em um passeio no jardim, ainda mais quando essa mesma senhorita está prometida a outro.

— Ainda não sei do que fala Evernot. — Ele bufou, perdendo gradativamente o bom humor e a paciência de antes.

— Serei direto então vossa graça, não julgo apropriado que tenha tamanha proximidade com uma jovem comprometida, minha prometida para lhe ser mais específico, e espero que não volte a fazer.

— E quem seria sua noiva?

— Lady Wood. — Ouvir aquele nome em meio àquela conversa soou para Edward como uma ameaça, não permitiria que ninguém ao menos cogitasse lhe tirar Clara.

— Não sei quantas ladies Wood estão participando dessa temporada, mas posso lhe garantir que a senhorita com quem estive ontem a noite, a mesma jovem que acompanhei em uma visita ao jardim, como bem pontuou, não está comprometida com o senhor.

Pelo amor da minha duquesaOnde histórias criam vida. Descubra agora