- RILEY, Simon;
Depois do recebimento dos suprimentos, Alejandro acabou tomando uma facada de um moleque aliciado pelo Cartel. O comboio parou em uma rua bloqueada por populares nervosos que cercavam dois corpos estirados no chão, cobertos por lençóis ensanguentados. O garoto de mais ou menos 15 anos pulou do meio da multidão, e segundo Alejandro, estava sozinho. Deixou tanto a equipe quanto o restante da população presente confusos. Ninguém ao redor o conhecia, e se conhecia preferiu fingir que não.
Uma tentativa isolada, muito esquisita. Quem quer que tenha enviado aquele garoto sabia que ele jamais conseguiria matar Alejandro. Aquilo era um aviso.
- Ele deu a entender que conhecia você? Disse alguma coisa? - pergunto, observando o Coronel limpando o corte na pia com um trapo úmido.
- Ele tentou me enfiar uma faca... - Alejandro fala, enxugando o sangue que continua brotando da pele lesionada - Meu palpite, é de que talvez conhecesse. Mas não disse nada e depois, não poderia dizer, apagou com uma unidade de soco no nariz. Me disseram que não acordou até agora -
O corte era superficial no braço esquerdo, um risco longo e reto. Vargas limpa a garganta e analisa o ferimento com cautela, forçando o próprio bíceps para enxergar de um ângulo melhor. Segurava a camisa embolada nas mãos, e então a estende sobre encosto da cadeira.
Começo a me arrepender de ter ficado na guarda.
- Disse que ele era praticamente uma criança... Deve ter desfigurado o nariz dele.
Alejandro pega uma das ataduras que preparou no balcão da pia, posiciona o tecido limpo sobre o corte, começa a enrolar o ferimento de um modo que eu pessoalmente não faria.
- Ele era. Mas eu vi nos olhos dele, que estava com raiva. O tipo de raiva que apenas homens conseguem sentir... Você entende? Ódio verdadeiro, olhando pra mim e só pra mim - explica de um jeito que beira o poético, finalizando um nó rude e mal feito no curativo improvisado - Cacete, eu posso pegar tetano. Onde será que esse moleque enfiou essa faca antes? -
Comenta com um desgosto trivial, mas eu me apresso em tratar do outro assunto que vinha elaborando durante a manhã. O motivo pelo qual preferi ficar.
- Coronel... Aquela garota, Almazia - começo devagar e cauteloso. Ele sequer levanta o olhar, continua cutucando o curativo.
- A Alminha, você já a conheceu? - pergunta distraído, ainda remexendo aquela atadura mal amarrada - É neta de dona Salvatierra, a velha está doente, não pode sair de casa -
O carinho explícito ao mencioná-la me faz recuar, e pensar em outras formas mais sutis de tocar neste assunto.
- Você acha seguro deixá-la tão próxima?
É aí que o Coronel ergue os olhos.
Há uma cetelha de perplexidade na expressão que ele me dirige. Ajeita a postura e fraze o cenho com estranhamento, já não se concentra mais na atadura.
- Qual é a questão, tenente?
Suspiro tranquilo.
- A questão é: o senhor acha seguro deixá-la tão próxima? - repito, tentando não soar tão imprudente quanto a frase sugere.
- Você suspeita dela?
- Na pior das hipóteses.
- Confie no meu julgamento tenente, Alma não é alguém com quem deva se preocupar.
- Ela era namorada de um membro do Cartel.
Ele me lança um olhar genuinamente surpreso.
- Você a investigou?
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Hirviente. | simon ghost riley.
Fanfiction- "Aquela menina de vinte anos, que transita num piscar de olhos entre uma mulher de trinta e um velho de sessenta. Não sei em que ponto da vida tão curta ela virou essa mescla. Não sei em qual ponto permiti que ela entrasse..." [OC×Simon 'Ghost' Ri...