Assustadoramente, os únicos sons que Angelina conseguia ouvir naquele momento em que Liam encarava quase obstinadamente hipnotizado, seus lábios entreabertos, eram as fortes batidas do próprio coração e o ofegar de sua respiração cada vez mais falha. Não seria de se admirar se, a qualquer momento, ela fosse acometida por uma síncope ou mesmo um ataque. E não seria nada bonito. Repreendeu-se como pôde, em pensamentos: Tenha modo, mantenha-se firme, não desmorone feito uma garotinha indefesa.
Todo aquele nervosismo era, sem dúvida alguma, uma reação extremamente exagerada, pois um beijo era apenas um encostar de lábios, uma dança entrelaçada de línguas. Mas, de um jeito que não sabia explicar de onde vinha aquele pensamento tão cheio de certeza, ela sabia que com aquele homem não seria apenas isso. Seria muito mais. Um beijo seria apenas o início de algo que nem remotamente Angelina estava preparada para lidar, sentir, viver!
Felizmente, em dado momento, quando Liam estava cada torturante milímetro mais perto de encurralá-la, Angelina conseguiu levar um pouco de ar para os pulmões, aliviando a tonteira que ameaçava dominá-la. Mas não foi capaz de evitar sentir o calor do hálito masculino batendo forte contra seus lábios trêmulos.
— Shh... Eu não vou devorá-la. — ele sussurrou; os olhos brilhando de tal forma que fez a jovem se arrepiar inteira; havia malícia, deboche, uma espécie de fome e também desafio, tudo misturado, o que dificultava entender o que de fato ele queria, o que ficou evidente ante as próximas palavras proferidas: — Claro... — deu um pequeno sorriso maldoso. — Farei isso apenas se... — passou a língua vagarosamente pelos próprios lábios, como se saboreasse tudo que lhe saía pela boca naquele infinito momento: — Você quiser. — ainda sorrindo, perguntou: — E você quer, não é mesmo, querida cunhada? — enfatizou as últimas palavras aproximando os lábios dos alheios.
Oh.
Meu.
Deus.
Ele vai mesmo me beijar!
Isto não pode acontecer!
— Pare! — Angelina o empurrou de modo violento, fugindo do cerco, antes que os lábios de ambos se tocassem, nadando para o mais longe possível.
— Nossa — ele zombou sorrindo de modo quase diabólico. — Quem ouvi-la e vê-la neste estado vai pensar que eu a ataquei.
Aliás, na percepção de Angelina, Liam Schroeder era mesmo diabólico, pois só uma pessoa com pensamentos tão malignos faria uma maldade daquelas com uma visita, ainda mais sendo a namorada do próprio irmão!
O que diabos aquele maldito homem estava pensando?
Que espécie de prazer deturpado era aquele?
Será que não tinha nada melhor para fazer além de infernizar a vida de Angelina?
O próprio Liam, futuramente, iria despender de muito tempo, pensando em tais questionamentos, negando-se a conceder respostas francas porque não iria querer confessar, nem pra si mesmo, que estava sendo equivocado, impertinente e um tanto abusivo com quem não merecia. Mas por enquanto, ele estava se dando ao luxo de levar aquilo tudo na esportiva, como se fosse uma brincadeira. Nem que fosse de mal gosto, como Angelina estava fazendo parecer que era.
Pra que tanto mau humor?
Ele quase verbalizou audivelmente, mas conseguiu conter-se, e esperou pelas próximas atitudes da sua agora, visivelmente chateada cunhada.
Já fora da piscina, Angelina sentiu-se invadida por uma forte onda de alívio e também ousadia, não pensando duas vezes antes de se virar para encarar o homem perturbadoramente lindo, que sorria de modo cínico, da carranca feminina como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Talvez até fosse. Ela já tinha ouvido falar de homens que gostavam daqueles tipos de joguinhos. E ao que tudo indicava, até agora, Liam daquele tipo.
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Décimo Mandamento
ChickLitLiam Schroeder passou exatos 33 anos de sua vida longe de até mesmo pensar em desobedecer ao mandamento que está bem claro nas escrituras "não cobiçarás a mulher do próximo", no entanto, desde a primeira vez que pôs o olhar em Angelina Blagorodna, o...