Capítulo 42

1 1 0
                                    

Alguns dias depois do tão marcante evento, Harry estava finalmente arrumando as malas para a viagem de volta ao Brasil que aconteceria na madrugada desse mesmo dia.

Depois de Desmond ser levado pelos policiais, a família teve que o acompanhar para prestar os depoimentos, se despediram dos convidados e ignoraram a imprensa, indo diretamente aos carros.

Mesmo com a ligação que Gemma fez à polícia estando gravada, precisavam do depoimento presencial e verificar as provas em vídeo. O processo todo levou em torno de três dias, Anne fez questão de fazer o possível para agilizar o processo e ver a si e seus filhos livres desse passado horrível e olhar somente para o futuro.

Com a mala pronta, foi até o quarto que a irmã estava utilizando e a encontrou em uma conversa animada dela com o marido.

- "Cunhado! Finalmente vão voltar para casa hein, já estava na hora, tô morrendo de saudade de vocês" - Vic estava animado, quase chorando só de saber que sua esposa e amigo estavam voltando

- Pode falar Vic, diz que tá com mais saudade de mim, a Gemma supera - Brincou e riu quando o homem riu alto da cara que Gemma fez

- Antes que vocês se declarem aqui na minha frente, nós temos que ir amor, o vôo é daqui algumas horas e eu tenho que terminar a mala

Despedidas feitas, Harry começou a ajudar a irmã com o que faltava e não conseguiu evitar pensar no que esperava por ele no Brasil.

Falava regularmente com Selena, uma ótima amiga e confidente, às vezes com Taylor que lhe dizia como estava tudo por lá, e Niall, quem fazia uma festa há cada ligação.

Mas a pessoa que ele mais queria, ele planeja falar pessoalmente.

Poucas horas para o embarque, Anne os levou até o aeroporto e todos garantiram que não era uma despedida, vão se falar sempre e marcar de se verem quando possível, sem mais restrições.

- Tudo ficou bem, mamãe - Harry sussurrou olhando nos olhos verdes da mulher, que lacrimejaram logo em seguida, a obrigando a puxar o filho para um abraço apertado e esconder o rosto no peitoral do rapaz, não demorando para puxar Gemma também

Era isso, Harry estava indo para casa.

...

Antes, no começo de tudo isso, a cabeça de Louis estava tão barulhenta que a única maneira de aliviar um pouco era passando tudo para o papel.

Sempre foi seu porto seguro, sua válvula de escape.

Tinha uma letra pronta já fazia semanas, a melodia não saia da sua mente, principalmente depois de tudo que assistiu na casa de Selena dias atrás.

Louis não nega que seu coração se aliviou um pouco com todas as descobertas e desfechos, mas não anula o fato de que não teve direito de decidir algo que afetaria sua vida também, lhe foi negado isso, e mesmo que tenha sido para o proteger e afins, acredita que os meios não justificam os fins.

Ainda estava magoado, muito.

A pessoa que ele amava e que mais confiava, sumiu do dia para noite, sem nenhuma explicação, apareceu assumindo um relacionamento com outra pessoa e o bloqueou em todas as redes sociais, e isso citando pouco.

E lá estava ele de novo pensando e pensando em tudo. Ele precisava escapar de si mesmo, de novo.

A casa estava vazia, as meninas na faculdade, gêmeas na escola e os gêmeos ficavam mais com Dan, era o momento perfeito para finalmente vocalizar a música que tinha escrito. Pegou seu violão e as partituras e foi lá para fora, tinha uma árvore grande ao lado de sua casa, se sentou de costas para a rua e se permitiu ter esse tempo.

Essa eu fiz pra nós dois bêbados
Dançando numa festa de gente rica e sem graça
Essa eu fiz pra toda letra do Cazuza
Que eu decorei porque cê disse que gostava
Essa eu fiz pra sua mãe só porque ela é tão linda
E sempre sabe o que dizer
Essa eu fiz pras tuas quedas na calçada, tua risada alta
Essa eu fiz pra você - Começou, os olhos fechados, os dedos percorrendo as cordas do violão com calmaria, um sorriso mínimo o acompanha

Eu já tinha desistido de mim
Minha vida é sempre assim (é)
Eu tenho a minha fama de sofredor
Então não conta pra ninguém (shh)

Mas essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor

Essa eu fiz pro nosso amor

Essa eu fiz pra Alameda Três
Pra Avenida São João, cada lugar que a gente se beijou
Essa eu fiz pra minha jaqueta jeans
Pra minha blusa do Taz, toda roupa que você tirou
Essa eu fiz pra todo show lotado em que eu perdi a letra
Porque eu pensei em você
Essa eu fiz pra cada estrela linda
Que por baixo da língua você me fez ver - As memórias o invadiam, ele se sentia exposto por alguma razão, seu sorriso se transformado em uma careta

Eu já tinha desistido de mim
Minha vida é sempre assim
Eu tenho a minha fama de sofredor
Então não conta pra ninguém (shh)

Mas essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor

Essa eu fiz pra cada passo nosso
Cada dia lindo da nossa história
E sendo essa sobre o nosso amor
Há também de ser do dia em que cê foi embora
Sobre minha blusa do Taz desbotada
Sobre sua mãe tão muda quando eu ligava
Sobre eu bebendo sem você do meu lado
Sobre eu chorando quando toca Exagerado - Sentia seu rosto molhado, mas não fez esforço nenhum para limpar as lágrimas

Eu já tinha desistido de mim
Minha vida é sempre assim (é)
Eu tenho a minha fama de sofredor
Então não conta pra ninguém

Mas essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor, oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Essa eu fiz pro nosso amor

Quando enfim terminou, pôde abaixar o rosto e o secar com o dorso da mão, suspirando alto, ele ficaria mais tempo ali, talvez só cantarolando ou quem sabe o quê, mas um soluço engasgado vindo atrás de si o fez se virar um tanto assustado.

E foi o momento em que achou estar finalmente louco.

Harry estava ali. Seu Harry.

Seu rosto estava vermelho e mergulhado em lágrimas, o lábio inferior tremendo, talvez para segurar o choro, os olhos que tanto amava estavam quase cristalinos.

Ele parecia frágil, prestes a desabar.

Seus olhos pareciam imãs, impossíveis de se afastarem do outro, porra, estavam com tanta saudade...

- Harry... - Não passou de um sussurro, mas precisava confirmar que não estava alucinando

- Oi, Lou... - Deu um passo em direção ao mais velho, e Louis pareceu ter um choque de realidade, piscando os olhos rapidamente e se levantando - Podemos conversar? - Perguntou meio receoso

E, bom, quando foi que Louis conseguiu lhe negar alguma coisa?

This One I Made For Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora