finest hour | part. 1

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NOTAS: confesso que ando meio emputecida com a minha própria escrita, mas vai passar. Eu resolvi estender a história em mais alguns capítulos, mas tudo tem um propósito.

E se vocês forem no meu perfil AGORA, vão encontrar uma prévia do projetinho com o König. Beijos.

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Mary, você me faz
querer ter você

toda vez que eu te vejo, é
como se fosse a primeira vez

fragrância como uma flor
sutil e doce demais

sedutora e tanto faz, pode
muito bem ser uma sereia

como meu gênio em
uma garrafa

a senhorita podia me deixar rico
como uma modelo de revista

antes que você perceba
ela o leva para um passeio

fresca e madura
pele como ouro de Acapulco.

Sadevillain.

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Manchester.

— Alma;

As primeiras semanas foram as mais difíceis.

O apartamento de Simon era um lugar cinzento e sem vida, de paredes brancas e superfícies de porcelana que refletiam impessoais sobre as luzes opacas. Não havia qualquer resquício vívido dele para me agarrar naquele lugar insosso. Um enorme sofá sem almofadas, uma mesa de centro sem decoração, um abajur branco solitário e pesadas cortinas pretas de veludo. Não haviam fotos nas paredes, nem mesmo porta retratos.

A única coisa que me permitia saber que ele um dia esteve ali era a quantidade absurda de livros empoeirados escondidos nos cantos da casa, e os seus vinis guardados no hack embaixo da televisão. A primeira semana foi como uma caça aos ovos de páscoa: um exemplar de A Divina Comédia em cima da geladeira. O calhamaço de Os Miseráveis estava largado na bancada do banheiro enorme, e entre os travesseiros da cama tinha um Crime e Castigo escondido. Fora a pilha enorme de outros variados livros escondidos embaixo dos sofás: Anna Karenina, Noites Brancas, A Odisseia, O Príncipe, Dom Quixote, Werther, Baudelaire, Rimbaud, O Lobo da Estepe, Fitzgerald, Hemingway. Tinham livros por toda a casa, menos nas estantes.

Simon era um ávido leitor de clássicos.

Quando vim do aeroporto para cá achei que ficaria enfurnada em casa até que ele pudesse vir. Me surpreendi quando descobri que Simon não só me manteria entretida, como tinha planejado um itinerário turístico completo, de forma que eu quase nunca estava em casa ou entediada.

Saí quase todos dias para rodar por Manchester e Londres na companhia de Marion, sempre no Rolls Royce preto, o qual ela me explicou que tem autorização para descumprir regras de trânsito porque é um veículo do governo. Descobri até que o carro se chama Ghost, e dei risada disso. Fui à Albert Square, à galeria de arte, e à Shambles Square que mais se parecia um bairro medieval, cheio de casinhas bonitas. E quando os roteiros próximos acabaram, ele começou a planejar viagens para o interior. Era como um sonho. Jantava com Marion em restaurantes caros de luzes mornas e acolhedoras, e tomávamos café em mesinhas de ferro ornadas em bistrôs na beira das calçadas.

Hirviente.  |  simon ghost riley.Onde histórias criam vida. Descubra agora