the last day.

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Eu apenas me apaixonei
por uma guerra

Que ninguém me contou
que tinha acabado

E isso deixou uma pérola
na minha cabeça

E eu livre na minha mente
todas as noites

Só para observá-la brilhar
todas as noites, meu amor

E é pra lá que eu vou

- A Pearl.

ALGUNS DIAS DEPOIS.

Fizemos o mercadinho hoje, se é que podemos chamar aquele supermercado sem graça de mercadinho. Os mercadinhos na América Latina são muito melhores.

Compramos coisas essenciais e outras que nos fizeram ter ideias. Simon jurou que sabia fazer um ótimo pão, misturando técnicas israelenses e até francesas. Então decidimos que fariamos pão juntos para o jantar, e era o que estávamos fazendo.

Era um trabalho em conjunto.

As mãos de Simon e as minhas, unidas num trabalho cooperativo de apertar a massa do pão que estávamos fazendo. Eu me faço um pouco inocente, e finjo não perceber as más intenções dele naquele processo, as mãos enormes massageando as minhas, deslizando por cima das minhas para que seus dedos se encaixassem entre os meus, fechando num aperto controlador. Seus quadris e peito colados aos meus, me prensando junto ao balcão. Aquela respiração lenta, pesada e bem próxima ao vale do meu pescoço...

O pão era simples, e acompanharia o spaguetti que teríamos para o jantar. Mas tenho quase certeza de que o jantar sou eu, tendo em vista que apenas Simon está autorizado à beber vinho dessa vez.

- Quer um pouco mais de farinha...? - ele pergunta num sussurro gutural, inclinando-se sobre mim para alcançar o meu ouvido. O calor que sopra dos seus lábios esquenta a lateral do meu rosto.

- Por favor, ainda não chegou no ponto - respondo, meio suspirado. Sentindo-me febril.

Simon lentamente afasta sua mão da tábua onde eu aperto a massa, pega um pouco de farinha entre os dedos no saco deixado de lado no balcão.

- Deixa eu pôr - ele pede, e eu imediatamente afasto minhas mãos da massa do pão.

Ele joga a farinha com jeitinho, como se fosse uma pitada de sal, para logo em seguida acertar um tapa de mão cheia na massa molenga e apertá-la com força. Eu pisco freneticamente, prendendo a respiração.

- A massa só fica rígida se você massagear rápido e com vontade, entende? - ele murmura, apertando a massa branca e mole com mais vigor do que eu, e eu vejo todos os músculos e veias de seu antebraço e mãos trabalhando. Sinto a ponta de seu nariz roçar contra a minha orelha, para cima e para baixo, e ele funga - Eu posso terminar isso, se você preferir -

- Talvez seja melhor deixar a massa descansando... - sugiro.

- Talvez. - ele sopra. Alguns segundos em silêncio de passam, eu encaro o tampo do balcão sem coragem para tomar reação, não havia espaço para olhar por cima dos ombros pois seu corpo se encaixava ao meu perfeitamente e não me deixava espaço, me engalfinhando em seus contornos rijos. Mas diferente do que penso, ele volta a falar - Não se mexa -

Simon se afasta, mas não completamente, e eu permaneço imóvel ali. Ouço o barulho da torneira aberta, o que logo em seguida se interrompe. Poucos milésimos antes dele retornar para a exata posição em que estava, mas desta vez, sua mão lavada e livre dos resquícios de farinha se aproxima do meu cabelo, afastando-o da minha nuca para o lado. Simon tira as mechas e expõe meu pescoço delicadamente, selando seus lábios lentos e quentes em minha pele. O som é doce, pequenos estalos que se estendem à medida que nossas carnes se tocam. Um beijo, o levante de um exército, minha pele é varrida por um arrepio súbito.

Hirviente.  |  simon ghost riley.Onde histórias criam vida. Descubra agora