À muito custo, Angelina conseguiu dormir, acordando alguns minutos depois, mortalmente assustada com um chacoalhar intenso.
Meu Deus, o avião estava caindo!
Seu coração batia a mil, parecia que ia sair pela boca e suas mãos tremiam à medida que Angelina tentava entender o que acontecia naquele pavoroso momento.
Era impressão sua ou era de fato a única apavorada com a situação ali? Ao que tudo indicava, sim, pois não era possível ver ou ouvir qualquer agitação por perto. Um bom exemplo deste fato era a mulher de meia idade, de cabelos estranhamente amarelados, sentada no assento do corredor da aeronave, que continuava concentrada numa famosa revista de moda.
Gente bizarra!
O avião está caindo e todos estão numa boa!- Lina baby. - Luke disse ternamente. - Calma, respira. - aconselhou, segurando-a pelos ombros, enquanto a jovem continuava tremendo e balbuciando que iriam morrer. - Calma, é apenas uma turbulência. - concedeu um pequeno sorriso. - Acontece o tempo todo, é normal. Respira.
De repente, como se estivesse em sintonia com as palavras do amigo, o balançar frenético parou, dando lugar ao ritmo habitual do voo. Não demorou para que a voz do comandante se fizesse ouvir, explicando calmamente que havia sido apenas uma turbulência em algum ponto do Oceano Atlântico, que conseguiram vencer sem quaisquer prejuízos ou danos a continuidade do voo.
- Eu não disse? - Luke sorriu, apertando carinhosamente a mão de Angelina.
Só então ela pôde voltar a respirar normalmente, mas demorou a ficar calma em totalidade outra vez, pois não era somente a perspectiva de quase morrer num acidente aéreo que a preocupava.
Ela e Luke estavam cada vez mais próximos do destino final daquela viagem, e só de pensar que, em menos de quatro horas ela estaria pisando em solo norte-americano, conhecendo a família do melhor amigo, sentia uma espécie de pânico. O que os Schroeder pensariam?
Angelina temia que os Schroeder de alguma forma, rejeitassem-na. Sim, pois se nem suas próprias tias a quiseram por perto além do que julgaram necessário, o que Angelina podia esperar de uma família, que, até onde ela sabia, não aceitava as escolhas pessoais do próprio filho mais novo? E se, ao invés de ajudar, sua presença atrapalhasse a reconciliação de Lucas com os pais e o irmão mais velho? Se tudo aquilo fosse um erro? Se...
- Lina. - Luke falou de repente, a tirando de seus devaneios nada otimistas. - Já te falei umas mil vezes para não fazer essas caretas. Que horror, isso dá rugas! - pôs as duas mãos no próprio rosto, suspirando pesado, soando mais gay que o habitual. Seria muito engraçado se não fosse tenso.
- Fale-me sobre sua família - pediu meio nervosa, ajeitando-se no assento. - Por favor, dê-me o máximo de informações possíveis para que eu não me sinta tão perdida quando chegar.
O rapaz fez uma pequena e ligeira careta, se recompondo rapidamente.
- Meus pais estão na casa dos sessenta anos. Ambos estão aposentados. Papai, junto com tio Calum, que Deus o tenha, fundou a Schroeder Inc Imóveis, no final dos anos 70. Ele foi diretor geral até uns cinco anos atrás, quando decidiu se aposentar. Atualmente, meu irmão mais velho é o grande chefe de tudo por lá. - fez uma pausa antes de prosseguir: - Papai tinha esperanças de que como meu irmão, eu estudasse Administração, Arquitetura, Engenharia Civil ou alguma coisa do tipo e trabalhasse na empresa. Dá pra me imaginar envolvido em qualquer coisa assim?
Não, não dava. Angelina negou com a cabeça.
- Pois é. - Luke assentiu. - Não ia e nem vai rolar mesmo - riu antes de continuar: - Então quando decidi fazer Interrailing pela Europa, com alguns amigos, no final do ensino médio, ele ficou louco.
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Décimo Mandamento
Literatura KobiecaLiam Schroeder passou exatos 33 anos de sua vida longe de até mesmo pensar em desobedecer ao mandamento que está bem claro nas escrituras "não cobiçarás a mulher do próximo", no entanto, desde a primeira vez que pôs o olhar em Angelina Blagorodna, o...